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segunda-feira, 21 de março de 2011

"E fui andando, voltei ao zero, um recomeço é uma forma de se encontrar..."

 Hoje é segunda-feira 21 de março do ano de 2011. Segunda-feira chorosa diria eu que fui me despedir de meu grande amigo Jadson que partiu para Brasília agora há pouco. Para mim que tentei, depois do almoço dizer coisas que são indizíveis para alguém de quem gosto muito e me vejo cada vez mais apartada. Para mim que assisti, como despedida, junto a esse amigo que parte com viagem de volta já marcada (graças ao Deus do tempo) a um episódio da série Glee (episódio em que o pai de Kurt Hummel sofre uma parada cardíaca, fica em coma, enfim...). Para mim que, enfim sou dessas que choram. Ainda que seja assistindo a uma série musical de televisão. Para mim que reassisti Lua de Fel num momento tão específico de minha vida. Para mim que vi pela quadragésima vez Maria Bethânia em Amor, Festa, Devoção rasgando-se em interpretações belíssimas num palco forrado de rosas vermelhas.
Para mim que me admirei com essa mesma Maria cantando "Queixa" de maneira tão particular junto a Tiago, ontem.
Enfim, a segunda-feira é sim chorosa. Chorei no Circular Shopping 01, chorei no banheiro da UFS enquanto escovava os dentes e sorria ao mesmo tempo por ser capaz de cena tão melodramática bem à Almodóvar.
E depois de constatar que a segunda-feira era chorosa, constatei que também era como se fosse um tipo de motivo para um recomeço. E lembrei de um trecho de música que não sei onde nem com quem nem em que voz ouvi que diz a frase inicial: "...e fui andando, voltei ao zero, um recomeço é uma forma de se encontrar".
De alguma forma, considero essa segunda-feira um recomeço. Talvez um pouco como uma nova data de nascimento. E como todos os bebês que não choram, levam tapinhas no bumbum para chorar, eu, que já levei muita surra da vida, não poderia deixar de chorar no dia de meu nascimento.
Espero que seja sim um nascimento. Que eu me encontre nesse recomeço, pois sinto como que voltando ao zero. Outra vida nova em tão curto espaço de tempo.

*****

Não prometo amigo cuidar da saúde porque tenho horror a médicos. Vou tentando...em situações em que o pescoço coce e arda muito, por exemplo, numa situação aqui noutra ali, vou procurando essas figuras de branco, impessoais e estranhas que nos olha, diagnostica e manda embora em quinze minutos dizendo que a gente tem uma vida muito agitada e tem dermografismo. Mas, vou ficar bem, vou ficando bem, ainda que não saiba porquê nem para queê. Mas, vou indo...Se é assim que tem que ser...assim será.

*****

Queixa

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Amiga, me diga...

sábado, 8 de janeiro de 2011

O Corpo e a Morte

A idéia que tenho de um corpo que morre

É que ele diminui.

O corpo do morto é um corpo menor.

Mas a morte, não!

A morte é máxima.

A morte se verte larga e mais se alarga.

Sai de fonte que não seca.

A morte existe,

A vida também.

Mas a vida consome.

A morte, não!

A morte amplia.

A morte é sempre máxima,

Natureza implacável, verdadeira

Solidão.

O corpo quando encontra a morte é

Porque encontra o ponto da

Máxima solidão.

O corpo do morto é um corpo menor

E um corpo distante.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Bom Velhinho


João do Baleiro vestia a roupa do papai Noel no dia de natal. Saía pelas ruas distribuindo balas às crianças e a quem por ele se afeiçoasse. Era como uma identidade secreta, fantasiado do bom velhinho. A mesma roupa especial ele usava há muitos anos. O corpo cada vez mais esquálido, encardido e desengonçado, perambulava as ruas. Mancava da perna direita e esse era o detalhe que para ele era a chave de seu segredo. No dia de natal e, somente nesse dia, ele não usava muletas. Ficavam guardadas, escondidas sob o colchão velho, como se um dia alguém tivesse tido a curiosidade de descobrir a verdadeira identidade do Noel aleijado. As crianças corriam como se enlouquecidas quando ele, com apito, anunciava a chegada. Gritavam “Jogue aqui, papai Noel! Papai Noel, jogue aqui!” Era sempre uma festa. Durante todo o ano ele economizava parte de sua pensão do INSS para, naquele dia especial, distribuir os doces.

O resto dos dias do ano, João do Baleiro era João do Baleiro e só. Há tempos não sabia o verdadeiro nome. Quando estava sem a roupa vermelha do natal, ele exibia no braço a tatuagem escura com o rosto de uma mulher. Quando lhe perguntavam quem era, respondia: “uma dona aí”. “Daqui num sai mais nunca” – ele dizia. E não sairia mesmo, pelo menos até que lhe comessem as carnes os bichos miúdos do cemitério. Não sairia da pele nem da cabeça.

Contava então os dias para o natal. Os meses passavam numa vagareza só, até chegar dezembro, quando ele começava a pechinchar as balas, quando finalmente, em 25 desse mês, ele se transformava em Papai Noel. E durante todo esse dia, jogaria as balas a pedido da criançada, e se esqueceria que, à noite, não pregaria os olhos com uma dor insuportável nas pernas por causa da falta das muletas e que passaria completamente sozinho.

Uma história comum


Durante o dia, sob o sol e o barulho anônimo de pessoas outras pelas ruas, nos transportes coletivos, no trânsito, nos escritórios, nas lanchonetes e em praças e por todos os lugares da cidade, ela vivia muito bem. Disfarçava seus medos e sua solidão em pequenos cuidados e era, assim, uma pessoa atenta e prática.
À noite, trancada em seu minúsculo apartamento, sentia o peso de tudo aquilo que ela esquecera sob o sol. A lua, fosse minguante ou cheia a enlouquecer também a sua cabeça, a lua trazia o mais fundo dela para a pele. Ali, na beira de si, ela não sabia o que fazer com ela mesma.
Ouvia música, lia, tomava vinho, telefonava. Mas, a lua estava ali, ameaçadora e espelho. O espelho do de dentro.
Masturbava-se e se sentia triste quando deixava a porta entreaberta e o zelador, pontual, vinha a espreitar-lhe. Entrestecia de uma tristeza estranha porque fora ela quem começara o jogo exibicionista.
No outro dia, pela manhã, olhava-o e nada sentia: vazia. Era como se ela fosse só o líquido gozo e ele a tivesse sugado para dentro dele com o olhar apenas. Ele a bebera de longe, sugara o seu mel e o seu leite. A ferida sarava no quente da manhã, no quente do dia. O sol. E ciclicamente a lua. Sol. Lua. Solidão. O mel. A ferida. A repetição e o fim. Em sua lápide, palavras que nada diziam sobre ela, verdadeiramente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Odores

"A noite, eu Ariana, preparando aroma e corpo".

Não lhe saía da cabeça os tais versos.
Segurou o copo com força. Pensou que se o quebrasse, ao menos o sangue…o sangue viria à tona. E precisava bastante de erupções.
Segurou, então, com muita força e nada rompia ali: nem noite, nem copo, nem alguma figura fantasmática pela porta.
Nenhuma palavra rompia aquele silêncio. Então decidiu gritar.
Gritou para dentro mesmo de si. E descobriu que não havia silêncio porra nenhuma. Ela tagarelara a noite inteira. Sua mente não fez silêncio para o dentro de si dela. E agora, aquela de palavras a romperem silêncios!
O silêncio é o caralho!
O copo rachou o espelho e não se partira.
Bom o material, concluiu. Caíra fofo no tapete. E ela bipartida, com a cara deformada, no espelho era uma figura patética.
Era melhor pegar um livro, fingir que nada aconteceu, limpar a cara torta pelos tantos copos de wiski barato e esperá-lo.

O que rompeu foi o dia: bem na cara dela o sol parecia de meio-dia.
Sentiu que esteve só o tempo todo. Tudo igual: espelho, copo no tapete que molhara e secara deixando um cheiro de álcool estragado. Como se pudesse álcool estragar, apodrecer…

O que apodreceu ali?

Tomou um táxi. Mas, o cheiro, o cheiro a acompanhava.

P.S.: A tela é "Mulher ao espelho", de Pablo Picasso e o verso é de Hilda Hilst.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ALGUÉM ME AJUDE!!!

Antes de pedir a tal ajuda, uma explicação sobre quem sou eu, para quem esteja a desconfiar de minha ausência: chamo-me Wesley, tenho quase 30 anos, estudo Jornalismo na UFS e trabalho com burocracia e gente que grita mesmo sem ter razão. Recentemente, tive acesso a 13 filmes de um cineasta espanhol de nome Eloy de la Iglesia, homossexual, ex-viciado em heroína, morto. Um artista que adotou um delinqüente juvenil muito bonito e também viciado em heroína com um filho com quem podia fazer sexo. Não há quase nada sobre ele em português, mas seus filmes são ótimos. E eu me tornei dependente dele. Estou viciado! Não consigo parar de ver e comentar seus filmes, mas, como quase ninguém o conhece, soçobro na solidão. Preciso de ajuda: alguém se habilita a ver os filmes de Eloy de la Iglesia comigo?

Este fotograma postado pertence ao último de seus petardos a que tive acesso: “Os Prazeres Ocultos”, de 1977. No centro da trama, um banqueiro que vive sua homossexualidade prática na surdina de sua vida social elevada e erudita. Até que ele se apaixona por um menino pobre de bairro. Que nem eu. E dá dinheiro, emprego, motocicleta, prostitutas... Tudo que o menino quer. Que nem eu. Até que ele não mais se contém e revela que ama o menino. Que nem eu. E o menino fica com raiva, mas já tinham desenvolvido uma amizade com reservas... E o filme segue, pois ainda está no começo. Toda a minha vida futura/potencial passou diante de meus olhos naquela sessão! Preciso de ajuda: alguém se habilita a ver os filmes de Eloy de la Iglesia comigo?

Wesley PC>

sexta-feira, 25 de junho de 2010

MAIS ALGUMAS LINHAS SOBRE MEU DESENTENDIMENTO PRÁTICO ACERCA DO AMOR...

[linhas suprimidas]

Conforme dito acima, fica, portanto, a conclusão de que eu e Jadson, para ficar em apenas um exemplo lato, diferimos muito na aplicação pragmática de nossos conhecimentos sobre o amor. Ele age de uma forma, eu, de outra, em equivoco. Faço a linha “errador contumaz”, por isso, não entendi bem o que ele quis dizer com a diferenciação (ou era conjunção?) kierkegaardiana entre amor e perdão. Fuça aqui a lembrança falha a ser corrigida...

Na tarde de hoje, planejo ir ao cinema, ver “O Golpista do Ano” (2008, de Glenn Ficarra & John Requa). Apesar de o título do filme, cartaz do mesmo e a protagonização de Jim Carrey façam parecer se tratar de uma comédia, a sinopse deixa antever que um forte drama potencial sobre o que leva uma pessoa a se assumir como homossexual criminoso depois de uma vida pregressa levemente estabilizada se instaura diante do público, o que, com certeza, não será bem-quisto pelos conservadores violentos que, com certeza, estarão enganosamente presentes à sessão. Vou ver o filme com medo, um medo herdado do Belchior que ouvi pela manhã, e talvez sozinho. A depender do que sinta, voltarei aqui para comunicar o que achei...

De resto, espero que o primeiro parágrafo desse texto deixe claro o que eu quis dizer sobre...

[conclusão textual igualmente suprimida]

Wesley PC>

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Iguais















Fora ao caixa eletrônico. Na saída:
- Tia, compra dois pães para mim, para passar o frio?
Chovia fino. Como escrevera certa vez Machado de Assis: peneirava. Estava em frente ao supermercado. Falou umas palavras ininteligíveis. Esteve confusa. Atravessou a rua e entrou no supermercado. Na saída:
-É tudo para mim?
- Sim. Os pães que você pediu e um iogurte.
Olharam-se.
O brilho nos olhos é que eram indizíveis.
Ela se foi. Estava com vergonha. Sentia culpa: deveria ter-lhe pedido um abraço.
Por um momento lembrou-se que também era pedinte. Estava com a alma maltrapilha. Como já lera em uma escritora, sua favorita.
Mas, ali não era literatura.

sábado, 5 de junho de 2010

HÁ QUEM ME QUEIRA!

Por mais que já esteja banal a visão de meu corpo nu, admitamos que minhas gotículas espermáticas não são vistas com freqüência. Seja por mera falta de oportunidade, seja por uma discrição ejaculatória de minha parte, pouquíssimas pessoas me viram ejacular até hoje, o que é compreensível dentro de meu exótico processo de virgindade prática. Qual não foi a minha surpresa, portanto, ao abrir um de meus endereços virtuais na madrugada de hoje e encontrar uma mensagem de um conhecido que atendi no DAA dizendo que beijar a minha boca equivale ao desejo de tirar uma fotografia com um dado ídolo midiático. Achei engraçado, mas, como não sei frustrar por completo ilusões alheias, deixei um gracejo na página virtual do rapaz. E fui dormir, pois eu estava com sono.

Acordei cedo, li um pouquinho de literatura ambientalista e, à tarde, quando via um filme bobo argentino com minha mãe, cochilei ainda durante os 20 minutos iniciais. Terminei dormindo por mais de 2 horas e, ao acordar, tive que rebobinar o filme. Em virtude de minha mãe precisar ver suas telenovelas recorrentes, precisei interromper a sessão do filme. Falta ainda metade de sua projeção.

Esta metade de filme bobo argentino, porém, já é suficiente para que eu esboce alguns comentários e comparações com minha vida pessoal. Primeiro, vale ressaltar que a expressão “filme bobo argentino” nem de longe é demeritória, visto que até mesmo os filmes bobos deste País sempre fazem questão de interligar os problemas românticos dos personagens a um contexto socioeconômico mais geral. Segundo, o filme em pauta [“Amorosa Soledad” (2008), de Martín Carranza & Victoria Galardi] irá agradar, com certeza, alguns dos visitantes regulares deste ‘flog’, Tiaguinho à frente.

A trama é bem simples: uma moça neurótica de nome Soledad (coitada! Arrastar a solidão até mesmo em sua configuração nomenclatural ao longo de anos e anos de envelhecimento) é abandonada por seu namorado e decide que, dali por diante, irá viver sozinha, sem depender de ninguém (pelo menos, no plano erótico). Sua principal diversão é ficar debaixo de um lençol com a filha pré-adolescente da vizinha, brincando de adivinhar nomes de doenças em intervalos limítrofes de tempo. Até que, um dia, conhece um homem numa lanchonete, com o mesmo nome de seu ex-namorado. Ele estava sozinho. Ela era sozinha. “A solidão é aquilo que nos une?”, pergunta ele ao saber o nome dela. O que acontece depois eu não sei ainda, pois tive que interromper a sessão. Mas conto aqui depois, se vocês quiserem, visse?

Voltando a mim: então, alguém quer me ajudar a derramar mais um pouquinho de leite macho?

Wesley PC>

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Hoje acordei sem vontade de acordar













Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar
como pode alguém ser tão demente, porra louca
inconsequente e ainda amar, ver o amor
como um abraço curto pra não sufocar
ver o amor como um abraço curto pra não sufocar!