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domingo, 7 de novembro de 2010

Aos parasitas, cristãos e parasitas-cristãos.

1 - Todos tem direito a todos os vícios, cada um tem o dever de sustentar o seu próprio.

2 - Ajudemos uns aos outros: você lava e passa minha roupa e eu banco tua cerveja.

3 - O dinheiro não é um mal necessário, o trabalho sim.

4 - Quer ter prazer no trabalho, seja um gigolô.

5 - Tem gente que fuma maconha, tem gente que vai a igreja. E tem gente que faz as duas coisas.

6 - Tem gente que odeia gente.

7 - Tem gente que tenta se matar, tem gente que se mata. Mas todos tem o direito de morrer.

8 - Cristo, dizem, ensinou o amor. Os cristãos praticam sei lá o que.

9 - O amor é passível de interpretações?

10 - "Farinha pouca, meu pirão primeiro!"

sexta-feira, 23 de julho de 2010

MINHA BOCA LASCOU HOJE!

Fazia um bom tempo que eu não trabalhava tanto quanto hoje.
Tanto que, em dado momento da noite, estive diante do marido de um nutricionista.
Este me disse que eu estava bebendo pouca água.
Eu estou bebendo pouca água?
Se sim, por que estou com vontade de mijar agora?!
Aqui comigo, trabalha um menino que mija de vez em quando.
De vez em quando também, a gente se cruza no banheiro.
Eu rio com a coincidência espacial, mas ele não gostou disso.
Por isso, bebo mais e mais água.
De maneira que teve um momento que eu atendi ao marido de um nutricionista.
Este me disse que eu estava bebendo pouca água?
Eu vou beber água agora, volto já.

(...)

Pronto, voltei!
Aproveitei e mijei também.
Aproveitei que já estava no banheiro e me olhei no espelho.
Ao me olhar no espelho, percebei que meus lábios estavam lascados.
Talvez eu tenha me estressado demais.
Talvez eu tenha bebido pouca água.
Talvez eu não tenha trabalhado tanto quanto hoje nos últimos dias.
E estou vestindo uma camisa vermelha, mais velha e bonita que esta da foto.
E me deu vontade de beber água de novo...
Mas vou esperar um pouco.
Estou baixando um filme do Takashi Miike.
Além disso, vou trabalhar amanhã.
Além de amanhã, vou trabalhar domingo.
Além de domingo, vou trabalhar segunda.
E terça.
E quarta.
E quinta.
E sexta.
E minha boca...

Wesley PC>

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Fim de férias


Hoje foi o me primeiro dia de trabalho, depois de me recompor, (se é que isso seja possível) durante trinta dias, do estupro provocado pela venda da minha força e do meu tempo ao Estado, que me paga por isso em longas e pequenas prestações, volto ao sacrifício que me põe num status de não marginalizado(sera?), sou um pequeno parafuso que junto com tantos outros sustenta a engrenagem de sistema maligno que comanda nosso modo de vida.
Todavia tenho lidado com isso de uma forma estranha e junto com o envelhecimento progressivo e rápido do meu corpo entro num processo de estranhamento comigo mesmo que me põe crise. Tentando avaliar esses dias de descanso concedida pelo aparelho estatal, fiz ao fim muita coisa? E não sei, mas sinto como se tivesse feito e não feito, isso tudo é muito estranho!
Dentre uma das atividades, foi acompanhar um seminário de literatura e cultura na universidade, e eis que no primeiro dia ou no segundo um professor afetadíssimo quis criar polêmica, dizia ele que a literatura feminina brasileira até meados dos anos setenta não dava voz para o outro e não apresentava nada de novo, a literatura de Clarice Lispector por exemplo estava preocupada apenas com as angústia da mulher burguesa. Não estudo teoria l iteraria , porém, já li muito da literatura brasileira, não o suficiente é claro, mas o suficiente pra saber quê o que este proto-irônico professor dizia era totalmente infundado e imbecil, porém a plateia aceitou, ao menos não se manifestou de modo contrário a não ser a voz tímida de uma professora.
Mas depois de conversar com uma amiga minha mais entendida sobre o assunto fiquei mais aliviado, a mesma concordou com meus questionamentos e colocou outros.
Mas no último dia de evento o professor que estava sendo homenageado abriu a boca e desmontou a fala anterior, simples e extremamente fundamentado, entre outras coisas dizia ele que os estudos culturais são importantes mas vazios se quando analisa a literatura esquece que ela é antes de qualquer coisa linguagem e Clarice Lispector fez da sua escrita uma experiência inovadora da linguagem na literatura brasileira.
Percebi ali um sensatez discursiva que me fez bem, senti que minha consciência amadureceu junto com o meu corpo e isso no fundo eu acho muito bom.
Enfim de volta ao trabalho!


Jt

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Boas conversas sobre maus tempos

Digo logo: parte dessa (postagem) é endereçada (risos) porque surgiu da boa conversa que tivemos.

É sempre bom ter boas conversas com as pessoas. Especialmente com as que a gente gosta.

E devanear é sempre proveitoso. Pois, entre loucuras, eis que surge algo que faz sentido. Nada psicanalítico, mas falando a gente elabora pensamentos e pode chegar a conclusões necessárias para solucionarmos algo em nós.

Foi assim que se deu comigo. Falando com uma amiga querida sobre trabalho, relações profissionais, sobre ter chefes, sobre ser chefe… Inevitavelmente falamos sobre poder. Sobre abusos de poder. Sobre exercício do poder.

Cheguei à conclusão, depois de muita conversa despretensiosa e de muito desabafo e de ter feito uma analogia entre uma empresa em que a amiga com quem conversava trabalhou e uma escola onde ensinei, de que eu, cinco anos depois de ter saído da tal escola, ainda sofro conseqüências do poder exercido pela coordenação do lugar.

Depois de ter pedido demissão (forçada posto que a condição de trabalho, psicologicamente falando, era para adoecer qualquer pessoa) , nunca mais coloquei currículo em escola alguma: eu que adorava ensinar, que tinha uma relação legal com os alunos, que tinha tantas idéias e tanta vontade de colocá-las em prática por mais tempo para apurar um método, etc.

Medo de as escolas se comunicarem entre si, medo de uma determinada figura de lá dar informação mentirosa sobre mim para me queimar… Medos que parecem descabidos, mas que são justificados pela filosofia do lugar. Pela filosofia fodida que eles sempre fizeram questão de incutir na cabeça dos professores: de que a fila fora da escola estava cheia de profissionais querendo emprego, querendo a vaga que ocupávamos ali, que a escola era conceituada e que Buracaju era pequena, que todos se conheciam, que um professor para ser "estrela" tinha que fazer e prezar o nome, cuidar da imagem, saber ser um marqueteiro pessoal, etc, etc. Faz tanto tempo que agora não me resta muita lembrança das ameaças em si. Mas, uma coisa é certa: ficou o medo. Ficou a sensação de insegurança.

Eu era muito jovenzinha. Ainda nem havia saído da Universidade. E nesse emprego acontecia algo muito paradoxal: eu era feliz dando aulas e era infeliz ao me relacionar com a coordenação.

O estopim se deu com a morte de minha mãe. Eu tinha direito a três dias para resolver problemas, tais como entrar com o pedido de auxilio funeral no IPES (minha mãe era funcionária do Estado), etc. No segundo dia em que eu resolvia os problemas e vivia o luto mais forte que podia viver, uma coordenadora me liga e pede para eu ir imediatamente para a escola. Independente de eu ter direito aos três dias, dizia ela, eu precisava ter bom senso, pois a escola precisava de mim.

Era mau senso meu. Era para depois do entrerro de minha mãe, no mesmo dia, eu ir trabalhar como se tivesse "ido ali" apenas.

Eu estava sem pai, sem mãe, sem nenhum parente e sem a menor condição psicológica de continuar no emprego. Estava estilhaçada, em frangalhos. A alma doía.

Tive apoio daquele que se tornou meu companheiro. Saí do lugar. E nunca mais me recuperei das dores.

Concluí a universidade. Trabalhei em outros lugares. Passei em concurso. Minha visão acerca do trabalho mudou muito depois de muitas leituras e das experiências por que passei, etc. Abri mão do concurso para fazer o mestrado (sempre com o apoio de meu companheiro).

E as conseqüências do que vivi nesse primeiro emprego me perseguem até hoje. Eu não consegui me desvencilhar da violência simbólica que sofri.

Eu não admitia que não ter procurado outra escola para ensinar era por conta desses medos, dessas relações. Descobri assim: conversando.

Foi algo muito importante. E só o começo de uma provável superação.

Agora, escrevendo, senti o gosto amargo daquela época na boca… Hora de parar.