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terça-feira, 28 de junho de 2011

Pensamentos de Morte e Imortalidade: Ou como aguentar o filme "O Porco Espinho"(2009) de Mona Achache


Recebi calorosas indicação par ver esse filme, enquanto ele baixava, lia um texto do filósofo alemão Ludwig Feuerbach, e lá pro meio texto ele assevera algo como: "A morte nada mais é que um imenso vazio que será ocupado por outro ser" e mais pra frente fala "Tua fé na imortalidade somente é verdadeira se é fé nesta vida". o alemão vai argumento acerca do sentimento de imortalidade que sentimos, mas como algo que está para além desta terra e que por isso acabamos por não viver a completude dos dias na terra. imortalidade é para Feuerbach um sentimento que devemos cultivar, mas ele é vida, está na vida não na morte ou para além dela, a morte é quando a nossa vida se torna completa!

Pois bem, ainda por terminar o texto e depois de voltar da Universidade de Goiás, onde minha amiga Joyce me levou para eu ver o encerramento de uma disciplina de núcleo livre, do departamento de artes, (a disciplina era um tipo de oficina para contadores de história) assisti as apresentações inclusive a dela, e depois ainda assistimos a um espetáculo teatral fruto do encerramento de outra disciplina, agora de Artes cênicas, que apesar de bem amadora a peça me cativou, com poucas palavras a peça buscava mostrar a tentativa de insujeição de um grupo sujeito a um rei, quase sem diálogos, os atores usavam o recurso da Onomatopeia para contar a estória. bem depois de ficar um pouco encantado com o respeito que esta universidade tem pelos cursos de artes, por exemplo, existe um prédio imenso reservado as artes plástica, teatro e música e artes visuais, no mesmo tem galeria, teatro com uma acústica incrível e sala para música com contensão sonora, os professores pareceram bem presentes e motivados, foi muito bom perceber isso, mas foi só uma percepção ligeira e sem muito apuro, já que não vivencio lá, mas estrutura ao menos tem!

Voltamos pra casa e filme já baixado, resolvemos lanchar e vê-lo, logo no início a garota Paloma fala seus planos, fazer um filme sobre as pessoas a sua volta, até o dia do seu aniversário de 12 anos quando pretende se matar isso porque acha que a vida não vale a pena, os exemplos de vida que possuí é de sua família rica, esnobe e decepcionante, até que conhece melhor a zeladora de seu prédio através de um novo vizinho de origem nipônica que decide ajudá-la na fluência da língua japonesa! não vou contar mais pra não estragar a surpresa, mas as reflexões feitas pela pequena prodígio me deixaram espantado, assim como todo o resto do roteiro do filme, de modo que eu e Joyce tíamos a cada pequena frase orgasmos mentais, e não por acaso joyce esta a ler epicuro e eis o que ele escreve sobre a morte:

"O mais terrível dos males, morte, não seginifica nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente,quando a morte está presente nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nem nada nem para os vivos e nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui"

Jadson

domingo, 5 de junho de 2011

Kierkegaard X Platão: Jafar Panahir


Nas migalhas filosóficas Clímacus(Pseudônimo de Kierkegaard) propõe uma investigação do modelo grego e do modelo cristão de apreensão de verdade. No primeiro modelo o Mestre é a ocasião, já que a verdade se encontra adormecida no homem, bastando que a desperte através de "perguntas certas". O Instante que isso ocorre não é decisivo, logo este Instante é reabsorvido no tempo. Tal Instante ocorre em um movimento de acesse que eleva o discípulo num dado grau inferior para o superior.

Num certo sentido esta teoria denominada de "Reminiscência" na filosofia socrática/platônica, abre espaço para uma dimensão de subjetividade nos gregos, talvez, tal termo seja inadequado e pareça até equivocado ou mesmo anacrônico. Contudo Michel Foucault, já contrariava toda uma tradição filosófica e apontava certa dimensão no indivíduo grego, apesar dos gregos confundirem sua identidade com a do Estado, ou seja, não há formação de uma identidade privada sem o Estado,ou ainda o individuo era formado para o Estado. mas isso é outra conversa!

No modelo teórico experimental apresentado por Clímacus, o Discípulo não possui a verdade em si, ela está apartada dele. Só o Mestre é capaz de proporcionar as condições e levar verdade ao discípulo, ele sozinho nada encontrará, ou seja, não há condições de possibilidade para o homem encontrar a verdade por seus próprios esforços, ele estará sempre condenado no mundo, só quando o Instante for Decisivo, quando o eterno irromper no tempo, ele poderá assim encontrar a verdade, é por isso que o modelo cristão é um escândalo para a razão , um paradoxo, uma loucura, está fora do movimento lógico da ascese platônica, pois o movimentodo mestre do cristão é de esvaziamento e rebaixamento, pois, no Instante ele apresenta-se como um igual , ou seja, a verdade que é eterna, precisa alcançar o homem numa dada temporalidade e se apresenta em condições de igualdade com a não-verdade.
Tal discussão sobre a verdade e a apreensão dela me levou a fazer uma certa leitura do filme o "O Espelho" do Iraniano Jafar Panahir, que na minha modesta opinião celebra um seleto clube de gênios contemporâneos do cinema. Neste filem absolutamente inquietador, sobre uma menina que se perde ao tentar encontrar o caminho para casa, depois que sua mãe não vai buscá-la na saída da escola e passa por uma verdadeira odisséia na tentativa de reencontrar a sua casa. O diretor numa dada altura do filme começa a questionar a validade de sua denuncia enquanto portador da verdade deixando para os espectadores a dúvida, não quero estragar a surpresa do filme aqui, mas posso adiantar que mesmo que ele proponha ao espectador a decisão se o que mostra é ou não verdade. Necessário, aqui, lembrar que ele conduz o filme do inicio ao fim, a verdade está nele queiramos ou não, portanto, cabe a nos decidirmos se ficamos com ela ou não. E tal decisão é dada também por ele, então fica a pergunta: a verdade é algo que está em nós ou é mesmo algo decisivo no tempo e levada a nós por um mestre?

domingo, 1 de maio de 2011

Lembrando Tiaguinho


Estive no último mês lendo o difícil livro de Virgínia Woolf, O QUARTO DE JACOB, a demora da leitura se deu devido ao complexo discurso da escritora. Este livro se afasta bastante dos outros escritos que pude ler dela, ORLANDO E MRS DALLOWAY, ambos tendo como mote um subjetivismo feminino devastador.

O QUARTO DE JACOB num entanto , apesar do inicio mostrar uma narrativa Que tenderia a dasvelar os augúrios da senhora Flanders, vai privilegiar o ponto de vista de seu filho Jacob e sua passagem pela vida acadêmica e pela burguesia inglesa.

é um bom livro e com um início magistralmente sofrido do qual não pude esquecer de meu amigo-irmanado Tiago Oliveira, já que este livro me foi doado por ele, e também porque Woolf é sua escritora favorita.


saudades de ti Tiaguinho, beijo imenso e até o próximo "ENTRE ATOS"

Jt

sábado, 9 de abril de 2011



Esses dias eu comprei um livro bem baratinho aqui nos sebos de Goiânia e pasmem foi o meu primeiro Jorge Amado.
“ A morte e a morte de Quincas Berro D’água” e como me emocionei, chorei até, mas foi de felicidade, foi de entender que tenho grandes amigos assim como o protagonista da narrativa que se passa nas ruelas de salvador, foi de saber que apesar de meu ranzizismo , conseguir ao longo desses trintas anos fazer grandes e eternos amigos, e que amigos, loucos, inteligentes, apaixonantes, inventivos, passionais,boêmios, viciados e virtuosos.

No livro do escritor baiano, o boêmio e malandro Quincas Berro D’agua morre, mas seus amigos não aceitam que ele vai morrer assim e sem nenhuma festa, nenhuma pinga se quer, os seus parentes não vão ofertar em sua homenagem no seu velório?. Só que percebem que mesmo morto, Quincas pode sim está vivo e muito vivo e tiram-no do caixão e arrastam-no para uma festa e vivem de forma intensa os últimos momentos ao lado de seu grande amigo, irmão e pai.

Meu Deus lindo de morrer, em prol do prazer e em nome da vida que é e da morte que não é!


Beijos a todos...

Jadão

quarta-feira, 23 de março de 2011

o deslocamento (des)funcional




Ainda pegando ritmo, (brumm, brumm, brummmmmm....)

Os macaquinhos que moram no campus aqui da Universidade Federal de Goiânia são uma atração a parte, brigam com as pessoas, com os cachorros, tomam comida dos distraídos, passeiam pelas várias árvores que têm no campus, uma belezura...

Dormir bem ontem,e minhas caixinhas de som do PC queimaram, acho que foi a voltagem 220w, se bem que tinha indicação de bivoltagem. gostei desse nome, bivoltagem.... será que todos nos somos BIVOLTES...rsrsrsr

Tiago roubei seu livro sobre a irmandade da morte....

Escrito por um autor espanhol contemporâneo o livro "Irmã Morte" é bem cinemático, usa imagens rápidas como um triller e tem um mote muito original: Depois de acompanhar a morte do pai morimbundo, um garoto passa a vê partes do seu falecido pai nos homens que frequentam a sua casa, ou melhor, o quarto de sua irmã mais velha que tomava conta do moribundo e dele.

Acabei de tirar xerox do primeiro material que vou estudar um tal de Edmund Burk, teorico da estética, fala sobre o belo e o sublime, vou adorar essa aula minha intuição me avisa....


me preparando para ver outro filme Godardiano, que aliás é uma bela recepção por aqui...


beijos em todos

Jadão

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Em dias confusos...



Em tempos estranhos, desejei me submeter a leitura de um livro que achei em 2009 em um sebo na cidade de Belo Horizonte, quando fui lá pela primeira vez participar de um encontro estudantil. O livro um clássico: A Religiosa.

O Famoso romance do filósofo iluminista francês Denis Diderot datado do século 18 conta em forma de confissão/memórias a trágica trajetória de uma freira pelos conventos franceses, padecendo todo tipo de auguras e desventuras.

O livro pode ser resumido em das palavras: sofrimento e crueldade. E Todos os sinônimos que puder pensar quando se ouve estas duas palavras!

Não sei porque cargas d'água quis o acaso que eu o lesse logo neste momento de escolha tão difícil!

Como diz um amigo querido “que seja”.

Recomendo pra todos aqueles que são viciados no sofrimento!

Jt

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Entre Clarice lispector e Lúcio Cardoso

i

Depois da desafiadora e não menos perturbadora G.H. personagem a beira da loucura e da transcendência, criada pela excelente escritora brasileira Clarice Lispector, me detenho a leitura de um mineiro há muito na minha lista de livro desejados.

Adquerido pelo meu querido Tiago na tarde de ontem sobe minha influencia, três novelas de Lúcio Cardoso compiladas em um livro. “ Inácio, O Enfeitiçado e Baltazar” é o título do livro e são respectivamente os nomes das novelas editadas pela editora Civilização brasileira. Conhecido pela narrativa de mistério e suspense, o jornalista e escritor Lúcio Cardoso escreve tramas com personagens doentes , marginais, com densa carga erótica e sublimidades homoeróticas.

Ainda lendo a primeira novela, e gostando muito, indico para quem se interessar por uma literatura de sugestão e não poderia ser diferente de identificação, assim que acabar o livro conto sobre minhas impressões mais detidamente.

Ps: Lúcio Cardoso foi um dos grandes incentivadores de Clarice Lispector no inicio de sua carreira. Um Sinal?


Jt

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Passei para...



Dizer que estou com muitas saudades de uma Galega linda que perambula pelo mundo a fora. diante da saudade não me contive fui de encontro a descrição de seu universo através da escrita de Clarice Lispector. livro escolhido: "A PAIXÃO SEGUNDO G.H.", ABSOLUTO.

Como o universo de G.H. é estranho, como passar um dia ao seu lado é estranho e fascinante e dolorido e prazeroso e sexual e divino e epifânico e catartico e vivo e místico.


Saudades galega, volta, volta meu amor.....

Ninalcira beijo imenso e obrigado por existir, e viva a Clarice Lispector.

JT

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Solidão

Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso

Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio

É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou

Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna

Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

...e a onda da madrugada demora-se de encontro às rochas.
Precisa mais alguma palavra?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Coicidências?.


Todos aqueles que acompanham esse maracujá , já sabem que eu estou a ler um icônico texto sobre o homossexualismo em terras brasileiras desde a colônia, até os dias atuais. Em suas quase 600 paginas, DEVASSOS NO PARAÍSO, nos apresenta importantes fatos e discussões acerca do que é ser “guei” num cenário cheio de contradições, numa sociedade moralista ao extremo e ao mesmo tempo “ devassa” como afirma o título. Apesar de trazer a tona uma série de nuances no discurso e na pratica homossexual, o texto cai por vezes, num tom jornalístico irritante, parecendo com uma grande revista de fofocas, tentando algumas vezes provar que tal e tal figura publica são homossexuais, algo irrelevante para o debate.

Por coincidência, esta semana meu amigo Wesley escreveu o bom artigo sobre a militância guei no estado a partir da “ASTRA” uma associação que milita em favor da causa homossexual, levantando algumas discussões políticas interessantes.

Como se não bastasse, o tema do jovem homossexual é objeto dos últimos capítulos da novela infinda e enfastiada MALHAÇÃO, vi por acidente os últimos dois capítulos deste nefasto programa televisivo, em que uma professora/diretora de um colégio fala que não pode participar de uma determinada passeata publica porque não pode ser associada a valores que desrespeita os valores da maioria dos pais dos alunos da instituição que gerencia, ao mesmo tempo em que várias subtramas se desenvolvem , tendo como eixo pseudoconflituoso a homessexulidade. Afim exclusivamente de causar falsas polêmicas e vender este mísero e ideológico programa, aumentando seus índices de audiência.

As vezes é mera coicidência.

Jadson

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Nossa! O que há com teu peru?

O natal funciona mais ou menos assim para mim. Por isso que não canso de falar que há livros, músicas e filmes que falam por a gente...

"Espírito natalino é um saco preto, hordas de delinqüentes, turbas de atoleimados te exigindo caras, posturas, o riso alvar, cestas, granas e tu mesmo basicamente arruinado, e criancelhas peidando adoidadas, escoiceando os ares, e mãezinhas num azáfama de um cair de tarde bordelesco, pra lá pra cá, e Jeshua entregue às traças, imagine o arrepio do Divino vendo o trotoar dos humanos, enchendo as panças, arrotando grosso, chupando os dentes, enchendo as latrinas, as mandíbulas sempre triturando, e o nenen lá na manjedoura, entre a vaca e o jumento... Que pai é esse que manda o filho pra um planeta de bosta como é a Terra... Se fosse um bom pai, o filho teria encarnado num corvo, a gente só ficaria olhando lá pro corvo nas alturas e dizendo: olha lá o divino, olha que lindo! E o divino com asas, só de nos ver de longe se escafederia, tem dó, pai, aquela gente não, por favor, pai, Abracadabra, pai, me transforma em fumaça, em rojão, em poeira, mas me afasta daqui, me afasta!

E aquele médico bonzinho que arrancou os olhos do Einstein e pôs no vidro e agora vai vendê-los por cinco milhões de dólares! Meu Deus, meu Deus, e o olho tristíssimo (porque viu muito e muito compreendeu) lá no vidro zoiando...

Sim, é verdade, eu tenho medo das gentes, pra dizer a verdade eu me cago de medo das gentes! O que eu tenho visto de pulhas, de máscaras atadas dia e noite sobre umas caras de pedra... O que eu tenho visto de mesquinharia, de crueldade, de torpeza, de estupidez... Que Natal? Que Natal? mudou o quê depois do nascimento do bebê?

"Óia a véia de novo enfezada! E até sendo paga pra escrevê só mardade! E nóis aqui no bem-bom comendo esses pardá, essas rola e esse gato gordo da vizinha! e que que tem cagá? que que tem rrotá? e chupá dente num é bom? e pur que ela chama a gente de delinquente? que que é horda, hen? e turba? E querê que o divino seja corvo, ó dotô, manda prendê essa muié, que eu até esqueci de fritá os ovo do menino Josué, também que que tem, é Natar e ele já tava morto!" Bom dia! Bom almoço!".

Hilda Hilst, in: Cascos & Carícias

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O amor e o sertão

"O sertanejo é antes de tudo um paciente". Essa frase está lá em A hora da estrela, de Clarice Lispector. A minha escritora favorita. Já percebi que o sertão está cada vez mais dentro de mim. E ter relido A hora da estrela para a disciplina Identidade Cultural e ter feito isso estudando o sertão e o sertão de Guimarães de Grande sertão: veredas e de Noites do sertão, me fez desejar estudar a sensualidade e o sertão. Ou o amor e o sertão. Não sei se há muitos estudos sobre. Mas, tmbém não sei se desejo isso para pesquisa. Mas, pensar essas coisas me tem deixado feliz, ultimamente.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Semelhança

I

Vivia dizendo que eu parecia uma pantera. Que o andar, que os olhos. Eu deitava a cabeça no ombro dele e miava baixinho.


II

Vivia dizendo que eu parecia uma pantera. Que o andar, que os olhos. E eu me apanterava toda para agradá-lo.


III

Vivia dizendo. Mas só acreditei no dia em que, saltando do armário, cravei-lhe os dentes na carne e o devorei.


(de Marina Colasanti, Um espinho de marfim e outras histórias)


Ps.: Eu apantero, tu apanteras, ele apantera, nós apanteramos... ;)

domingo, 14 de novembro de 2010

Dias A-tipicos



Tenho tido dias a-típicos, mas é uma escolha e portanto....

Temor e Tremor é daqueles livros que nos tira do nosso centro gravitacional
definido como um canto à Fé, onde o pseudônimo de Kierkegaad, Johannes de Silentio, narra a trajetória do Cavaleiro da Fé, ABRAÂO, que no silêncio da angústia sobe o monte Morijia para sacrificar Isaac seu filho.
Filho que teve na velhice como dádiva de Deus. mas como prova de amor a Deus e a si mesmo Abraão deve sacrificá-lo e no silêncio paradoxal do absurdo ele entra em relação absolutamente com o absoluto e na total imersão em sua subjetividade, tornando-se assim um Indivíduo acima da moral.
ele sofrendo em silêncio deseja e deve sacrificar seu amado filho. Socialmente ele é um assassino, mas ao olhos da Fé ele é cumpri o dever de amar a Deus.

poderia passar mais tempo falando sobre o sentimentos oculto e initeligível de Abraão segundo a perspectiva admiradora Kierkegaardiana, mas tenho que voltar para o árduo trabalho de leitura.

beijos a todos

Jt

sábado, 6 de novembro de 2010

“EU ACHO QUE AMO MEU CACHORRO MAIS DO QUE A TI. NÃO MAIS, MAS DE UMA FORMA DIFERENTE”, DISSE TERESA

Quando estas palavras entraram em meu coração, ainda no florescer de minha adolescência, mal sabia eu que um dia seria tão adepto da cinofilia como o sou agora. E, se a identificação com esta traumatizada personagem do Milan Kundera é-me prolongada por inúmeras outras situações, a maior parte delas de caráter sexual, imagino-me agora traduzindo este dilema para uma situação estritamente canina: os filhotes pretos de minha cachorra Zhang-Ke já têm mais de 45 dias. Amanhã, o primeiro deles sairá de minha casa, em direção a um novo lar, na cidade de Itabuna, Bahia. Talvez eu nunca mais o veja pessoalmente. Talvez ele jamais tenha uma oportunidade de abanar o rabo para mim. E isto não me é triste, não obstante eu sentir saudades de antemão. Sei que ele estará bem cuidado, sei que a nova família gostará muito dele. Sei que!

Estou lendo o “Purgatório” de Dante Alighieri e, nos cantos que já consumi até então, os protagonistas (o próprio autor e o poeta Virgilio) vagaram por três círculos de pecadores capitais, o dos orgulhosos, o dos invejosos e o dos iracundos. Não sei qual será o próximo, mas temo que eu seja lancinado pela culpa decorrente da identificação. A cada novo dia que enfrento na Terra, sentimentos semelhantes ao ciúme me sussurram possibilidades desgostosas aos meus ouvidos. E, por serem desgostosas, eu não gosto delas. Não gosto de ciúme, nunca achei que fosse prova de amor ou qualquer coisa do gênero. Amor se doa por completo, amor se dá sem saber a quem, amor preenche até mesmo quem tachamos por inimigos. Amor é extrínseco e intrínseco. E eu amo até mesmo estes cãezinhos que em breve sairão de minha casa...

Wesley PC>

domingo, 31 de outubro de 2010

SE A ARANHA-DEUS NÃO QUIS QUE FÔSSEMOS CAPAZES DE CHUPAR NOSSO PRÓPRIO PAU, DEVE TER ALGUM MOTIVO - E, QUEM SOUBER QUAL É ESTE MOTIVO, ME DIGA!

Proteção contra nossa tendência inequivocamente humana à viciosidade? Imagina se a gente conseguisse abocanhar nosso próprio pênis: não ia sair mais de nossas bocas! (risos) Talvez sequer precisássemos nos apaixonar por outrem, talvez morrêssemos de anemia pós-masturbacional e felacional intensiva. Talvez...

Na noite de ontem, li um dos livros que, emprestado por Yuri Fonseca com muito conhecimento de causa de minhas idiossincrasias mnemônicas e sexuais, tornou-se um dos meus favoritos: “Confissões de uma Máscara” (1949), de Yukio Mishima. Obra-prima autobiográfica, sadomasoquista e nacionalista em que, entre trocentas outras possibilidades e desvios narrativos, ele explica como tentava pensar em mulheres nuas quando se entregava aos seus “maus hábitos” onanistas. E eu lembro que já tentei pensar nisso também, mas não escolho quem me vem à mente numa hora destas: meus vizinhos mais insuportáveis, meu próprio irmão (que não acho bonito), minha mãe, mendigos sujos, cães e gatos, as criaturas mais diversificadas possíveis já compartilharam meu gozo solitário e repetitivo em noites de punheta. E como sei que subconsciente é algo que deve ser respeitado, não acho isso ruim não. Gosto muito, aliás. E agradeço ao Deus-aranha por tudo o que ele faz por mim, desde bem antes de eu nascer...

E, a fim de provar o que digo, abri o livro numa página completamente aleatória (juro: só fiz abrir e caiu na página 59 da edição do Círculo do Livro) e destaco aqui uma citação: “tendo resolvido uma vez que renunciara ao amor, afastei de minha mente todo pensamento posterior relativo a ele. A conclusão foi apressada, com falhas de percepção. Eu estava deixando de levar em conta uma das mais claras evidências que existem no amor sexual – o fenômeno da ereção. Por um longo período de tempo, tive minhas ereções e também me entreguei àquele ‘mau hábito’ que as incitava sempre que me encontrava só, sem jamais tomar consciência do significado dos meus atos”. Tem como não acreditar piamente em Deus – e amá-lo obcecadamente – depois disso?


Wesley PC>

sábado, 16 de outubro de 2010

I SAID TO MYSELF:

É incrível a quantidade de pronomes reflexivos na obra-prima de Virginia Woolf que leio neste exato instante: “Mrs. Dalloway” (1925) não é somente um livro dolorosamente perfeito como também é uma trama de eterno questionamento existencial (e sexual) que tem muito a ver com o que aprendi facilmente a amar em Clarice Lispector. E, por mais que eu hesite em entender o que perturba e machuca tanto a protagonista, eu sei. E tenho certeza que qualquer um deste Maracujá com Açúcar que tenha lido o livro sabe também: Amor com A maiúsculo!

A cada página do livro que devoro, tenho mais medo e desejo simultâneos de virar a página: sei o que vou encontrar, tenho gastura em surpreender-me com o que encontro. E isto é uma das melhores sensações que vivenciei ao longo de toda a minha vida literária e humana, como se ambas se distinguissem...

Porque além de ler, ouvir músicas, ver filmes, fazer sexo oral, defecar, comer queijo com feijão e digitar no computador, eu amo... E tudo faz sentido quando se admite isto! Por isso, ele acorda falando consigo mesmo: “a morte da alma”... E Clarissa grita: “meu nome é Dalloway”! E ela beija outra mulher. E chora. E dá festas.E ela disse que iria comprar as flores ela mesma. Somos dois!

Wesley PC>

terça-feira, 5 de outubro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ANTES VER AS ESTRELAS AO SAIR DO QUE ABANDONAR AS ESPERANÇAS AO ENTRAR...

Talvez o título seja um tanto “interno” para quem ainda não leu “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, mas este é propositalmente o meu intento: acabo de ler este livro canônico da literatura mundial numa edição comentada de 1955 da editora portuguesa Sá da Costa e enfrentei trocentos pequenos dilemas enquanto consumia as páginas dos trinta e quatro cantos que compõem este belo livro. O principal destes dilemas atrela-se a um problema (entre aspas) comentado noutro texto: a minha velocidade de leitura versus o estilo poético do texto de Dante Alighieri, que obrigava-me a repousar demoradamente num dado aforismo, numa dada passagem, que eventualmente me empurrava para uma consulta às notas explicativas de rodapé, e aí por diante... Foi uma leitura difícil, mas muito recompensadora e, se empenho-me aqui em recomendá-la discretamente, é porque creio que seja um excelente contraponto conteudístico ao pessimismo iracundo que tomou Jadson quando de seu contato com um livro de Antônio Carlos Viana em que o Inferno era também citado. A diferença: no livro citado por Jadson, o Inferno estava aberto. No livro citado por mim, o Inferno está como sempre esteve: o autor e seu cicerone romano é que aceitam voluntariamente a tarefa de visitar os nove círculos e, oh, as atrocidades que eles encontram pelo caminho!

Não vou abrir aqui a minha boca presunçosa para dizer que consumir o livro da forma adequada (na verdade, apenas a primeira parte do livro, visto que ainda me faltam o “Purgatório” e o “Paraíso”, mas... Não é sobre o “Inferno” que todos falam?), mas o li com paixão, sorvi cada palavra e situação como se fosse eu próprio a estar lá, passeando por aqueles corredores naturais de horror, punição e pecado. Não me atrevo a tachá-lo de “obra-prima” porque algo na tradução apresentada me incomodou. “Aprenda a ler em italiano, Wesley”, aconselhou-me o amigo Flaubert, ao telefone. Eis o que devo fazer, depois que findar a modinha idiomática levada a cabo pela telenovela das 21h (risos). Salve, Dante Alighieri (1265-1321)!

Wesley PC>

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Atenção ao sábado

Certa feita, conversando com uma amiga muito querida, ela me falava sobre manias, sobre idiossincrasias...Falou dos sábados... e eu me lembrei desse texto de Clarice. Estávamos "altas" e não o encontrei na hora...mas, agora, vai o texto, viu?

"Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
No sábado é que as formigas subiam pela pedra.

Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.

De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.

Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?

No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.

Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.

Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. 

Domingo de manhã também é a rosa da semana. 

Não é propriamente rosa que eu quero dizer".

O texto está no livro "Para não esquecer".