quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Enjôo
Se todos toparem...faremos a tal mudança, sim?
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Notícias do mundo de cá: o nascimento de uma criança - reflexões para o mundo dos mortos ou do silenciamento
Inconformada eu? Nem sei do que não me (in)conformo ou o que mesmo desejo. Porque do impossível eu já sei que não se fala.
O cigarro negro da solidão que venho fumando desde mesmo quando você era viva e estava comigo estranhamente não amarga na boca. Amarga por dentro quando sabemos da possibilidade do câncer. Do câncer que ferra a vida, a alma e a fala da gente.
Fumávamos as duas desse cigarro, mamãe. Você na sua geração e eu na minha. Você e eu fumávamos desse cigarro mesmo quando não fumávamos nada e quando não havia fumaça.
Lembrávamos de um tempo que não chegamos a viver. Também eu não vou chegar lá.
Ontem soube do nascimento de mais uma criança em nossa família. Eles também não me procuram. Como antes, estamos sós. Estou só.
Há uma outra família. A qual não pertenço, mas que diz ter-me abraçado por conta de um dos membros. Há uma linha de não-entrega tão demarcada que muitas vezes eu rio, sabia?
Lá eu como, durmo, tomo banho. Mas, não sou. Lá eles são eles e eu a parte. Mas, as pessoas, mamãe, continuam a fingir. Também eu o faço. Mas, não muito bem, pois sempre em crise. Vivo sempre em crise.
Sabia que nunca mais um abraço de verdade? Nunca mais ninguém tirou cravos de minhas costas. Eles saem no banho, com os óleos com os quais tomo banho. É. Tenho tentado parecer um pouco com você. Assim, os óleos durante os banhos e os hidratantes depois.
Outro dia achei um dos que você usava. O cheiro me emocionou. Mas, não havia muito sentido em dividir isso com outra pessoa.
Este é um escrito desorganizado. Como sou desorganizada.
Como é possível, mamãe, alguém como eu, hein?
Nasci mesmo assim? Fui-me transformando? O processo sempre foi silencioso? Será sempre?
Enfim, são tantas coisas. Algumas dizíveis sim, mas não por ora. Por ora, só a negra fumaça do cigarro da solidão.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Não há luar como esse do sertão...
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Um rosa é uma rosa
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Mnemosine
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Fresquinha
No msn:
- Eu canso de muita densidade, de muita incomunicabilidade, às vezes.
- risos
-vc ainda está aí?
-porque seria engraçado eu falando pro vento no msn sobre incomunicabilidade...
- kkkkkkkkkkk seria metalinguístico demais
E foi.
Diálogos: Eu e Tiago!
Cenário: os dois off line no msn.
Comunicação total.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Ciências x Humanidades
Alimento o pesadelo de que, em alguns anos, os aviões não decolarão, mas todos nós seremos muito elegantes.
...mas é o caso de perguntar por que somente a arte teria poderes civilizatórios.
Sem desmerecer os excelentes alunos de cinema, letras ou sociologia, é impossível negar que, para alguém sem grande talento ou dedicação, será sempre mais fácil ser medíocre num curso de humanas do que num de exatas.
Todas as citações são do documentarista João Moreira Salles retiradas de um texto publicado na última edição de domingo do jornal Folha de São Paulo, no caderno Ilustríssima.
Li o artigo uma única vez. No computador da Bicen.
(...)
O texto aqui
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Iguais

Fora ao caixa eletrônico. Na saída:
Chovia fino. Como escrevera certa vez Machado de Assis: peneirava. Estava em frente ao supermercado. Falou umas palavras ininteligíveis. Esteve confusa. Atravessou a rua e entrou no supermercado. Na saída:
-É tudo para mim?
- Sim. Os pães que você pediu e um iogurte.
Olharam-se.
O brilho nos olhos é que eram indizíveis.
Ela se foi. Estava com vergonha. Sentia culpa: deveria ter-lhe pedido um abraço.
Por um momento lembrou-se que também era pedinte. Estava com a alma maltrapilha. Como já lera em uma escritora, sua favorita.
Mas, ali não era literatura.
domingo, 6 de junho de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Boas conversas sobre maus tempos
Digo logo: parte dessa (postagem) é endereçada (risos) porque surgiu da boa conversa que tivemos.
É sempre bom ter boas conversas com as pessoas. Especialmente com as que a gente gosta.
E devanear é sempre proveitoso. Pois, entre loucuras, eis que surge algo que faz sentido. Nada psicanalítico, mas falando a gente elabora pensamentos e pode chegar a conclusões necessárias para solucionarmos algo em nós.
Foi assim que se deu comigo. Falando com uma amiga querida sobre trabalho, relações profissionais, sobre ter chefes, sobre ser chefe… Inevitavelmente falamos sobre poder. Sobre abusos de poder. Sobre exercício do poder.
Cheguei à conclusão, depois de muita conversa despretensiosa e de muito desabafo e de ter feito uma analogia entre uma empresa em que a amiga com quem conversava trabalhou e uma escola onde ensinei, de que eu, cinco anos depois de ter saído da tal escola, ainda sofro conseqüências do poder exercido pela coordenação do lugar.
Depois de ter pedido demissão (forçada posto que a condição de trabalho, psicologicamente falando, era para adoecer qualquer pessoa) , nunca mais coloquei currículo em escola alguma: eu que adorava ensinar, que tinha uma relação legal com os alunos, que tinha tantas idéias e tanta vontade de colocá-las em prática por mais tempo para apurar um método, etc.
Medo de as escolas se comunicarem entre si, medo de uma determinada figura de lá dar informação mentirosa sobre mim para me queimar… Medos que parecem descabidos, mas que são justificados pela filosofia do lugar. Pela filosofia fodida que eles sempre fizeram questão de incutir na cabeça dos professores: de que a fila fora da escola estava cheia de profissionais querendo emprego, querendo a vaga que ocupávamos ali, que a escola era conceituada e que Buracaju era pequena, que todos se conheciam, que um professor para ser "estrela" tinha que fazer e prezar o nome, cuidar da imagem, saber ser um marqueteiro pessoal, etc, etc. Faz tanto tempo que agora não me resta muita lembrança das ameaças em si. Mas, uma coisa é certa: ficou o medo. Ficou a sensação de insegurança.
Eu era muito jovenzinha. Ainda nem havia saído da Universidade. E nesse emprego acontecia algo muito paradoxal: eu era feliz dando aulas e era infeliz ao me relacionar com a coordenação.
O estopim se deu com a morte de minha mãe. Eu tinha direito a três dias para resolver problemas, tais como entrar com o pedido de auxilio funeral no IPES (minha mãe era funcionária do Estado), etc. No segundo dia em que eu resolvia os problemas e vivia o luto mais forte que podia viver, uma coordenadora me liga e pede para eu ir imediatamente para a escola. Independente de eu ter direito aos três dias, dizia ela, eu precisava ter bom senso, pois a escola precisava de mim.
Era mau senso meu. Era para depois do entrerro de minha mãe, no mesmo dia, eu ir trabalhar como se tivesse "ido ali" apenas.
Eu estava sem pai, sem mãe, sem nenhum parente e sem a menor condição psicológica de continuar no emprego. Estava estilhaçada, em frangalhos. A alma doía.
Tive apoio daquele que se tornou meu companheiro. Saí do lugar. E nunca mais me recuperei das dores.
Concluí a universidade. Trabalhei em outros lugares. Passei em concurso. Minha visão acerca do trabalho mudou muito depois de muitas leituras e das experiências por que passei, etc. Abri mão do concurso para fazer o mestrado (sempre com o apoio de meu companheiro).
E as conseqüências do que vivi nesse primeiro emprego me perseguem até hoje. Eu não consegui me desvencilhar da violência simbólica que sofri.
Eu não admitia que não ter procurado outra escola para ensinar era por conta desses medos, dessas relações. Descobri assim: conversando.
Foi algo muito importante. E só o começo de uma provável superação.
Agora, escrevendo, senti o gosto amargo daquela época na boca… Hora de parar.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Para mudar de assunto (estou com sono)

Consegui ir. A aula foi boa. Mas, eu estava tomada por outras questões. A questão de gênero textual. Lembrava-me da frase de Clarice Lispector: "Inútil querer me classificar, eu simplesmente escapulo não deixando. Gênero não me pega mais".
Eu sempre senti que blog era algo muito público e não concordava com a idéia de compará-lo a um diário. Pois que sempre tive meus diários só para mim. E quando guria, se alguém ameaçava pegar meu diário, eu temia (meio como a música de Raul "Para Nóia). E depois, tem a questão de escrever sabendo que alguém (que a gente conheça ou não conheça) vai ler. Até onde a ficção? (ô conversa mais velha...mas, rolava ainda isso em minha cabecinha).
Daí, sem explicação alguma, criei o blog. Escrevi escondidamente. Parei. Até Jadão falar na possibilidade de fazermos um zine, um espaço onde publicaríamos "coisinhas" eu, ele e Tiago. Lembrei-me desse Maracujá e perguntei o que ele achava de escrevermos juntos num blog e enviei convite pros dois.
E entendi que aqui, a gente escreve o que pensa, elabora, não-elabora, brinca, finge, não-finge. Tenta debater. Debate. Fala de coisas que acha legal. Etc. Divide. Se expõe. E a questão da exposição é que é. Mas, a gente vai aprendendo. Aqui acaba sendo um espaço como outro qualquer. Pode ser simples para muitos, mas para mim, desacostumada com algumas tecnologias: não é.
Mas, o melhor de tudo, foi ter entrado nessa com os amigos. São muitas as vozes. E isso funciona, para mim, como um lugar público-privado (existe isso?). Jamais será meu diário, mesmo que eu coloque coisas que me aconteçam (ficcionalizando-as ou não). Jamais será um espaço para idéias fechadas, pois se existe lugar para comentários, existe espaço para discussão, debate e, portanto, mudanças, construção e desconstrução de idéias.
Levando-se em consideração que "jamais" é um termo deveras forte. Relativizo-o aqui.
Mas, o bom é que aqui dá para viver um pouco o lance de "gênero não me pega mais". Porque pode-se ser cronista, poeta, resenhista, contista, biógrafo, romancista, crítico, nada...Pode-se escrever sobre inúmeros temas, de inúmeras maneiras. Não há amarras. Isso é bom. Pode-se postar um link de um vídeo que a gente achou legal, pode-se postar esse vídeo, pode-se falar desse vídeo sem postá-lo e sem colocar link algum...
Pode-se escapulir de gêneros, de formas, de moldes.
Para mim, isso é bom. E é novo.
Parei de olhar de soslaio para blog's (eu não sei escrever plural dessa palavra). E se entrei aqui de soslaio, já estou um pouco mais à vontade.
Boa experiência tem sido até agora.
domingo, 9 de maio de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Incomunicabilidade ou palhaçada?
Aliás, tudo aqui é mal divulgado.
E aí eu não sei se é mal divulgado por conta da incomunicabilidade pós-moderna (kkkkkkkkkkkkkkkk) ou mesmo por palhaçada.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Maracujá com açúcar
Disse Clarice Lispector que "escrever salva".
Escrever é o meu "maracujá com açúcar".
E entro aqui desconfiada de tudo, do chão que piso. É de soslaio que escrevo essa primeira postagem.
E de soslaio todas as outras, eu sei.