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sexta-feira, 18 de março de 2011

18/03/2011

Noutra época o dia de hoje seria um dia muito feliz em minha vida. Mas, hoje não é. É um dia que não é triste de maneira alguma, pois eu continuo comemorando o fato que noutra época me deixaria bastante feliz. Mas, sinto uma pontada no peito porque não é mais como era ainda que nenhum dia 18 fosse igual aos outros tantos dias dezoito.
Acordei as duas da manhã, depois de ter sonhos que não foram bons. O coração apertado de angústia. Demorei a dormir de novo. E o dia dezoito me veio logo à cabeça.
Na incrível vontade de vencer as coisas ruins, pensei: dezoito: 1+8= 9
Nove é um número carregado de significados para mim.
Então, pedi força, pedi coragem e quis mesmo ter mãos de adentrar meu peito e arrancar a dor a sangue e vísceras de dentro de mim.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Iguais















Fora ao caixa eletrônico. Na saída:
- Tia, compra dois pães para mim, para passar o frio?
Chovia fino. Como escrevera certa vez Machado de Assis: peneirava. Estava em frente ao supermercado. Falou umas palavras ininteligíveis. Esteve confusa. Atravessou a rua e entrou no supermercado. Na saída:
-É tudo para mim?
- Sim. Os pães que você pediu e um iogurte.
Olharam-se.
O brilho nos olhos é que eram indizíveis.
Ela se foi. Estava com vergonha. Sentia culpa: deveria ter-lhe pedido um abraço.
Por um momento lembrou-se que também era pedinte. Estava com a alma maltrapilha. Como já lera em uma escritora, sua favorita.
Mas, ali não era literatura.

domingo, 30 de maio de 2010

Quando o trágico não tem o lirismo de Antônio Carlos Viana (leia-se: uma visita forçada ao hospital João Alves)


Madrugada do dia trinta de maio, o carro apresadamente subia pelos quebra-molas e sacudia o meu corpo e a cabeça rasgada de uma bela moçoila, a madrugada estava fria, assustadora.
Terríveis pensamentos. No balcão burocracia, burocracia, burocracia e o sangue jorrando,jorrando. Local: Hospital, nome do estabelecimento: João Alves.
Lágrimas desesperadas de um homem apaixonado, assustado.
Entregando-se a toda boa sorte e enquanto girava a roda da fortuna eu aguardava impotente, impaciente no suspense, o frio calava.
O corredor se abria a meus olhos, fui convocado e pedaços de pessoas por todos os lados, seios sem vida de uma velha mucha se mostrava num entre abrir de um banheiro, havia dedos espalhados, olhos esbugalhados, ossos expostos ensanguentados, tosses engasgadas, vômitos, desencanto, miséria, fome, tristeza, perda, amontoados de corpos tratados, maltratados,mastigados, abusados, violentados, dores, castigo, culpa, roubo, vísceras, tripas, desespero, desespero, desespero, um homem sem dedo, outro sem alma, uma mulher pálida outra esquálida, objetificados, corpos sem nome, sem dono, jogados, amputados, marcados, capotados, enclausurados no limbo do esquecimento, eram apenas pedaços de vida.
A moçoila foi atendida, costurada, exposta na viela de um corredor onde pessoas gritavam, choravam, clamavam, pediam, sofriam, sangravam e reivindicavam ao leu um espaço de esperança. Enfaixada, com fome, com susto, com medo, com vontade, ainda tinha em sua face a vontade de continuar, eis que vejo uma placa: Capela, mas dentro nenhuma vela, nenhum altar, estava vazia e nem parecia.
Era manhã do dia trinta de maio e voltamos menos para casa.

J