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domingo, 5 de junho de 2011

Kierkegaard X Platão: Jafar Panahir


Nas migalhas filosóficas Clímacus(Pseudônimo de Kierkegaard) propõe uma investigação do modelo grego e do modelo cristão de apreensão de verdade. No primeiro modelo o Mestre é a ocasião, já que a verdade se encontra adormecida no homem, bastando que a desperte através de "perguntas certas". O Instante que isso ocorre não é decisivo, logo este Instante é reabsorvido no tempo. Tal Instante ocorre em um movimento de acesse que eleva o discípulo num dado grau inferior para o superior.

Num certo sentido esta teoria denominada de "Reminiscência" na filosofia socrática/platônica, abre espaço para uma dimensão de subjetividade nos gregos, talvez, tal termo seja inadequado e pareça até equivocado ou mesmo anacrônico. Contudo Michel Foucault, já contrariava toda uma tradição filosófica e apontava certa dimensão no indivíduo grego, apesar dos gregos confundirem sua identidade com a do Estado, ou seja, não há formação de uma identidade privada sem o Estado,ou ainda o individuo era formado para o Estado. mas isso é outra conversa!

No modelo teórico experimental apresentado por Clímacus, o Discípulo não possui a verdade em si, ela está apartada dele. Só o Mestre é capaz de proporcionar as condições e levar verdade ao discípulo, ele sozinho nada encontrará, ou seja, não há condições de possibilidade para o homem encontrar a verdade por seus próprios esforços, ele estará sempre condenado no mundo, só quando o Instante for Decisivo, quando o eterno irromper no tempo, ele poderá assim encontrar a verdade, é por isso que o modelo cristão é um escândalo para a razão , um paradoxo, uma loucura, está fora do movimento lógico da ascese platônica, pois o movimentodo mestre do cristão é de esvaziamento e rebaixamento, pois, no Instante ele apresenta-se como um igual , ou seja, a verdade que é eterna, precisa alcançar o homem numa dada temporalidade e se apresenta em condições de igualdade com a não-verdade.
Tal discussão sobre a verdade e a apreensão dela me levou a fazer uma certa leitura do filme o "O Espelho" do Iraniano Jafar Panahir, que na minha modesta opinião celebra um seleto clube de gênios contemporâneos do cinema. Neste filem absolutamente inquietador, sobre uma menina que se perde ao tentar encontrar o caminho para casa, depois que sua mãe não vai buscá-la na saída da escola e passa por uma verdadeira odisséia na tentativa de reencontrar a sua casa. O diretor numa dada altura do filme começa a questionar a validade de sua denuncia enquanto portador da verdade deixando para os espectadores a dúvida, não quero estragar a surpresa do filme aqui, mas posso adiantar que mesmo que ele proponha ao espectador a decisão se o que mostra é ou não verdade. Necessário, aqui, lembrar que ele conduz o filme do inicio ao fim, a verdade está nele queiramos ou não, portanto, cabe a nos decidirmos se ficamos com ela ou não. E tal decisão é dada também por ele, então fica a pergunta: a verdade é algo que está em nós ou é mesmo algo decisivo no tempo e levada a nós por um mestre?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Hoje acordei com D. W. Griffith.



Quando acordei o dia estava chuvoso. Chovia lá fora. Abri a janela e senti um leve frio.

Lembrei que estava em dívida com um filme: A Inocente Pecadora(1921) de D.W. Griffith. Não deu outra sentei na cama e coloquei o filme no aparelho de DVD.

Ultimamente tenho me ocupado a ver os filmes que concorrem ao Oscar 2011, pois como todos sabem sou daqueles que ainda conserva o mau hábito de prestigiar essa premiação. Bem, diante de tantas obras medianas que estão no pário esse ano, nada como um autêntico e potente filme americano, carregado de ideologia e consolidando um modo hegemônico de narrativa fílmica.

A Inocente Pecadora é um filme absoluto , desde a narrativa com a magnífica montagem paralela e com o sistema melodramático estrutural, com uma direção perspicaz, ousada, desafiadora e revolucionária de Griffith, atuações dignas e impressionantes. Lilian Gish se tornando o primeiro mito fêmeo da história do cinema, sequencias alucinantes como a do rio congelado e um roteiro pra lá de atual.

Impactado depois da excelente sessão, fui tomar um banho e comer miojo com pimentão.

Bom dia....

Jt

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Como estrelas na Terra...


Acho no mínimo engraçado como usamos cada um a sua maneira, esse nosso ponto REAL de encontro. É verdade que pouco comento sobre meus dias e sensações de um modo mais explícito. Mas é claro que qualquer palavra que aqui escrevo reverbera EXATAMENTE o que sinto ainda que de um modo não-dito. Dentre muitas coisas que nesse mundo me entristece está esse meu sentir-para-dentro que se mostra para os insensíveis como coisa-vazia. Mas bem sei que para os sensíveis, ou melhor, para os que povoam esse espaço aqui, a coisa-não-dita está esganiçada em cada palavra.

Iniciei falando de sensibilidade porque nesse fim de semana aconteceu o que está cada vez mais raro. Me emocionei explicitamente, mostrei as lágrimas. Estive óbvio. Jadson, Rafael e eu assistimos ao filme Taare Zameen Par - Every Child is Special”, ou para melhor entendimento em português: Como estrelas na Terra - toda criança é especial” dirigido, estrelado e produzido por Aamir Khan. O filme conta a história de um menino disléxico incompreendido que os pais obrigam a estudar em um colégio interno por não demonstrar as habilidades comuns a “qualquer criança”, desprezando nele todo o potencial criativo-genial.

As cenas são acompanhadas por uma das trilhas sonoras mais belas que ouvi. Aliás, não pareciam distintas música e imagem. Pareciam uma só coisa. Me emocionei como há muito tempo não havia me emocionado com um filme. O último que me fez chorar fora “A cor púrpura”. Mas desta vez chorei durante quase todo o filme ao ponto de meus olhos doerem. Não sei dizer se é um filme de criança feito pra adulto, ou se o contrário porque na linguagem há, ao mesmo tempo, pureza e denúncia. E há, SOBRETUDO, CORES. HÁ CORES. HÁ SOL E DIAS CLAROS. HÁ VIDA E ESPERANÇA EXPLICITADAS E, MUITO BEM DITAS.

Recomendo a todos.

É revigorante.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Existe o cinema brega?


Alguem já ouviu falar em cinema brega? Bem, se sim ou se não, pode colocar “VIAJO PORQUE PRECISO, VOLTO PORQUE TE AMO” na lista de filmes bregas , mas não pense que o brega aqui referido é aquele pejorativo que alguns gêneros musicais levam de longe tal pecha. O conceito de brega referido aqui é a ideia de pathos, palavra grega que significa exatamente apaixonado e por isso patético, desmedido, algo que o velho Platão considerava uma conduta no mínimo deselegante. Sabe aquelas músicas que ouvimos quando estamos com dor de cotovelo e bebendo muito para esquecer do amor que nos deixou e que no fundo clamamos para que ele volte?. Pois bem, este é exatamente o filme de Marcelo Gomes e de Karin Ainüz e é um filme que já mais passaria nas telas da acadêmia platônica, pois até seu último fotograma ele transpira intensa paixão.

Vi o filme no último domingo da forma mais inusitada possível, em que o comentário “ele só fala e nunca aparece não é?, já estou ficando agoniada!” pode dá uma ideia de quão inusitado foi, mas isso só aumentou a intensidade de como eu via o filme. Filme que me deixava em estado perplexo e de perene ebulição, pronto para explodir em lágrimas, por que sabe aquele ditado “entre a dor e o nada eu prefiro a dor” nunca se justificou tanto.

Narrado por um personagem em off, e que a partir de uma câmera subjetiva nos leva ao interior do nordeste, acompanhamos essa viagem insólita de um geólogo em busca de esquecer uma paixão por uma botânica de cabelos loiros, a qual se reportava carinhosamente como “ galega” e ainda afirmava que formavam o par perfeito, pois enquanto ele escavava pedras, ela colhia flores. Num primeiro momento ele só fala da saudade doida que sentia dela , enquanto passava pelas áridas cidades do interior do nordeste, de sol rachante, poeira sufocante e de pessoas sofridas, mas que apesar de tudo humanas. No segundo momento descobrimos que ele rompeu com a galega e para esquecer embarca numa viagem sofrida. E o calvário ainda é pouco pois ele viaja porque precisa e não volta porque ainda ama!

Para quem viu “ O céu de Suely” e “Madame Satã”, não demora a perceber que é Karin Ainüz que dita o tom do filme. Ele humaniza os personagens numa força estonteante, vide a sequencia em que o personagem se entrega a prostituição, lembrando muitas vezes situações vividas por personagens dos filmes citados. Mas a grande sacada dos cineastas foi o roteiro que se coadunou as imagens capitadas pelas câmeras utilizadas no processo de filmagem de forma brilhante. E ainda fica claro a referencia a cineastas como Eduardo Coutinho, Jean Rouch, Chris Marker e Jorge Bodansky.

Enquanto um “galego” não faz com que eu sinta dor na vida, vou deixando de lado o nada, para recordar para sempre essa pequena obra-prima....


beijos passionais

J.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Kierkegaard e Kubrick



Hoje fui a UFS estudar, tomei um cafezinho e depois de dias fumei um cigarro em homenagem aos velhos tempos.
Lembrei de um carinhoso filme e não menos angustiante por isso, “ Asas do desejo”, no filme um anjo deseja torna-se homem para sentir o prazer da vida e amar uma trapezista de circo, sendo que uma das primeiras coisas que faz quando se torna homem é fumar um cigarro.
Lendo muito sobre Kierkegaard esses dias e nossa como me descubro um apaixonado pelo tema do indivíduo, da alteridade e apesar de estar focando mais na questão ética, não tenho como dizer que a subjetividade ainda é o meu tema favorito no autor de “ As obras do amor” livro que estou a reler.
Assim, sem tempo ultimamente para ler coisas mais literárias, mas consegui ver “ Gloria feita de sangue” do Kubrick e como não podia deixar de ser o dilema moral e ético que transforma o protagonista num solitário no mundo desesperado como sua própria subjetividade me fez pensar o quanto custa caro defender uma posição ética.
Enquanto isso luto avidamente para manter a engrenagem funcionando.........

JT

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Entre a orgia violenta de Rubem Fonseca e o dilema politico-moral de Eloy de la Iglesia


Já vi quatro obras do esquecido diretor espanhol Eloy de La Iglesia e de fato fiquei extasiado com dois dos quatro filmes dele que pude assistir o primeiro “O Sacerdote” que narra a crise de um padre que transpira desejo por todos os poros e que se auto-flagela na tentativa de domar o corpo até perceber que o espírito é também parte fundante de seu hiper-libíbo, a narrativa lembra muito os planos oníricos do magnânimo Buñuel e o roteiro prima por contestação política ímpar. O segundo é de um impacto que estou sem fôlego até agora, “El Diputado” é sem dúvidas o melhor filme do diretor, apesar de ter visto poucos, acho difícil algum outro superá-lo, mesmo porque acho ele um dos melhores filmes da minha vida, sem exageros! O filme é surpreendente e conta a história de um deputado do partido comunista recém eleito depois da queda da ditadura de Franco, é clandestinamente homossexual e casado com uma bela mulher, se envolve continuamente com michês, só que a mando do partido fascista um michê se envolve com ele na intenção de provocar um escândalo, e derrubá-lo politicamente. Só isso já era grandioso visto que o dilema moral vivido pelo personagem já funcionaria belamente, mas Eloy não se contenta e constrói um verdadeiro libelo em prol do amor. PERFEITO! Agora virei fã também querido Wesley de Castro.
“Lúcia McCartney “é o livro que me minha amiga me emprestou ontem para ler, escrito pelo meu contista favorito Rubem Fonseca, o qual a tempo já era fã, conta uma porção de coisas ainda estou no início do livro, mas várias histórias paralelas estão se desenrolando acredito que vão se tocar de algum modo. Até agora o livro se apresenta de forma primorosa, conciso pungente e como sempre violentíssimo, estou a adorar. O fato é que os personagens do Rubem me cativam de uma forma acachapante. Amo a densidade do indivíduo construído pelo autor, ele é absolutamente genial.
Esperando por mais coisas de ambos.....

Beijos.

JT

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Comei, este é o meu corpo

Mange Ceci c' Est Mons Corps do diretor Michelange Quay me pegou de surpresa de maneira fabulosa.
Fiquei embasbacada em muitas das passagens do filme e, quando voltava para casa, cansada da jornada pesada que é participar de um Seminário como esse que estou participando: a gente dorme super-tarde, acorda super-cedo, vê as mesas, fica muito feliz por umas, fica p da fica com outras, come rápido para não perder nada, pega fone de ouvido para tradução das falas dos gringos que vêem falar aqui e que a gente muitas vezes fica pensando: por que isso, com tanta gente aqui no Brasil, né? Então: quando voltava há pouco para casa (e hoje voltamos cedo porque está rolando jogo na TV e os meninos queriam assistir e não rolava de eu ficar sozinha lá no teatro e voltar para casa tarde, seria perigoso...), no buso, pensava: quero escrever sobre esse filme, mas sei que não vou cosneguir. O que eu falar, seja o que for, agora, não vai passar sequer a idéia inicial do que é o filme.

Belo, quase nenhuma fala. Imagens fortes. O filme é de uma força tamanha. Desconstói muitas idéias clicherosas quanto aos haitianos e quanto às mulheres (senhoras) haitianas e por aí vai...
É realmente uma experiência cinematográfica hipnótica e visceral como promete na sinopse.



Tenho visto uns curta-metragens legais também e depois, organizo o pensamento e escrevo sobre os que mais gostei.
Um documentário muito, muito bom chamado Willian Kunstler - perturbando o universo também me surpreendeu. E para mim, os dois melhores filmes até aqui foram o "Comei, este é o meu corpo"e esse documentário sobre Willian Kunstler.
Amanhã, acho, vai rolar o filme da Helena Ignez, Canções de Baal. Estou ansiosa. Assim como estou para ver Lucrécia Martel amanhã.
De Pasolini, vendo apenas o que não tenho como ver de outra forma que não num evento assim. Pois uma crítica ferrenha que faço é quanto a idéia de que parece que somos onipresentes: pois rolam várias coisas ao mesmo tempo. não dá para ficar em mais de um lugar e, portanto, temos que fazer opções drásticas, do tipo "dos males, o menor".

Estou com saudades de todos vocês e sempre que estou num lugar assim, evoco exaustivamente vocês.
Ontem mesmo Rogério falou, depois de uma fala (que achamos complicada) de um gringo (Italianao) quanto à (homossexualidade de ) Pasolini, ele disse: "Queria que Jadson ou Wesley estivessem aqui, para saber o que é que eles pensam...".

Carrego vocês aqui dentro sempre. Na minha maquininha de fazer filmes: a cabeça e o coração.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rabbits

Rabbits é uma série, dirigida por David Lynch, com oito episódios e, ao todo, dura mais ou menos 43 minutos.
São trÊs atores vestidos de coelhos, numa sala, a falarem coisas desconectadas uns com os outros. A cada entrada ou a cada uma ou outra descomunicação, ouvimos aplausos de um público, o que nos remete a programas cômicos de TV.
Nunca havia assistido outra coisa de Lynch que o Veludo Azul. A bactéria, a prostração, a insônia, me levaram a essa vontade de vê-lo mais.
Assim que terminei de assistir à série, que vim a saber é denominada por websisódios, uma vez que parece estar disponível no site do diretor, liguei para Jadson. Queria compreender, não no sentido já escrito e debatido por Tiaguinho, mas o problema é que nem mesmo sentir eu conseguia. Não me capturou nem pelo inteligível nem, pelo sensível e nem me deixoud esgrudar os olhos dos tais websisódios.
Queria ir até o final para saber se haveria algo mais. Os planos mais lembraram-me teatro filmado. Os sons, muitas vezes irritam. Assim como a ininteligibilidade. E o problema nem era eu não alcançar ou me sentir pequena por conta da não alcançabilidade. O problema era: o que é que ele qeuria com aquilo? O que transgredia? um jeito de se fazer cinema? Um costume de uma classe? O comprotamento do ser humano? A incomunicabilidade?
Jadson não havia assistido. E eu prometi que se eu procurasse explicações com as pessoas, na Internet, nos lviros, fosse onde fosse e a encontrasse, eu prometi que trataria de qualquer assunto, eu mesma, falando em árabe, em alemão, russo, japonês, de agora em diante.
Vim para o mais rápido e fácil: a lan hause. Não encotnrei grandes coisas que fosse diferentes das impressões que tive ao assistir à série.
Li coisas sobre o diretor ser "um profissional hiperativo que diz não conseguir ficar parado, sempre buscando alguma forma de realizar seu trabalho, seja no cinema, na tv, na fotografia ou em mídias experimentais como foi o caso de Rabbits, lançado inicialmente em seu site como websisódios".
Tenho que admitir que Rabbits é estranho, diferente e que vale a pena ver e buscar. Buscar não sei ainda o quê. Quem puder e quiser: me ajude.

E eu, assim imersa em bactéria e em David Lynch, quando escrevia esse post, recebi ligação de Wesley PC. Claro que não acho que seja por acaso.
 Ele me esclareceu coisas sobre o diretor, incluive falou sobre a saturação disso de ele ser sempre ininteligível, que ultimamente tem sido um teipo de "forçação de barra". Wesley junto com Jadson são dois monstrinhos comedores de filmes, né? Não viram essa tal de websisódio, mas sempre salvam, ajudam, esclarecem.
Vou continuar assistindo David Lynch. Já não vou me assustar com nada.
Gostei muito de Inland Empire. Vou olhar de novo para Rabbits. E tomara que essa bactéria saia logo de mim, porque revendo Naked Lunch, de David Cronenberg, quase senti uma enorme centopéia em minha garganta (invenção pura essa minha, agora) de tanto ela coçar.
Juro que o barato do pó, do inceticida, no filme, quase me fez espirrar e enxergar uma grande barata com boca falante e desejante de pó no meu velho computador!
Claro que o bichinho do qual mais gosto, no filme, é aquele quase escorpião meio bunda, meio pinto...
Ok. Isso não é um jeito bom de analisar nem de falar de filmes, né?
Além de infectada por bactérias, estou ficando sacrílega. Tmabém, pudera! Por que raios no Brasil não é Almoço Nu o nome do filme e sim "Mistérios e paixões", hein?
Bem, deixa eu voltar para meus contos, porque o cinema está me deixando confusa...


terça-feira, 13 de julho de 2010

ENTRE A IRONIA DE KIERKEGAARD, DE MACHADO E BERGMAN



Como vocês já sabem, Kierkegaard é leitura obrigatória para mim, diria que leitura eterna leitura que me dar prazer e sacrifício também, sou um apaixonado e isso me motiva. Leio sempre esse homem que nunca perde de vista a dimensão irônica, nas “As obras do amor”, o capítulo intitulado “a obra do amor que consiste em amar os mortos” é de uma fina ironia espetacular, ele se refere à ex-noiva que ele ama mais, no entanto não espera nada em troca.

Enquanto isso releio também a obra-prima mor do escritor brasileiro Machado de Assis “Memórias póstumas de Brás Cubas” e me estrebucho de rir com a ironia debochada e erudita do defunto que se diz autor, mas não autor defunto. Nossa, depois do passional “a um deus desconhecido”, me envolvo agora com a literatura intelectualizada escrita em terras subdesenvolvidas. e é sempre impressionante!

Mas, também encontro no drama psicológico de Ingmar Bergman uma ironia igualmente fina, pois pode passar despercebida dado o grau denso de suas tragédias. vi recentemente o amargo e maravilhoso “Monika e o desejo” e percebi o quanto esse moço falecido tomava de emprestado a ironia para construir seus belos fotogramas. Afinal o que ele queria dizer com este filme, uma defesa do desejo ou uma acusação?
Beijos

Jadson

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Saudades, memórias.... e o futuro ?


já estava com saudades deste espaço que passei a acreditar e nunca pensei que pudesse um dia dizer isso. preciso entender as novas coisas como possibilidades... mas enfim, depois de alguns dias sem postar devido a minha ausencia em terras aracajuanas, devo informar que nesta terça foi um excelente dia de volta a terrinha querida ARACAJU é uma cidade linda e pulsante quando se tem os amigos certos em momentos unicos, foi o que aconteceu ontem.

Mas foi durante essa madrugada que parei para refletir muito acerca de questões como memória e perspectiva, depois de acordar as três da manhã com a minha amiga insonia que desta vez resolvir enfrentá-la concientemente, levantei da cama lavei os pratos e fui ver um filme. e foi durante ele que passei a pensar em minhas memorias ou na construção delas, minhas lembranças são justas comigo mesmo, tenho certeza que apesar de beirar apenas os 30 anos percebo que vivi intensamente tudo que me propus ou ao menos que a vida me proporcionou, por outro lado pensei no futuro, no que me espera ou o que tenho que ambicionar ou mesmo o que tenho que construir. Acho que me formo neste periodo e fico um pouco desmotivado, amo e odeio a academia e gostaria de continuar.
O filme que vi se chama "Coração Louco" é um filme menor e conta a história de um astro da música cowtry americana em decadência e que viaja em turnê pelo interior do Texas em bares sujos e sem nenhum glamour até conhecer uma garota se apaixonar e tentar recomeçar. é um filme que fala sobre a reconciliação do indivíduo consigo mesmo impulsionado por um movimento de redenção, mesmo que motivado por um sentimento que envolve um outro individuo. é um filme sobre o envelhecimento, sobre o passado e o futuro. é um filme simples, que conta com boas atuações, um direção pouco criativa que não vai além de muita coisa já feita por ai sobre o mesmo tema, mas a montagem eficiente, uma trilha cativante e uma boa direção fotografica foi capaz de mexer um pouco em minhas atuais emoções.

Bem, espero continuar a envelhecer de forma intensa e ao lado de amigos tão queridos...

Beijos

JT

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Psicossomatismo


A muito não consigo ver um filme, aliás um bom filme.
Vi na madrugada do último domingo um estranho filme, na verdade um filme com personagens estranhos chamado " Correndo com tesouras" de um tal de Ryan Murphy, diretor de alguns episódios de séries de sucesso da tv americana: "Nip Tuck" (conhecido aqui no Brasil como Estética) e a tão popular entre a comunidade Gay "Glee".

O filme não é de todo ruim, com um elenco estelar e muito bom, mas concerteza um filme pretensioso, conta a história de um adolescente que é levado a se tratar e morar com um psiquiatra de métodos poucos convencionais e com a sua família adotiva formada por um mulher serviçal-catatonica, uma religiosa fundamentalista e uma garota rebelde sem causa, ele acaba se envolvendo com o filho adotivo mais velho que não mora mais na mansão na qual se instala(ele tem 15 anos e seu irmão adotivo 30), e mantem uma relação conturbada com sua mãe Lesbica-maniaca-depressiva. daí imaginem a sucessão de fatos inusitados que acontece no decorrer do filme, alguns muito bens desenvolvidos outros nem tanto...


Bem, estou dormindo muito ultimamente e me sinto extremamente cansado e só pode ser somatização de não sei o que, tenho dessas coisas, acabei me identificando com o filme por uma série de fatores e entre eles essa loucura psicossomatica-hipocondriaca! Vixe!

JT

terça-feira, 4 de maio de 2010

MILLENNIUM MAMBO





De fato, se eu tiver que escolher, escolho a escola asiática de cinema como a minha preferida! ao menos na atualidade.

Influênciada pela teoria do critico fancês André Bazin, que concebia o cinema como representação máxima ralidade e que sendo assim a feitura de um filme deveria minimizar os efeitos da montagem afim de garantir ao expectador um grau sempre maior de impressão do real, os bons diretores taiwaneses, malaios e chineses obtiveram em tal teoria a perfeita combinação entre o que se queria e quer mostrar, ou seja, os problemas atuais de seus países, sejam eles de ordem socio-economica ou de ordem existencial e a forma estética apropriada, fazendo assim surgir o que chamo de reivenção do neorealismo.

Millennium Mambo de Hou Hsiao Hsien é um filme sufocante, primeiro por expor de forma amarga, dolorida e sem perspectiva uma realidade em que o mal-estar advindo da homogenização cutural do consumo se impõe de forma a fragmentar as inter e extras relações subjetivas. Segundo ponto é que o cotidiano de um casal é exposto de forma a que a submissão aos escapismos hedonistas revelam, na verdade, a derrota e a falência de uma cultura milenar que experimenta sem o conforto de qualquer religião um vazio sem precedentes.

Mas posso também afirmar que ao menos o cinema, mesmo tomando de empréstimo algumas bases ocidentais, formaram o que se tem de mais original e criativo na cinematografia mundial, Millennium Mambo é um filme de uma beleza plástica-fotográfica sublime e impecável em que a câmera em muitos momentos torna aquele que olha um observador estranho a um mundo gélido de conflitos angustiantes. é concerteza um dos mais belos filmes da dêcada!