Mostrando postagens com marcador homossexualismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador homossexualismo. Mostrar todas as postagens

domingo, 6 de março de 2011

TODO E QUALQUER AMOR É BOM?!

O que mais me impressiona nos discursos religiosos institucionalizados é como eles são programados para nos afetar, para atingir diretamente cada um de nós, por mais que mantenhamos (e/ou retroalimentemos) diferenças entre nós e os outros. É religião, é discurso de boas intenções, é apelo à fé sobrevivencial, é tentativa de amor ao próximo, nos afeta. Ponto.

O porquê da redação de truísmos no parágrafo anterior? Digamos que um rapaz por quem sou apaixonado convidou-me para assistir a uma palestra de seu irmão mais velho e bem-sucedido profissionalmente na manhã de ontem, sábado de Carnaval. Dentre todos os lugares do mundo, este rapaz, que mora na Bahia, calhou de estar justamente no conjunto residencial em que eu habito. E, como tal, não poderia faltar a tal convite. Comuniquei ao pregador que seu irmão mais jovem havia me convidado e este foi taxativa: “vá por causa de Jesus – e não para ver ou ouvir meu irmão!”. E, por dentro e por fora, eu não conseguia distinguir o que era mais relevante naquele momento: tanto Jesus quanto o rapaz em pauta faziam parte de uma mesma corrente complementar de amor (ou de pretensões de amor, que seja). Não conseguia distinguir uma hierarquia ali, por mais herético que isto possa parecer, numa primeira leitura.

Conforme disposto, portanto, dispus-me a assistir à tal pregação religiosa. Tratava-se de um retiro carnavalesco religioso vinculado à congregação de renovação carismática católica Canção Nova, uma das ramificações mais conservadoras da religião atualmente comandada pelo sumo pontífice Bento XVI. Como tal, os seguidores de tal religião são contrários a práticas como o aborto, a eutanásia, o uso de preservativos e, obviamente, o homossexualismo. E lá estava eu, entre diversos adolescentes, tentando desviar o olhar do rapaz que eu amava, e que sabe o quanto eu gosto dele. Tanto ele quanto o seu irmão pregador, cujo discurso me atingia em cheio. Como calha de acontecer quando prestamos atenção a uma dada liturgia, eu era pessoalmente afetado pelo que ele falava. E, naquele momento, pareceu-me que era errado gostar de seu irmão do jeito que eu gostava. E não era pouco, era muito, E, naquele momento, pareceu errado...

Tinha vindo àquela reunião com o coração aberto, disse ao congressista. E era verdade. Mas também tinha vindo para ver e ouvir o irmão dele, a quem não encontrava pessoalmente há mais de dois meses. E estava com um presente nas mãos, um livro religioso, justamente: “Pensamentos” (1670), de Blaise Pascal, o meu filósofo preferido, numa edição histórica de 1942. Entreguei o referido livro a ele, com toda comoção possível, ao final da reunião religiosa, após uma série de orações e cânticos religiosos benfazejos, sentindo-me particularmente tocado pela graça, ainda que sob as diretrizes de um discurso no qual eu me senti particularmente deslocado. Vem de Deus, vem dos homens, é Graça. Ponto.

Em seguida à entrega do livro, caminhamos pelo local em que moro, tencionava mostrá-lo até que ponto as condições sociológicas de meu habitat interferem em meus comportamentos religiosos e amorosos. Ela sorria enquanto conversávamos. Ele parecia não se incomodar tanto com o fato de eu ser obcecado por ele. Em breve, ele partiria e eu ficaria, como sói acontecer comigo. Ele estava imune, eu não. E, de fato, minutos depois, ele foi para a casa de uma cunhada, enquanto eu fui ao cinema com um vizinho. E, por dentro, eu pensava: “é errado amar deste jeito?”. A imagem que acompanha esta postagem realça o que estou a sentir. E, como diz o versículo 1 do Salmo 116, “amo ao Senhor porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica”!

Wesley PC>

sábado, 25 de dezembro de 2010

ALHEIO A TODOS AQUELES FOGOS DE ARTIFÍCIO...

Para onde foram todos os blogueiros?! Desde ontem que eu busco uma postagem amiga e/ou amargurada para dialogar, mas os grafômanos compulsivos que seguimos parece que se aposentaram provisoriamente neste Natal. Somente eu soçobro numa solidão escrita, pelo jeito, solidão esta que reluto em associar a algo negativo: não me sinto abandonado, mas, por causa da disfuncionalidade atroz que cerca a minha família desde que me entendo por gente, sinto que devo protegê-los, tornando ostensiva a minha presença impotente. Eu estou aqui: eles vêem isso e, de alguma forma, me agradecem, mas não podem mudar o que eles são. "É a minha natureza", diria o escorpião, antes de ferir letalmente a rã que lhe deu carona no rio... E, dentre todas as cenas de filme, veio-me à cabeça agora este melancólico e metonímico instante de brilhantismo fotográfico, em que o talento de Rodrigo Prieto extravasa a angústia iracunda que toma o coração de Ennis Del Mar, incapaz de assumir socialmente o amor que sente por outro homem. Eu sinto amor por outro homem! E, neste ano, este me deixou confessar isto intimamente. Mas nou sou um homem íntimo, sou um rapaz público. E a publicidade fere, mas tem dinheiro para comprar bandagens. Meu peito dói, mas, por dentro, eu estou feliz: amo! E que se fodam as pôrras dos fogos de artifício!

Wesley PC>

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Coicidências?.


Todos aqueles que acompanham esse maracujá , já sabem que eu estou a ler um icônico texto sobre o homossexualismo em terras brasileiras desde a colônia, até os dias atuais. Em suas quase 600 paginas, DEVASSOS NO PARAÍSO, nos apresenta importantes fatos e discussões acerca do que é ser “guei” num cenário cheio de contradições, numa sociedade moralista ao extremo e ao mesmo tempo “ devassa” como afirma o título. Apesar de trazer a tona uma série de nuances no discurso e na pratica homossexual, o texto cai por vezes, num tom jornalístico irritante, parecendo com uma grande revista de fofocas, tentando algumas vezes provar que tal e tal figura publica são homossexuais, algo irrelevante para o debate.

Por coincidência, esta semana meu amigo Wesley escreveu o bom artigo sobre a militância guei no estado a partir da “ASTRA” uma associação que milita em favor da causa homossexual, levantando algumas discussões políticas interessantes.

Como se não bastasse, o tema do jovem homossexual é objeto dos últimos capítulos da novela infinda e enfastiada MALHAÇÃO, vi por acidente os últimos dois capítulos deste nefasto programa televisivo, em que uma professora/diretora de um colégio fala que não pode participar de uma determinada passeata publica porque não pode ser associada a valores que desrespeita os valores da maioria dos pais dos alunos da instituição que gerencia, ao mesmo tempo em que várias subtramas se desenvolvem , tendo como eixo pseudoconflituoso a homessexulidade. Afim exclusivamente de causar falsas polêmicas e vender este mísero e ideológico programa, aumentando seus índices de audiência.

As vezes é mera coicidência.

Jadson

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade.

Sempre fui muito dado mesmo ao erotismo... às revistinhas de sacanagem, aos filminhos pornôs, à safadeza, enfim, de uma maneira geral. Vivi recatado no interior do Estado como mocinho puro filho de pessoas respeitadas, logo, mocinho de família... mas, no cantinho de meu quarto, as paredes amarelo-amarronzadas eram a concreta denúncia de meus atos mais libidinosos. Sem paciência para guardanapos, as paredes serviam de capacho para as minhas mãos lascivas. Aos pobres, disse certa vez Bukowisk, resta o sexo e o alcoolismo. A mim, que me entendo não por gente, mas por Alma Livre, embora em perene angústia a vagar nesse vil purgatório, parece ter restado mesmo o DESEJO. Dou um passo e latejo.

Lendo o Cartas de um sedutor, de Hildinha (rs), me deparei, sem muita ênfase, com a sugestão que faz do livro de João Silvério Trevisan “Devassos no paraíso”. O livro da escritora já é bem delicioso e libertino, mas andando pela livraria como se a andar atrás de diversão, eis que se expõe para mim feito michê, o livro do Trevisan. Leio-o como se a beber vinho. Ao mesmo tempo em que se enrijece o meu pau, conheço coisas fascinantes, me introduzo em conhecimento sobre o “homoerotismo”, ou homossexualidade, ou homossexualismo (e aí, já não significam mesmo para mim a mesma coisa) de maneira nunca antes pensada por mim.

O Trevisan cita fatos históricos da época do Brasil Colônia muito relevantes e desmunhecadores. Quando penso que estou a ler um texto meramente acadêmico, de repente, estou molhado de tesão, ou mergulhado em revolta. E não apenas. Eis uma pequena citação de um livro de Conrad Detrez, escritor Belga que veio ao Brasil na época da ditadura militar prestar serviços de seminarista:

“Meu amigo me prendeu bruscamente entre suas pernas, abriu minhas nádegas, me penetrou. Urrei de dor. Minha carne, minha pele se rasgaram. Sangrei, gritei que o amava, que ele estava me matando, que estava doendo, doendo muito, e que eu me entregava. Meu esperma jorrou sob mim, meu sangue escorreu por minhas coxas. Dormimos, comemos, nos amamos num cheiro de sangue seco, de suor, vivemos dois dias numa mistura de lágrimas e de jogos, de carícias muito suaves e perigosas, sentados, deitados, em pé, cometendo todos os desregramentos, todos os excessos que nossa imaginação pudesse conceber, excessos que nos teriam levado à morte se o Carnaval não tivesse terminado”.

Bem, ainda não o terminei. Tenho, pois, muitas outras coisas a fazer... o livro é grosso e pelo que me parece fora atualizado para a reedição. A primeira se esgotou há mais de dez anos desde a publicação. Moral da história: não sirvo mesmo para disciplinaridade, com tanta coisa para estudar, acabo sempre me inclinando à devassidão. Adoooro.

domingo, 12 de setembro de 2010

(IM)PERMISSIVIDADE x OBSESSÃO EM WILLIAM WYLER, O PEDRO ALMODÓVAR DE OUTRORA!

Costumo comentar e defender a tese de que William Wyler pôs em voga um tema central da obra futura de Pedro Almodóvar: a obsessão amorosa por parte de seus protagonistas. Se o irreverente diretor espanhol merece os elogios geniais que lhe aplicam, isto deve-se muito à sua capacidade de conciliar referências múltiplas e metalinguagem aos seus roteiros embasados sobre alguém que ama alguém e faz qualquer coisa para estar perto deste alguém, mesmo que isto não seja permitido. E esta é a premissa básica de muitos dos clássicos filmes de William Wyler!

Percebi isto em duas obras bastante distintas no tempo do imponente diretor alsaciano, posteriormente naturalizado estadunidense: “O Morro dos Ventos Uivantes” (1939) e “O Colecionador” (1965), ambos baseados em romances famosos de Emily Brontë e John Fowles, respectivamente. No primeiro, um pária esnoba do amor tardio de uma jovem burguesa, mimada e traída. No segundo, um misantropo seqüestra a rapariga por quem se apaixona perdidamente. Os finais são trágicos em ambos os filmes, conforme não é difícil de imaginar e, para além disso, conformam a minha impressão: são filmes sobre obsessão, como também o são os maravilhosos “Jezebel” (1938), “O Galante Aventureiro/ A Última Fronteira” (1940), “Pérfida” (1941), “A Princesa e o Plebeu” (1953), “Da Terra Nascem os Homens” (1958), “Ben-Hur” (1959) e “Infâmia” (1961), para ficar em apenas alguns que vi. E é sobre este último que eu gostaria de antecipar algumas palavras, ainda em progresso e em processo no campo pessoal: “Infâmia” é uma dolorosa estória de frustração!

No filme, Shirley MacLaine e Audrey Hepburn interpretam duas professoras primárias que se conheceram na faculdade e resolveram fundar uma escola para meninas juntas. Uma delas está noiva e a outra é uma solteirona. Uma das crianças ricas é demasiado mimada e, no afã por se livrar de uma punição por mentir descaradamente, inventa (ou melhor, hiper-interpreta) que as duas professoras compartilham uma forma “inatural” de amor. A polêmica é lançada, a escola é fechada e as conseqüências são irreversíveis. Ao final, eu e Jadson, localizados em platéias individuais distintas, estávamos ambos com um nó na garganta. E, no meu caso, um agravante subjetivo me perturbava: a identificação contemporânea.

A fim de não comprometer o baque de quem ainda verá o filme, um leve redirecionamento de assunto: no local onde trabalho, há um menino bruto que me causa paixonite. Como sói acontecer neste tipo de situação, grito aos quatro ventos que sou obcecado por ele. Algumas meninas traiçoeiras descobriram que meus olhos brilham mais forte quando estou ao lado do moço e começaram a zombar dele, a escarnecer de sua discrição. Daí, ele veio reclamar comigo, dizendo que meus cuidados estão fazendo com que suspeitem de sua sexualidade e que eu deveria continuar quieto no meu canto, visto que jamais seremos amigos, que ele não tem a menor intenção de manter qualquer afinidade comigo, o que não deixa de ser uma falácia injustamente defensiva, visto que temos muito em comum fora daquelas paredes burocráticas. Assim sendo, eu supliquei para que ele visse o referido filme. Ainda aguardo a resposta...

Wesley PC>