
Hoje foi o me primeiro dia de trabalho, depois de me recompor, (se é que isso seja possível) durante trinta dias, do estupro provocado pela venda da minha força e do meu tempo ao Estado, que me paga por isso em longas e pequenas prestações, volto ao sacrifício que me põe num status de não marginalizado(sera?), sou um pequeno parafuso que junto com tantos outros sustenta a engrenagem de sistema maligno que comanda nosso modo de vida.
Todavia tenho lidado com isso de uma forma estranha e junto com o envelhecimento progressivo e rápido do meu corpo entro num processo de estranhamento comigo mesmo que me põe crise. Tentando avaliar esses dias de descanso concedida pelo aparelho estatal, fiz ao fim muita coisa? E não sei, mas sinto como se tivesse feito e não feito, isso tudo é muito estranho!
Dentre uma das atividades, foi acompanhar um seminário de literatura e cultura na universidade, e eis que no primeiro dia ou no segundo um professor afetadíssimo quis criar polêmica, dizia ele que a literatura feminina brasileira até meados dos anos setenta não dava voz para o outro e não apresentava nada de novo, a literatura de Clarice Lispector por exemplo estava preocupada apenas com as angústia da mulher burguesa. Não estudo teoria l iteraria , porém, já li muito da literatura brasileira, não o suficiente é claro, mas o suficiente pra saber quê o que este proto-irônico professor dizia era totalmente infundado e imbecil, porém a plateia aceitou, ao menos não se manifestou de modo contrário a não ser a voz tímida de uma professora.
Mas depois de conversar com uma amiga minha mais entendida sobre o assunto fiquei mais aliviado, a mesma concordou com meus questionamentos e colocou outros.
Mas no último dia de evento o professor que estava sendo homenageado abriu a boca e desmontou a fala anterior, simples e extremamente fundamentado, entre outras coisas dizia ele que os estudos culturais são importantes mas vazios se quando analisa a literatura esquece que ela é antes de qualquer coisa linguagem e Clarice Lispector fez da sua escrita uma experiência inovadora da linguagem na literatura brasileira.
Percebi ali um sensatez discursiva que me fez bem, senti que minha consciência amadureceu junto com o meu corpo e isso no fundo eu acho muito bom.
Enfim de volta ao trabalho!
Jt