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terça-feira, 28 de junho de 2011

Pensamentos de Morte e Imortalidade: Ou como aguentar o filme "O Porco Espinho"(2009) de Mona Achache


Recebi calorosas indicação par ver esse filme, enquanto ele baixava, lia um texto do filósofo alemão Ludwig Feuerbach, e lá pro meio texto ele assevera algo como: "A morte nada mais é que um imenso vazio que será ocupado por outro ser" e mais pra frente fala "Tua fé na imortalidade somente é verdadeira se é fé nesta vida". o alemão vai argumento acerca do sentimento de imortalidade que sentimos, mas como algo que está para além desta terra e que por isso acabamos por não viver a completude dos dias na terra. imortalidade é para Feuerbach um sentimento que devemos cultivar, mas ele é vida, está na vida não na morte ou para além dela, a morte é quando a nossa vida se torna completa!

Pois bem, ainda por terminar o texto e depois de voltar da Universidade de Goiás, onde minha amiga Joyce me levou para eu ver o encerramento de uma disciplina de núcleo livre, do departamento de artes, (a disciplina era um tipo de oficina para contadores de história) assisti as apresentações inclusive a dela, e depois ainda assistimos a um espetáculo teatral fruto do encerramento de outra disciplina, agora de Artes cênicas, que apesar de bem amadora a peça me cativou, com poucas palavras a peça buscava mostrar a tentativa de insujeição de um grupo sujeito a um rei, quase sem diálogos, os atores usavam o recurso da Onomatopeia para contar a estória. bem depois de ficar um pouco encantado com o respeito que esta universidade tem pelos cursos de artes, por exemplo, existe um prédio imenso reservado as artes plástica, teatro e música e artes visuais, no mesmo tem galeria, teatro com uma acústica incrível e sala para música com contensão sonora, os professores pareceram bem presentes e motivados, foi muito bom perceber isso, mas foi só uma percepção ligeira e sem muito apuro, já que não vivencio lá, mas estrutura ao menos tem!

Voltamos pra casa e filme já baixado, resolvemos lanchar e vê-lo, logo no início a garota Paloma fala seus planos, fazer um filme sobre as pessoas a sua volta, até o dia do seu aniversário de 12 anos quando pretende se matar isso porque acha que a vida não vale a pena, os exemplos de vida que possuí é de sua família rica, esnobe e decepcionante, até que conhece melhor a zeladora de seu prédio através de um novo vizinho de origem nipônica que decide ajudá-la na fluência da língua japonesa! não vou contar mais pra não estragar a surpresa, mas as reflexões feitas pela pequena prodígio me deixaram espantado, assim como todo o resto do roteiro do filme, de modo que eu e Joyce tíamos a cada pequena frase orgasmos mentais, e não por acaso joyce esta a ler epicuro e eis o que ele escreve sobre a morte:

"O mais terrível dos males, morte, não seginifica nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente,quando a morte está presente nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nem nada nem para os vivos e nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui"

Jadson

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

UM VERDADEIRO SACERDOTE DO CINEMA:

Se tudo der certo, neste sábado, estaremos reunidos na casa de Jadson Teles para a cerimônia de apresentação pública do cineasta Eloy de la Iglesia (1944 – 2006). Deste momento em diante, creio que tornar-se-á público o porquê de eu estar comportando-me de maneira tão viciosa em relação a este gênio que tão de perto conheceu o próprio vício da heroína, que levou seus melhor namorado e fez com que ele ficasse quase duas décadas afastado do cinema. Depois de amanhã, se minhas previsões de aceitação estiverem corretas, lerei aqui mais algumas postagens que referendarão a minha empolgação de agora... Ou quem sabe não, mas, pelo menos, o gênio em pauta será conhecido...

Infelizmente, como nenhum de seus filmes foi lançado no Brasil, a sessão deste sábado terá que ser com som original em espanhol mesmo, sem legendas. Mas garanto que a apreensão é fácil, que o modo como este cineasta filma dialoga diretamente conosco, sul-americanos da gema. Com quem tem experimentação no universo da delinqüência, então...

Por falar nisso, enquanto eu começava a escrever este texto, por volta das 2 horas da madrugada, minha mãe e meu irmão caçula gritavam: ele queria dinheiro emprestado para comprar ‘crack’. Ela não queria que ele saísse de casa e se envenenasse àquela hora. Por sorte, ela venceu. Hoje, ela venceu. Mas... E depois? O que o futuro nos reserva? Detalhe: acabara eu de ver aquele que deve ser o píncaro da obra iglesiana, “El Sacerdote” (1978), sobre um padre que enxerga sexo em tudo com que se depara. Um padre que visita um bordel para ter certeza de que “a carne é forte”. Um padre que... Não vou estragar a surpresa. Vejam o filme!

Enquanto isso, eu tento sobreviver. Eu, minha mãe, meu irmão caçula, meus vizinhos... Alguns já caíram... Nosostros? Que lo venga lo peor, resistiremos! Ojalá, com la fuerza de Dios en los talones!

Wesley PC>

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mnemosine

Estou a estudar a Memória. Na verdade, estou tentado, a duras penas, compreender o livro Matéria e Memória, de Henri Bergson.
Livro que considero bonito. Leio passagens que dizem poeticamente do tempo, da duração, das imagens, da intuição.
Sua filosofia surgiu do fato de ele ter-se posicionado contrariamente ao acento cientificista do positivismo que se desenvolveu nos séculos XIX e XX.
A noções de que passado, presente e futuro formam um uníssono, de que um necessita do outro para ser duração e, assim, duração não ser um momento estático, mas sim ser movimento, mudança, contingência. Mudar, aqui, querendo dizer devir, significando que nunca nada é idêntico a si mesmo e que tudo se transforma constantemente em algo distante de si.
Não sei se estou compreendendo de maneira correta... São as primeiras leituras, é a fase do tatear um texto, de desvendar conceitos...
Mas, também é só a primeira fase de um longo trabalho. Outros textos para fazer exegese. Outros autores para eu adentrar no mesmo processo de desvendamento, de luta, corpo-a-corpo...
Bergson, Paul Ricoeur, Maurice Halbwachs, Pierre Nora, Ecléa Bosi e tantos outros, agora, em minha cabeceira, em minhas anotações, em minha vida, organizando conceitos, solidificando-os, fragmentando-os... Como se não me bastassem os pensamentos, as lembranças sempre presententes desde sempre, a minha ligação com o rio de frente à minha janela da infância, rio dos banhos proibidos, mas nunca das memórias esquecidas.
Rio com nome de santo. São Francisco. O velho Chico de minha vida. Banhar-me naquele rio era subversão para uma mãe que perdera o irmão para as águas bravias de um outro rio. Mas, rio é rio. E as águas enganam. Carregam.
E era justamente isso. O carregamento o que me encantava. O devir. O fluir das águas. Quantas vezes o vi, ao velho chico, carregar pedaços de árvores, em suas enchentes, as águas barrentas significavam isso. Para mim, criança ouvindo tudo que falavam os adultos, para mim era o rio prenho. Ouvira que estar prenha era carregar memino dentro da barriga.
O rio que era a natureza, carregava coisas da natureza dentro dele. A barriga era a correnteza. Exposicão.
Quando vim-me embora, o rio ficou. Ficou dentro de mim. Pregado em meus olhos. Olhos que nunca mais amanheceram e o olharam. A ele e à árvore querida defronte da janela dos acordares.
São tantas as lembranças, as imagens... São tantos os rios dentro de mim.
E agora a memória virou o meu tema.
Conceituada memória.
Que eu nunca a torne acadêmica no sentido ruim.

Trabalhando memória insistentemente como venho fazendo, pus-me, muito mais fortemente a lembrar-me das pessoas que por minha vida passaram.
Lembrei-me de três queridas amigas de infância. Busquei-as em meio eletrônico. Encontrei-as. Enviei-lhes mensagens.
Recebi notícia de uma delas, a mais íntima, por sinal, instantaneamente. E-mail, MSN, orkut, Sonico, Facebook.
Tem uma loja de vidros. Hoje.
Achei bonito isso de trabalhar com vidros. Vidro é transparência. Reflexo. Iluminura.
Adicionei-a.
Vou esperar contato.
Talvez esteja esperando contato comigo mesma. Pois, que ando perdida por esses tantos rios.
E, hoje, nós não somos as mesmas, não é mesmo?
mas, como me lembro do quintal da casa dela. Do caminho que eu fazia de minha casa para a casa dela. Sempre para dividir um segredo.
Lembro-me de tanta coisa!
Como eu era uma criança e uma pré-adolescente estranha já.

lembro-me, agora, nesse instante-já, de um outro amigo. Mais recente. Por quem nutro carinho especial també. Ele é do Maranhão. Enquanto esteve aqui, quando fomos para o mangue, em passeio integrador com a mãe-natureza ( a diamba por lá era muito mais diamba, os cheiros no mangue muito mais adocicados por conta da diamba) e depois tomamos banho de rio e de mar, na ordem inversa, lembro-me de que ele me falou que tomar banho de rio e de mar era necessário para que tirássemos a "coíra". Coíra era a "carraspana " falada por minha mãe de influências pernambucanas.

Queria, agora, ter nove anos de idade. Qual era mesmo a idade que eu tinha quando presenciei a maior enchente (da minha vida) do rio São Francisco?
Eu era miúda. Mas, não tanto. Pegávamos piabinha de mão. Molhando a farda da escola. As amigas desse tempo não eram essas de agora. Eram Carlinha, Melissa...não lembro o nome das outras. Lembro-me de nossas risadas, de nossa aventura na enchente e dos senmões que cada uma de nós levou de nossas mães.
A minha, viva à época, tinha sempre seus grandes olhos verdes em cima de mim. Por horas eram amorosos, mas outras, eram furiosos. Igual a esse dia e a um outro (a história do vestido azul) que conto numa outra oportunidade.

Queria lavar-me nesse rio. O da minha memória. Para tirar coíra, para me livrar das carraspanas.
Já é hora. Eu sei.

sábado, 19 de junho de 2010

Dos lugares - Zicartola


Em Buraco (apelido carinhoso de nossa querida cidade), é comum reclamarmos que não há um lugar para irmos. Os lugares são ou elitizados ou alocam eventos que começam muito tarde da noite e, por esse motivo, torna-se de difícil acesso para quem não tem carro ou, no mínimo, carona certa.
Os domingos em Buraco são entediantes, os sábados mal-aproveitados, etc.
Como havia postado algo sobre o grande Cartola, não resisti e busquei um vídeo para mostrar um pouco do que foi e do significado do restaurante Zicartola: espaço onde havia excelente comida, pois Zica cozinhava muito bem, e excelente música, a saber, foi lá que teve nascimento a carreira de Paulinho da Viola!
Um trecho dessa história segue abaixo, retirado do livro "Paulinho da Viola, sambista e chorão", de João Máximo:

“(...) Zicartola, restaurante que Angenor de Oliveira, o Cartola, iluminado compositor, e sua mulher Zica, exímia cozinheira, abriram no sobrado da Rua da Carioca, 53. O restaurante foi uma espécie de extensão das reuniões que se faziam em outro local, o segundo andar da Rua dos Andradas, 81, onde funcionava a Associação das Escolas de Samba e onde Cartola e Zica viveram por algum tempo, ele como vigia de todo o prédio. Cartola – depois de longo sumiço que levara quase todo mundo a supô-lo morto – fora redescoberto por Sérgio Porto enquanto lavava carros em Copacabana. Para Sérgio, aquele negro magro, de nariz estranho, tumoroso, era o personagem principal das histórias que o tio Lúcio Rangel lhe contava, ilustradas por sambas admiráveis. Redescobrir o ‘falecido Cartola’ foi como dar vida a uma lenda. E Sérgio, cronista mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, teria todo o direito de gabar-se disso até o fim de seus dias.
O que se passou na Rua dos Andradas foi assim como se o Brasil quisesse recuperar o tempo perdido sem a música de Cartola. Pois era justamente para ver e ouvir Cartola que iam lá incontáveis sambistas, de início os mais ligados à tradição, como Zé Kéti e o jovem Élton [Medeiros]. (...) Zé Kéti aproximou-se de Cartola porque este tinha uma idéia: organizar um conjunto de samba a ser batizado de A Voz do Morro (...) O (...) conjunto – formado entre outros por Cartola, Nélson Cavaquinho, Jair do Cavaquinho, Nuno Veloso, Zé Kéti e o jovem Élton – não passou da idéia. O que não impediu que aquelas reuniões musicais ganhassem fama. Em pouco eram prestigiadas não só por representantes da bossa nova, como Carlos Lyra e Nélson Lins e Barros, mas por gente de outras cidades, outros estados, fazendeiro fretando avião a fim de levar seu povo para conhecer Cartola. Resultado: o sobrado ficou pequeno para tanta gente. Por isso Eugênio Agostini, um empresário louco por samba, deu a Zica a idéia do restaurante. Ele e os pri
mos Renato e Fábio seriam seus sócios, naturalmente bancando os gastos iniciais. Os pratos dela e os sambas de Cartola haveriam de fazer o resto. Que ela mesma procurasse o lugar para a nova casa. Andou, andou e achou o sobrado da Rua da Carioca.
O Zicartola duraria pouco, apenas 20 meses. Mas marcaria de forma profunda a vida cultural da cidade, ou mesmo do país, na música, no teatro, na poesia e nas idéias que eram discutidas nas noites das quartas e sextas-feiras, às mesas distribuídas pelo pequeno restaurante. Começou a funcionar em 9 de setembro de 1963, mas só em 18 de outubro foi considerado pronto para a inauguração oficial. Pratos e sambas não seriam o bastante para compensar os prejuízos causados pelos muitos amigos que chegavam, ouviam música, comiam, bebiam e penduravam as contas para nunca mais (sem falar nos que andaram metendo a mão na contabilidade de Cartola, grande artista, péssimo negociante). Mas o restaurante seria, durante esse tempo, um verdadeiro templo. (...) Ali professavam sua fé no samba tradicional Ismael Silva, Nélson Cavaquinho, Carlos Cachaça, bambas da Mangueira, da Portela, do Império Serrano, do Salgueiro, de toda parte.
Eram dois shows, sempre nas noites de quartas e sextas. No primeiro, aqueles bambas se apresentavam sob a direção musical de Zé Kéti. No segundo, brilhavam Cartola e seu violão. Seguia-se o grand finale, no qual um convidado ilustre recebia a Ordem da Cartola Dourada, criada por Hermínio [Bello de Carvalho]. (...)
Foi Hermínio quem levou Paulo César ao Zicartola. Um fato importante na vida do então bancário, pois ali ele ficou conhecendo sambistas que, em sua timidez, eram entidades inatingíveis. Mais importante: passava a ser um deles. Desde sua estréia no primeiro show da noite, cantando sambas dos outros, causou forte impressão. Inclusive em Cartola, de quem Paulo César se aproximou humilde, cheio de cerimônia. O encontro dos dois é historicamente significativo, verdadeira passagem de bastão, sem que no entanto se tivesse consciência disso. Muito do que Paulo César estava por fazer – manter a tradição, sem maculá-la, requintar o samba sem deformá-lo – Cartola já vinha fazendo. Não fossem ambos tão tímidos, tão reservados, e seria inevitável se tornarem parceiros. Mas Zé Kéti também se encantou com o som do violão de Paulo César, sua musicalidade, sua voz terna, afinada, que combinava o timbre de autêntico sambista de escola com a técnica precisa de crooner profissional. O diretor musical do restaurante logo anteviu
 no moço de 20 anos um novo bamba. Copmentou isso com o jornalista Sérgio Cabral, que na época assinava, com José Ramos Tinhorão, uma seção de música popular no Jornal do Brasil e era mestre de cerimônias no Zicartola. Sérgio concordava. Mas achava que, definitivamente, Paulo César não era nome de sambista.
– Que tal Paulo da Viola? – indagou Zé Kéti, certamente inspirado em Mano Décio da Viola, veterano compositor do Império Serrano.
– Paulinho... Paulinho da Viola é melhor – completou Sérgio.
E assim Paulo César Baptista de Faria foi rebatizado para todo o sempre.” 

O vídeo é Clementina de Jesus, no Zicartola cantando "Ensaboa". 
Ai, ai que tivéssemos um lugar aqui em Buraco onde fosse realmente legal ir, tomar umas cervejas, ouvir umas músicas legais, conversar com pessoas queridas, etc.

sábado, 5 de junho de 2010

“A INTENSIDADE DA PUNIÇÃO NÃO DEVE ESTAR ASSOCIADA À GRAVIDADE DO DELITO”

Este é o jargão mais repetido durante as aulas de Jornalismo Policial a que tenho que me submeter todas as manhãs de quinta-feira, precisamente às 7h da manhã. No início, eu costumava detestar as aulas, achá-las enfadonhas ou ideologicamente desviantes. Depois que li com atenção um dos textos utilizados como bibliografia básica e de perceber que a má fama do professor responsável pela disciplina deve-se mais a seu rigor avaliativo do que necessariamente ao seu mau-caratismo (não detectado por mim – o homem parece ser boa pessoa), percebi que este jargão é importante, ao mesmo tempo em que é difícil de ser aplicado: como crer que uma dada punição deva ser aplicada ser levar em consideração o que se sente em relação ao delito que supostamente engendra esta necessidade punitiva? Haja racionalismo para enfrentar esta situação, visse?

Dentro, portanto, de minhas medidas pessoais para “criar outros tantos demônios” (sem precisar matar os anteriores, diga-se de passagem, apenas reabilitá-los a nosso favor), creio que o enfrentamento risório dos problemas é sempre uma pedida válida – mesmo que estes sorrisos incomodam outrem. Ontem, disseram-me, de forma iracunda, que meu sorriso é irritante. E eu pouco liguei para isso e continuei a sorrir. Estava me sentindo bem. Precisava pôr isso para fora. E, enquanto eu sorrio, Alejandro Jodorowsky faz CINEMA com letras maiúsculas!

Wesley PC>