Mostrando postagens com marcador Loucura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Loucura. Mostrar todas as postagens

sábado, 14 de maio de 2011

Falta inspiração e raciocínio


Hoje resolvi sentar a bunda e estudar , na verdade tentar escrever um texto que propus a apresentar na semana de filosofia aqui em Goiás, mas simplesmente não consigo sair de umas parcas linhas, estou com bloqueio criativo, queria tanto da uma guinada neste texto, estou com um monte de conceitos embaralhados na cabeça e não consigo concatená-los de modo a transformar em um texto, o máximo que consigo e refletir a cerca do nada e me angustiar.
angústia é o tema que tenho que discorrer sob a ótica do cristianismo kierkegaardiano, eu simplesmente entendo esse texto do meu jeito, mas preciso por isso no papel e não consigo, crise criativa, e velho eu preciso escrever transformar meus pensamentos em representações escritas, que porra é essa, estou num ambiente perefito para desenvolver algo legal, mais essa porra de texto é muito complexo, tem uns níveis de discurso que não consigo alcançar, angustia objetiva subjetiva, primeiro pecado, pecado hereditário, angustia como possibilidadea d possibilidade da liberdade, velhooooo que porra...
Colocamos a mesa fora para melhor a concentração, enquanto Joyce fica a ler sobre tragédia , eu sobre angústia, enquanto ela consegue escrever, eu tenho dor de cabeça,já se passam das 23horas voou deitar um pouco e daqui a pouco levanto espero ultrapassar essa crise , não tenho tempo pra essas coisas aqui.... preciso superar, alias superação é um termo hegeliano, e hegel é um espinho no meu pé, e se estou a falar pelos cotuvelos e que preciso reencontrar o fio de Ariadne para poder construir meu texto, alis esse texto tambÉm ira cumprir TAREFA para minha disciplina que faço na Unb, aiaiaiaiaai... socorro, pelos deus de Adãoooo, meus creditos acabaram e eu estou me fudendo sem gozar,, haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Loucura

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fragmentos

Cantada matinal: "Seu mundo caiu? Corre para o meu que ainda está de pé!".

Um pensamento: "Se minha casa pegar fogo, eu salvo o fogo".

Um caminho: intinerância. O absurdo e a graça num cheiro de goiaba.

O livro de Gabriel Garcia Marquez em minhas mãos e o pensamento voando em um avião a jato só para falar oi.

Os livros. Em minha vida, sempre os livros. E fluxo-floema por vinte contos em minha frente. Ousado. Verde e branco. Antigo e novo.
Eu sem nenhum puto. Lembrando: "Liberdade é pouco: o que eu desejo ainda não tem nome".

"A sua camisa é de um verde próximo ao da loucura". Sussurrado no ouvido. Bar cheio. Duas. Ela me disse assim: na lata.

Desde que me recebeu, a cidade d'Oxum: muita água, claro. Mas, uma palavra insite: FOGO...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Maria Bethânia - Show Drama 3º Ato (1973)



Lembrei-me, com toda a confusão, por falar em escândalo, de uma música que sempre achei engraçada:
Maria Escandalosa desde criança sempre deu alteração
Na escola, não dava bola
Só aprendia o que não era da lição
Depois, a Maria cresceu, juízo que é bom encolheu
E a Maria Escandalosa, é muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa

Maria Escandalosa desde criança sempre deu alteração
Na escola, não dava bola
Só aprendia o que não era da lição
Depois a Maria cresceu, juízo que é bom encolheu
E a Maria Escandalosa, é muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa

Hoje ela não sabe nada de História, de Geografia
Mas seu corpo de sereia dá aula de anatomia
E a Maria Escandalosa, é muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa

Maria Escandalosa desde criança sempre deu alteração
Na escola, não dava bola
Só aprendia o que não era da lição
Depois a Maria cresceu, juízo que é bom encolheu
E a Maria Escandalosa, é muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa

Hoje ela não sabe nada de História, Geografia
Mas seu corpo de sereia dá aula de anatomia
E a Maria Escandalosa, é muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa
Maria é muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa demais
Escandalosa é muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Psicótico: livre e solitário

O louco, me parece, é o único ser humano que vive a própria vida. Que pulsa um pulso espontâneo, de um modo não-automático.

O louco, me parece, é o único ser humano livre.

O louco, me parece, é o único ser humano a morrer uma morte verdadeiramente solitária.

O louco é o ser humano feliz mais triste do mundo.

O louco deixa de ser louco quando se cura da loucura. Ele passa a ser, então, um doente mental.

O doente mental está invariavelmente morto, mas sempre pensa que está vivo.

O louco pulsa vida ainda que na beira da morte.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Maura Lopes Cançado

Ouvi o nome dessa mulher na última roda de leitura que fui (porque ontem rolou a roda e eu esqueci).
Escreveu um livro chamado: Hospício é Deus.

Li umas informações na Internet e encontrei um trecho de seu livro nesse endereço aqui:


Impressionou-me sua escrita. Suas histórias. Seu anonimato já não me impressiona, pois tenho ficado sabendo de muitos escritores que são normalmente esquecidos no Brasil...

Porém  o título do livro-diário de alguém que esteve num hospício é de fisgar qualquer um, não é não?

Por que será que lembrei tanto de Tiago e de Jadson, hein?
Pelo amor que dividimos pela literatura? Pelo tema abordado? Pelas lendas que giram em torno da escritora? Pelo tipo de escritura? Por tudo isso junto mais o fato de eu amá-los tanto?

Hum...deixa-me pensar...

Pessoas, procurem por esta mulher! Vale a pena.
E encontrando o livro: me chamem, rápido!
Dividamos, dividamos.
Nos juntemos e dividamos.
Sempre.

domingo, 1 de agosto de 2010

Feliz Agosto!

Hoje é dia primeiro de agosto.
Nem tinha me dado conta disso.
É mês de cachorro louco e, esse ano, tem sexta-feira 13.
Aqui chove e eu tenho dor de cabeça.
Quero muito voltar para Aracaju, ver os amigos, contar novidades e ouvir todas as deles.
Um abraço forte para eu me sentir em casa de novo. Os risos de Jadão. Tiago e suas ausências. As risadas de PC. Os olhos de Soares. A cumplicidade e loucura de Tatola.
Saudade. Saudade. Saudade.
Começo já a uivar...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rabbits

Rabbits é uma série, dirigida por David Lynch, com oito episódios e, ao todo, dura mais ou menos 43 minutos.
São trÊs atores vestidos de coelhos, numa sala, a falarem coisas desconectadas uns com os outros. A cada entrada ou a cada uma ou outra descomunicação, ouvimos aplausos de um público, o que nos remete a programas cômicos de TV.
Nunca havia assistido outra coisa de Lynch que o Veludo Azul. A bactéria, a prostração, a insônia, me levaram a essa vontade de vê-lo mais.
Assim que terminei de assistir à série, que vim a saber é denominada por websisódios, uma vez que parece estar disponível no site do diretor, liguei para Jadson. Queria compreender, não no sentido já escrito e debatido por Tiaguinho, mas o problema é que nem mesmo sentir eu conseguia. Não me capturou nem pelo inteligível nem, pelo sensível e nem me deixoud esgrudar os olhos dos tais websisódios.
Queria ir até o final para saber se haveria algo mais. Os planos mais lembraram-me teatro filmado. Os sons, muitas vezes irritam. Assim como a ininteligibilidade. E o problema nem era eu não alcançar ou me sentir pequena por conta da não alcançabilidade. O problema era: o que é que ele qeuria com aquilo? O que transgredia? um jeito de se fazer cinema? Um costume de uma classe? O comprotamento do ser humano? A incomunicabilidade?
Jadson não havia assistido. E eu prometi que se eu procurasse explicações com as pessoas, na Internet, nos lviros, fosse onde fosse e a encontrasse, eu prometi que trataria de qualquer assunto, eu mesma, falando em árabe, em alemão, russo, japonês, de agora em diante.
Vim para o mais rápido e fácil: a lan hause. Não encotnrei grandes coisas que fosse diferentes das impressões que tive ao assistir à série.
Li coisas sobre o diretor ser "um profissional hiperativo que diz não conseguir ficar parado, sempre buscando alguma forma de realizar seu trabalho, seja no cinema, na tv, na fotografia ou em mídias experimentais como foi o caso de Rabbits, lançado inicialmente em seu site como websisódios".
Tenho que admitir que Rabbits é estranho, diferente e que vale a pena ver e buscar. Buscar não sei ainda o quê. Quem puder e quiser: me ajude.

E eu, assim imersa em bactéria e em David Lynch, quando escrevia esse post, recebi ligação de Wesley PC. Claro que não acho que seja por acaso.
 Ele me esclareceu coisas sobre o diretor, incluive falou sobre a saturação disso de ele ser sempre ininteligível, que ultimamente tem sido um teipo de "forçação de barra". Wesley junto com Jadson são dois monstrinhos comedores de filmes, né? Não viram essa tal de websisódio, mas sempre salvam, ajudam, esclarecem.
Vou continuar assistindo David Lynch. Já não vou me assustar com nada.
Gostei muito de Inland Empire. Vou olhar de novo para Rabbits. E tomara que essa bactéria saia logo de mim, porque revendo Naked Lunch, de David Cronenberg, quase senti uma enorme centopéia em minha garganta (invenção pura essa minha, agora) de tanto ela coçar.
Juro que o barato do pó, do inceticida, no filme, quase me fez espirrar e enxergar uma grande barata com boca falante e desejante de pó no meu velho computador!
Claro que o bichinho do qual mais gosto, no filme, é aquele quase escorpião meio bunda, meio pinto...
Ok. Isso não é um jeito bom de analisar nem de falar de filmes, né?
Além de infectada por bactérias, estou ficando sacrílega. Tmabém, pudera! Por que raios no Brasil não é Almoço Nu o nome do filme e sim "Mistérios e paixões", hein?
Bem, deixa eu voltar para meus contos, porque o cinema está me deixando confusa...


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Hilário!




















Ontem à noite quase não consegui dormir por conta de uma insuportável, insistente e tremenda...coceira no pé direito!

domingo, 9 de maio de 2010

Troco toda a escrevinhagem e toda a teoria por um abraço e um olhar cúmplice (título cafono-brega para respostas de fim de papo ou incío dele)

Como afirmei: continuo cansada de teorias. Continuo não achando muita graça em muita coisa e continuo achando graça em muitas outras: especialmente nas que geram emaranhados de tratados. Fazer concurso de doido seria massa, engraçado, especialmente entre a gente que não se mija e caga nas calças, né? Para mim, agora, tudo pouco é bobagem. E se a gente tiver que se cagar e se mijar, eu topo. Portanto que a gente não "academicize" o mijo e a merda!Tô sentindo falta do popular, acho: reminiscências de uma interiorana. Mas, quanto a nós, se fizermos um desses concursos: todos ganham e acontece empate. E a prenda será encher a cara e cometer mais loucuras! Contando que loucura não se mede, lógico.
Mas, falava no tópico-matriz de loucura e exclusão e não da nossa loucura, mas daquela dos que se mijam e se cagam mesmo. E que pode acometer a nós também. E daí, desejava saber o que acontece mesmo? Será que agiríamos como?
Lembrei-me de minha cidade de meninice e de minha mãe simplesmente pelo fato capitalista de ser o dia das mães.
Agora, no exato momento, estou dentro de uma representação. Igual (mesmo que diferente) a que descrevi: sorrindo e dando presente a outras mães.
O que faria eu e vocês com amigos doentes, loucos, seja lá o que for, com pessoas que vocês e eu amamos muito em apuros de verdade?

Juro que amei a resposta com música e a sugestão de concurso de doido.
Poesia e comédia.

E agora, lembrei-me da frase de Clarice Lispector, que talvez tenha nada a ver com tudo isso e talvez tenha tudo a ver: "O adulto é triste e só".

sábado, 8 de maio de 2010

Loucura pouca para mim é bobagem.

Não estando enganada eu, há um refrão de música de Os mutantes que diz algo do gênero: “Loucura pouca para mim é bobagem”.
Pois é. Loucura pouca para mim também é bobagem.
Quem sabe lidar com a loucura? Com a loucura dos outros?
É Cult assistir a filmes “densos”, que abordam o limiar da loucura, personagens desequilibrados, tristes e felizes ao mesmo tempo, que quebram tudo no apartamento quando recebem a notícia da morte de um irmão querido ou que simplesmente sofrem e, em algum momento, expressam isso, cobram de maneira exacerbada seu quinhão em mundo tão excludente e opressor e o cobram assim, de repente, do nada, na verdade: nunca do nada, do nada para os demais, claro.
Na Literatura, a composição de personagens assim é dita “complexa”, “marginal”, “inovadora da linguagem”.
Mas, quem sabe mesmo lidar com a loucura dos outros?
É moda ser excêntrico, as idiossincrasias – em sua grande parte inventadas e teatralizadas, como no Cinema, na Literatura, no Teatro – são comentadas e montadas com toda a acuidade intelectualóide possível e as pessoas se julgam loucas e gostam disso. E ser louco é um barato. É ser diferente. É ser esquisito, extravagante, distante de uma maioria tão normal e normatizada socialmente. Geralmente essas pessoas que se dizem díspares leram a História da Loucura e sabem de cor todo o discurso acerca da discriminação contra os párias da sociedade, os loucos. Essa é uma conversa, um discurso para se defender e repetir veementemente em bares da vida junto aos outros amigos que se dizem “nada normais” e. O discurso da diferença. Essas pessoas sabem lidar com a diferença quando não academicamente falando?
Engraçado é ver essas criaturas encontrando um louco em sua frente. Se o louco é pobre, sabemos que será tratado do mesmo jeito que todos tratam ou, no mínimo, com indiferença. Se o louco é rico, idem. Se o doido é de sua família, sabemos também como a coisa é acordada – às vezes com um carinho envergonhado. Se o louco é seu amigo? Como funciona? É senso comum o tratamento: “Ah, mas é um doido!”. Isso pode ser lido como: “Ah, ele é genial!” ou “Ah, não merece crédito!” e muitas outras traduções contraditórias e diferentes entre si existem para tal caracterização-denominação. Compreende-se muito pela entonação e pelos gestos – os cúmplices da comunicação, os sinais que ajudam a compor a mensagem, a expressá-la melhor. Mas, se o amigo enlouquece de verdade, mesmo que momentaneamente, o que acontece?
Imaginemos essas criaturas excêntricas e diferentes, descoladas assistindo a uma pessoa enlouquecendo aos poucos. Perdendo a razão, essa coisa do socialmente composto que os descolados criticam existir.
É cômico. Esses excêntricos se assustam. Não sabem o que fazer. Distanciam-se. Incomodam-se. Levantam-se. Vão embora. Brigam. Riem. Julgam. Esquecem-se de Foucault. Esquecem-se a História da Loucura. Esquecem-se do discurso último da mesa do bar. Esquecem-se dos tantos filmes com pessoas desequilibradas e dos tantos livros de marginais e personagens densos. Esquecem-se e agem de acordo com aqueles que clamam por um comportamento “sociavelmente” aceito. O desequilíbrio desestabiliza-os. Logo a eles os loucos, leitores e “vedores” de filmes e livros tão incomuns.
A loucura para essas pessoas não é vista. É invisível. Eles não pensam sobre o que é a loucura. A loucura para eles é uma representação. Assim como nas artes, a loucura na vida deles também é a representação de um papel. Mas, coloque-se um louco, um excêntrico, um díspar, uma pessoa densa, que sinta muito o mundo e expresse isso de maneira intensa, que se entregue a viver nessa linha tênue tão elogiada nos filmes e nos livros perto deles e eles pasmam. Eles não agem. Não inter-agem. Desejam logo a normatividade criticada, eles sentem falta do normal, do coeso. E aí o corte, a expulsão dos loucos da sociedade.
Já ouvi de uma pessoa – enquadrada nesse tipo “excêntrico” da moda – perguntar a outro: “Mas, o que é a consciência de si? O que é ser louco? A loucura tem um lugar, quem julga quem é louco ou quem não é?”. Isso, na hora, me fez lembrar-me de O alienista, de Machado de Assis. Já vi essa mesma pessoa, embaraçada diante da demonstração de um sentimento denso, embaraçada diante de uma pessoa que teve alterado inesperadamente o comportamento, e pareceu insana. O defensor de que a loucura era algo construído socialmente comportou-se como todos os que julgam que ser louco é berrar, é alterar-se do nada, etc., etc., como todos nós sabemos: como a força dominante classifica o louco.
Tem-se medo do louco. Tem-se asco do louco. Especialmente, cobra-se do louco que não esteja louco e que se comporte normativamente. Ou tem-se muito cuidado com o louco e trata-o de maneira a desejar agradá-lo para que se acalme (outra representação que comumente beira o sarcasmo e a posição superior de “olha só como se trata louco”). Não se diz: é mesmo, você tem razão. Loucura é perder a razão. Mesmo que essas pessoas descoladas que leram a História da Loucura na universidade digam o contrário na mesa do bar. Mas, não seguem o discurso que repetem, sem acreditar, na vida real, na prática. Na prática, acabam agindo igual às pessoas que tanto criticam, embasadas, embasadas não, repetidoras de discursos que se tornam.
No lugar onde o fato ocorreu, nenhum excêntrico soube compreender os atos de uma pessoa que parecia estar louca, agindo de maneira estranha, de verdade, sem a teatralização costumeira. E o incômodo, o conflito foi gerado. Comentários, os mais senso-comunais possíveis foram feitos. Não souberam tratar essa pessoa de igual para igual.
A loucura só é bonita nas artes.
E falo de toda e de qualquer loucura. Pois elas são classificáveis e mensuráveis também, além de existir a loucura que tem sua razão de ser e a que é do nada, uma loucura louca (risos, velho!Mas, é o que sempre acontece: as pessoas excêntricas da moda precisam de explicações). Para o letrista da música, pouca loucura é bobagem. Comecei a escrever falando que para mim também loucura pouca é bobagem.
Não falo desses loucos de representação. Falo dos outros, dos excluídos até do mundo desses excêntricos montados.
Cresci numa cidade onde havia muitos loucos. Em sua maioria, pobres. Desses que andam nas ruas, que se mijam e se cagam e fedem e bebem cachaça nos botecos e têm apelidos que os enerva e que a população quando queria se divertir, repetia e corria das reações do louco e, agora, nervoso por conta da repetição do que lhe desestabilizava. Na verdade, a população do lugar onde cresci fazia isso com os loucos, com “os viado” – era assim que chamavam homens que optavam por gostar e estar amorosamente, sexualmente com outros homens e que não só faziam a tal opção, como a explicitavam e decidiam afeminar-se: para quê opção mais louca, insana que desejar aproximar-se de ser como uma mulher? (deveriam pensar assim) – com os velhos, com as crianças, com os bêbados, com os “aleijados” (outra denominação preconceituosa). As mulheres sofriam outro tipo de opressão, mais velada e mais privada (afinal é o mundo delas, não é? O da casa e o do silenciamento), porém nunca menos cruel.
Também cresci junto a algumas pessoas que foram acometidas pela depressão – doença da moda, doença dos tempos modernos (pós-modernos??? – eu acho graça! Existir a pós-modernidade quando ainda se vive, na prática, isso de nem saber lidar com loucos, velhos, com as crianças, com as diferenças mais “comuns”).
E aprendi, especialmente, com uma que não era louca nem nunca foi a psicólogo ou psiquiatra, mas que sofria por ser extremamente sensível e que por esse motivo construiu seu “sótão” para melhor suportar a vida com suas máscaras e representações mentirosas e chinfrins. Essa pessoa aprendeu a lidar sozinha com suas tristezas e alegrias, com sua vida pulsando intensamente e a levando a altos e baixos e a explosões. Isolou-se sem que tal isolamento fosse percebido. Entendeu a questão da exclusão não explícita. Essa pessoa não era normatizada, mas calava, disfarçava isso. Sabia o que lhe aconteceria se se mostrasse. Essa pessoa sabia das reações dos descolados e discursadores de bar, inclusive.
Estive muito perto dessa pessoa. O suficiente para compreender que lidar com a loucura dos outros, a loucura de verdade, com a pessoa que sofre com o não-encaixe às regras do sistema, falo de qualquer sistema, a agonia crescente, latente, a opressão, a vontade de gritar, de berrar “chega”, “chega de insistências nefastas, de olhares reprovadores, de conduções escusas e de tanta negação, tanta podação”, lidar com a loucura dos outros é algo difícil, que exige que acreditemos nos discursos que repetimos – o dos acadêmicos que lemos, o dos filmes a que assistimos e o dos livros que lemos tão admirados, se desejamos realmente não julgar, optar pela excentricidade.
Tudo o que escrevi, até agora, nesse texto, percebo: é insignificante, desconexo, desenfreado. O que estou a defender? Eu conversei com loucos e compreendi a loucura deles. Não sentia medo, enxergava ali, em meio a tantas “incoerências” (em relação ao discurso oficial do que é ser bom da cabeça) ditas, a revolta de estar no mundo da maneira que estavam – era tamanho absurdo o que se cobrava das pessoas, pensava eu, que elas não agüentam, rebentam, gritam, “perdem a razão”(a razão do mundo que os oprimiam, que os adoeciam). A loucura era um grito, era uma fuga.
Eu não via os loucos da cidade de minha infância “azoarem” (apelidar, “mexer”, desestabilizar) uns com os outros. Eram sempre os normais que se divertiam com tal “brincadeira”. Esses que se divertiam, lógico, eram julgados (como estou a fazer aqui) pelas pessoas normais e diferentes (descoladas, excêntricas, distantes dos demais normatizados) que encaram a loucura do ponto de vista conceitual mais humano, que clamavam por uma não exclusão dos loucos, mas que os viam com a mesma distância que os demais, só que eram politicamente corretos.
A loucura é um tema difícil.
Mas, para mim e para muita gente, se for pouca: é bobagem.
Cansada da normatização, estou eu. Cansada da normatização até desses excêntricos de mentira, esses díspares da moda, das universidades, dos botecos e da leitura rasa da História da Loucura e da loucura mesmo, da loucura viva, real, que pode acometer – e acomete mesmo – qualquer um e até mesmo esses excêntricos de mentirinha, de prédio de cidade grande, admiradores de arte densa, de personagens complexos e que não sabem lidar, senão com a normatividade.