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terça-feira, 15 de junho de 2010

Promessa cumprida


Porque promessa é promessa.
Porque são dias impagáveis os que nos juntamos.
Porque eu morri de rir com os desenhos que Jadson assitia quando era pequeno. Uma mulher toda cor-de-rosa, com uma dança para lá de drag e ele ainda ousava dizer que ela era cor-de-rosa, mas que tinha estilo.
Tudo bem. Nada a ver essas coisas com Tetê Spíndola e Clementina de Jesus, não é?
Não.
A gente inveredou, noite dessas, em assistir a tudo que era vídeo condizente com a nossa vida. E de Patrícia Marx a Diana e a desenhos toscamente animados, chegamos a ver esse encontro para lá de inusitado, boquiabertos.
Tiago, com urgência, falou que precisava muito ouvir mais Clementina de Jesus.
Eu, baixei o Pássaros na garganta de Tetê.
De todos a que mostro o encontro ouço: é insuportável ouvir Tetê. Odeio a voz de Tetê. É irritante ouvir Tetê.
Nós somos o outro lado. Rimos. Admiramos.
De qualquer forma, boa descoberta. Além de ter tido contato com uma foto muito peculiar que me passara uma mensagem de um encontro não acontecido na infância.... (preferi ser obscura proque se eu dissesse que morri de rir com a foto que vi, levaria um sermão....).
Enfim, sempre é mágico estar perto dessas pessoas enlouquecidas, gritantes do Maracujá mais erótico que já vi.

Da mágoa.


Constatei, com tristeza, que sou uma pessoa que carrega mágoas. E as carrego de uma maneira singular. Por isso, sempre me emociona ouvir essa passagem inteira do dvd da Elis Regina - dirigido, pasmem, por Daniel Filho para um especial da Rede Globo intitulado "Série Grandes Nomes" exibido em 1980. As músicas do trecho são Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues), Atrás da Porta (Chico Buarque) e Essas Mulheres (Joyce).
Gravei na memória essa imagem de uma mulher bonita, um palco apenas com uma cadeira e os olhos da moça manchados com lágrimas negras.
Eu havia visto tal imagem de relance, numa das correrias de criança pela casa. E paralisei à época.
Há uns dois ou três anos, de tanto falar nessa imagem, agora nomeando a moça bonita com lágrimas negras de Elis Regina, ganhei o dvd. E sempre parava no trecho. E sempre sentia a mesma coisa de quando eu era criança.
Ontem, constatei o motivo. A letra de Lupicinio Rodrigues diz muito de como eu sinto mágoa.
Não odeio. Não detesto. Esqueço o gosto amargo da raiva com muita pressa. Porém, não consigo mais dar "carinho nem afeto" apesar de ser capaz de oferecer o meu teto.
Nomeio a isso de mágoa.
E eu sou dessas. Talvez fosse mais feliz de outro jeito. Mas, uma vez que alguém sai de meu coração: sai para valer. Não cismo com facilidade, mas quando cismo é para sempre.
Por isso o gosto por músicas "dor de cotovelo", por Almodóvar, pelo drama. Por isso os exageros, a entrega.
Sou brega. Desde pequena.
E a música, essa em especial, me fez conhecer um pouco mais de mim.
Não duvido que essa tenha sido uma das apresentações mais emocionantes da carreira de Elis Regina.
Termino o post lembrando-me de uma outra letra: "A fonte secou" de Raul Moreno:

Eu não sou água pra me tratares assim
Só na hora da sede é que procuras por mim
A fonte secou
Quero dizer que, entre nós, tudo acabou
(Bis)

Seu egoísmo me libertou
Não deves mais me procurar
A fonte do meu amor secou
Mas os teus olhos nunca mais hão de secar (Bis)

Pois é. Apesar de brega e de magoada, sou alguém que se diverte. E, como já constatou junto comigo um grande amigo querido: "Adoro música de vingança". 

terça-feira, 1 de junho de 2010

A CATARSE ANTECIPADA

Antes de dormir, vi um filme surpreendente. Um filme que, na verdade, eram sete, mas que funciona muito bem justamente por ser coeso (ou quase, visto que o último segmento quase degringola o conjunto). Um filme que tinha tudo para resvalar no óbvio ululante, visto que sua proposta de amalgamação entre pornografia e arte é um tanto batida no universo ‘pimba’, mas que, ainda assim, conseguiu me deixar algumas horas em claro, pensando na experiência que havia penetrado meus sentidos minutos antes. Um filme que se chama “Destricted – 7 Vezes Erotismo” (2006), que é dirigido por sete conceituados artistas, com diferentes visões (e pré-conceitos) de mundo e que voltará a ser objeto de postagens futuras de minha parte, deslumbrado como consigo ser...

Para começo de conversa, queria destacar o segmento “Impaled”, conduzido por meu mentor cinematográfico-hebefílico Larry Clark, que assume que se utiliza da Sétima Arte para sanar seus delírios psicóticos mais extremos, em contraste com seus vícios conservadores (in)assumidos. No segmento, ele entrevista vários rapazes que responderam a um anuncio de jornal. Os meninos são perguntados sobre quando perderam a virgindade, sobre as preferências sexuais, sobre quando começaram a ver filmes pornôs e sobre as opções estéticas que implementam sobre seus pêlos pubianos. Todos mostram seus pênis para a câmera e um deles é escolhido para fazer sexo com uma atriz pornô diante desta mesma câmera. O escolhido, portanto, passa a conduzir entrevistas com várias estrelas do sexo filmado e, depois de escolher aquela que mais lhe apraz (uma empolgada mulher de 40 anos, que se atira sobre ele – algo que tanto eu quanto o Larry Clark desejavam também fazer!) comenta que o sexo anal lhe incomoda um pouco porque ele sente nojo de perceber os resquícios de merda sobre sua rôla. E eu estava lá, cúmplice de toda esta brilhante experiência, gemendo de gozo e satisfação, ciente de que o hipermodernismo pode também dar origem a uma obra tão inspirada e sensual como esta!

Terei novas oportunidades para comentar os demais segmentos do filme, mas esta obra-prima em média-metragem de Larry Clark merece encômios demorados de minha parte. O modo como as entrevistas (em ambos os momentos do episódio) são conduzidas e a sensualidade inerente a todo o contexto interrogativo e posteriormente produtivo me deixou em estado de transe, satisfeito por perceber que o diretor está evoluindo politicamente, que seus anseios antropológicos e pervertidos estão cada vez mais serventes a uma causa ampla, na qual eu me incluo como beneficiado curativo. E olha que eu estou a falar de um profissional com 67 anos de idade, que, desde a década de 1960, engendra radiografias maravilhosas do universo adolescente, como esta que emoldura esta postagem, de nome “Teenager Asleep”, constante do livro de fotografias “Teenage Lust” (1975).

Larry Clark é um gênio catártico – e eu sou seu fã incondicional!
Preciso dele para me sentir e fazer o bem...

Wesley PC>