segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ponto Final, fevereiro de 2010

Procurando a preciosa matéria sobre os Professores de castigo, eis que encontro, de Fevereiro do corrente ano, a seguinte notícia na página da Ponto final, de Macau:

Começou ontem e vai até 19 de Fevereiro. Os professores das escolas Luso-Chinesas estão das 9h às 17h45 fechados nos estabelecimentos de ensino, sem alunos, aulas, trabalho ou um bar aberto para comer. Apenas para picar o ponto. “Os sofás foram muito usados, a Internet também, conversou-se, leu-se o jornal”, dizem ao PONTO FINAL. A classe “está de castigo sem saber porquê” e os revoltados são “uma maioria” entre os portugueses. A queixa apresentada aos SAFP deve conhecer resposta em breve.

Hélder Beja

São quase 9h e a fila com largas dezenas de funcionários públicos acumula-se à entrada de uma das escolas luso-chinesas de Macau. Não é apenas o pessoal de secretariado e manutenção que, como de costume, regista a entrada com cartão magnético: os professores estão todos na fila. Foi assim que começou o primeiro dia em que os docentes das secundárias luso-chinesas da RAEM foram obrigados a “picar o ponto”. A descrição é feita ao PONTO FINAL por fonte do grupo de professores que apresentou queixa junto dos Serviços para a Administração e Função Pública (SAFP), depois de conhecer a decisão da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), cuja ordem de serviço foi divulgada por este jornal na semana passada.
“[Os organismos implicados] já perceberam que somos portugueses, daí que as notícias só estão a sair em português. Estão muito divididos e, a não ser que já tenham posto os telemóveis sob escuta, não conseguem perceber de que escola é este grupo”, refere um dos membros dos “unhappy teachers”, grupo que contesta as medidas da DSEJ. “Somos das duas escolas e com isso é que não contam. Somos um grupo de portugueses e professores de longa data e somos uma maioria, não a minoria”, prossegue.
No período sem aulas do Ano Novo Chinês, os professores das Luso-Chinesas tiveram de comparecer à chamada, mesmo depois de terem trabalhado o fim-de-semana. “É completamente surrealista o que aconteceu, porque na semana passada tivemos o nosso horário das 25 horas super carregado com vigilâncias, a fazer provas e a corrigi-las. Houve quem corrigisse quase 200 testes este fim-de-semana. Esta segunda-feira tínhamos de lançar as notas todas – e já houve colegas a ter reuniões às 9h, houve quem não dormisse para estar a lançar as notas. E, depois disto, vamos ficar até sexta-feira a ‘picar o ponto’”.
Ontem foi assim. Os professores foram às reuniões que tinham agendadas, cada uma com duração de “30 a 45 minutos”. Depois disso, os sofás foram muito usados, passeou-se na Internet, conversou-se, leu-se o jornal. “Neste momento estamos na escola sem o mínimo de condições”, denuncia. “Não há bar, não há café, não há rigorosamente nada. Porque se não há alunos não há comida. Quem fuma, é proibido fumar dentro da escola e não se pode sair para fumar. Vá lá que ainda se pode ir à casa de banho.”

Cores de protesto
Na interpretação destes professores, a decisão da DSEJ “consiste em aplicar aos seus docentes, em simultâneo, durante o ano lectivo, dois estatutos, designadamente o Estatuto do Pessoal Docente e o Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM)”. No texto enviado às redacções dias atrás – e que sintetiza as linhas da queixa feita junto dos SAFP – o anonimato é justificado pelo facto de, “como é do domínio público, todos os professores chineses e portugueses terem medo das inúmeras represálias, facilmente accionadas pelos directores ‘vitalícios’ das escolas da DSEJ”.
Dar a cara ou o nome está fora de questão. O protesto ganha outras formas, como por exemplo as cores das roupas através das quais ‘comunicam’ os professores descontentes. “As pessoas têm medo mas há códigos, há roupa preta, roxa e branca. E depois há os que não se metem de modo algum. Se for para receber, todos querem receber. Mas comprometer-se ou dar sinais de luta, isso não.”
O membro dos auto-intitulados “unhappy teachers” garante que os docentes estavam “mais que avisados” e lembra que “os chineses já estavam a cumprir esta aberração há muito tempo, não obviamente o tempo todo, ao minuto, mas no Natal já houve muitos professores chineses de castigo, nesta mesma situação”.
O que vai acontecer depois de 19 de Fevereiro, data em que termina o período de férias dos alunos, ninguém sabe. “Um coisa é certa: se começámos a picar o ponto é para picar até ao final do ano lectivo. E que façam contas, porque só podemos admitir que, ou vamos receber horas extraordinárias, ou vamos receber compensação em dias. É um abuso o que está a acontecer.”

À espera de resposta dos SAFP
O ar condicionado e as ventoinhas são do governo, a luz também, o papel, o tonner, as fotocópias da escola. “Há colegas chineses que dizem que para eles isto é um ganho, porque obviamente está tudo a tratar de coisas pessoais”, refere a mesma fonte. Estes professores, no entanto, sentem que estão a ser castigados. “Gostávamos era de saber que castigo é este, porque já somos mal pagos. O funcionário público, de dois em dois anos, sobe de escalão. Um professor leva cinco anos para subir um escalão.” E faz ainda uma denúncia: “Há técnicos superiores a ganhar mais e a trabalharem como professores nas escolas.”
Em resposta ao protesto feito pelo grupo de docentes. a DSEJ fez saber que “um professor de uma escola oficial também é funcionário público”. O membro dos “unhappy teachers” reage: ” Obviamente que somos funcionários públicos. Mas está previsto no Estatuto do Professor que, no tempo de interrupção de aulas, compete à direcção da escola distribuir trabalho. E a distribuição foi feita. Mas se tenho reunião às 16h vou ter de passar o dia todo na escola. Isto é uma injustiça. Porque é que eu no sábado e no domingo não fui funcionário público? E na segunda-feira já sou?”
Os contestatários vão obedecer e permanecer na escola sete horas e 15 minutos por dia. Mantêm “a esperança vaga de que os SAFP consigam sensibilizar a DSEJ. Falhada essa hipótese, “restará o tribunal”. E em tribunal é preciso dar a cara. “Aquilo que sei é que a resposta [à queixa apresentada] já está com o doutor [José] Chu”, director dos SAFP, disse a mesma fonte ouvida pelo PONTO FINAL. “Divagando, acho que Sou Chio Fai [director dos Serviços de Educação e Juventude] vai saber a resposta antes de nós.”


Mais quartinhos

Não poderia deixar de postar aqui um comentário, do qual gostei profundamente, pescado de lá da página que trasncrevi no post anterior para vocês:

Marilene Santana dos Santos | SP / Teodoro Sampaio | 27/04/2010 12:59
Mais quartinhos

Que tal criar quartinhos para os maus políticos e principalmente para maus jornalistas?Aqueles que abandonam seus ideais para trabalharem a favor do governo?Quem vocês pensam que enganam?

P.S. do P.S.: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI122910-15228,00-PROFESSORES+DE+CASTIGO.html

Professores de castigo!

Abismada! Na última sexta-feira, conversava com uma colega de sala e ela comentou sobre uma matéria da Revista Época sobre professores nos E.U.A. levados a ficar de castigo em salas escuras, emborrachadas,s em janelas,s em acesso à celular, à Internet, sem livro algums e sob vigilância. Fiquei indignada. Hoje, ela levou a tal matéria. E comentou: a Secretaria de Educação daqui do Município fez circular tal matéria como uma forma de "ameaça" para nós professores. A Secretaria daqui deseja, segundo ela, tomar o modelo e segui-lo!

Eis a máteria (é que não sei colocar link, por isso trasncrevo-a):

21/02/2010 07:21
Professores de castigo
Como a cidade de Nova York e seu secretário de Educação, Joel Klein, lidam com maus professores – que, por lei, não podem ser demitidos
Camila Guimarães

Mackenzie Stroh
TCHAU, PROFESSOR
Joel Klein, secretário de Educação de Nova York, numa escola pública. Lugar de professor ruim é fora da sala de aula

O que fazer com professores incompetentes a quem a lei garante estabilidade de emprego? Esse é um problema enfrentado por quase todos os sistemas de ensino público, incluindo o brasileiro. A cidade de Nova York, cuja rede de ensino é a maior dos Estados Unidos (são 1,1 milhão de estudantes e 80 mil professores), adotou uma solução drástica: colocar os maus professores de castigo. Quase 700 deles são pagos para não dar aulas. Eles passam os dias de trabalho confinados em salas vazias, dentro de complexos chamados de Centros de Recolocação Temporária. Esses centros existem há anos para afastar professores suspeitos de alcoolismo, agressão física contra alunos e assédio moral ou sexual. Desde 2002, o governo municipal usa o mesmo sistema para afastar também os incompetentes. E agora começa a colher resultados.

As salas desses centros foram apelidadas de rubber rooms (quartos “emborrachados”, em referência a quartos de hospício). Não são exatamente locais aconchegantes. Tirando as carteiras típicas, nada lembra uma sala de aula. Não há livros, mapas pendurados na parede nem computadores. Algumas nem sequer têm janelas. Os professores são vigiados por dois seguranças e dois supervisores da Secretaria de Educação, têm horário para chegar e ir embora (o período corresponde ao dia de trabalho normal, das 8 às 15 horas) e não podem acessar a internet nem falar ao celular. Em resumo, fazem quase nada o dia inteiro. E isso pode durar anos. Quando um professor é denunciado pelo diretor da escola, é afastado imediatamente. Em seguida, um árbitro indicado pelo sindicato dos professores começa a investigar s se a acusação procede. Em caso positivo, o profissional é demitido. Em caso negativo, ele é reintegrado. Mas, por exigência do sindicato, os árbitros só trabalham nos casos cinco dias por mês. Isso faz com que, na média, cada investigação demore três anos para ser concluída.

As salas de castigo estão longe de ser uma solução ideal. Primeiro, porque são caras: enquanto estão no limbo, os professores continuam a receber seus salários e a contar tempo de serviço para garantir benefícios, como aposentadoria. Hoje, a cidade de Nova York gasta cerca de US$ 50 milhões por ano com os integrantes dos centros. Além disso, elas suscitam reclamações de professores que se sentem injustiçados. Em dezembro, um grupo deles entrou com um processo contra a prefeitura, alegando que o secretário municipal de Educação, Joel Klein, tem como objetivo “acabar com o direito à estabilidade de emprego”. Ao fazer de seu cotidiano profissional algo “insuportável” e “humilhante”, ele estaria forçando professores a pedir demissão.

Klein afirma que as salas de castigo funcionam principalmente para evitar que professores incompetentes deem aulas. Em Nova York, o contrato que rege as leis trabalhistas dos professores – inclusive a que determina o castigo remunerado – é assinado com o poderoso sindicato dos professores. Para a prefeitura, o prejuízo dos centros é considerado menor perto da alternativa, que seria deixar professores ruins influenciar milhares de crianças. “É o único jeito de mantê-los afastados da responsabilidade de educar crianças e jovens”, diz Ann Forte, porta-voz da Secretaria de Educação de Nova York.

A solução, radical, é explicada pela dificuldade das autoridades de educação de mexer com direitos adquiridos dos professores. O Estado de São Paulo, por exemplo, decidiu implantar um sistema de meritocracia, mas enfrenta ações judiciais do sindicato dos professores. O plano é mais suave que as salas de castigo. Em vez de punir maus professores, trata-se de premiar os melhores. A cada ano, o Estado aplicará uma prova para diretores, professores, coordenadores e supervisores. Os 20% mais bem avaliados receberão aumentos de 25% do salário. Os dois sindicatos mais representativos dos professores dizem que esse tipo de promoção fere a isonomia de classe.

“Não é incomum aparecer conflitos entre os direitos legais dos funcionários públicos e o direito da criança ao acesso à boa educação”, diz Ilona Becskeházy, diretora da Fundação Lemann, uma organização voltada para a melhora da educação no Brasil. Achar o equilíbrio entre esses dois pontos vem sendo a principal estratégia de Klein, que há sete anos deu início a uma radical reforma no sistema público de ensino da cidade. Seu lema: os pilares de qualquer ensino público – estabilidade de emprego, promoção por tempo de serviço e um sistema de remuneração hierárquico – beneficiam mais os funcionários e os políticos de plantão do que os alunos. Com isso, ele bateu de frente com uma classe de profissionais que não está acostumada a ser avaliada e cobrada. “No geral, professores não admitem que precisam de ajuda”, diz Patrícia Motta Guedes, pesquisadora do Instituto Fernand Braudel.

A principal medida de Klein foi dar mais autonomia aos diretores de escolas. Antes, eles não podiam contratar ou demitir sua própria equipe. Os professores é que escolhiam onde lecionar, de acordo com o tempo de serviço. Hoje, os diretores têm liberdade de contratação, gerência sobre o orçamento da escola e autonomia para decidir, por exemplo, pagar um salário maior para um professor que tenha melhor desempenho. Eles só não podem, ainda, demitir professores estáveis.

Junto com a autonomia, veio a cobrança. Assim que assume uma escola, o diretor assina um contrato dizendo quais são suas metas pedagógicas e orçamentárias. Se não cumpri-las no prazo determinado, é demitido, e a escola fecha. Desde 2002, 90 escolas desapareceram. A maioria dos diretores não aguentou. Cerca de 70% se aposentaram ou pediram demissão, de acordo com dados oficiais.

Embora ainda tenha muito trabalho pela frente, Klein conseguiu mostrar avanços no ensino. Entre 2005 e 2008, a taxa de conclusão do ensino médio aumentou de 47% para 61%. No mesmo período, a taxa de desistência caiu de 22% para 14%. Entre 2006 e 2009, a porcentagem de estudantes que atingiram os padrões adequados de aprendizagem para sua idade saltou de 57% para 82%, e a diferença entre o desempenho dos alunos negros em relação ao dos brancos diminuiu de 31% para 17%.

Além dos diretores, professores e alunos também passam por avaliações de desempenho periodicamente. As avaliações anuais, por um lado, determinam a demissão do diretor ou o afastamento de um professor. Por outro, são a base para o pagamento de bônus – em 2009 foram distribuídos US$ 5 milhões. O sistema pode até dar margem a alguns erros, mas em sua essência é muito simples: os professores que não ensinam são afastados, os que ensinam bem ganham bônus e são promovidos. Quem pode ser contra?

Richard Levine
FOCO NO ALUNO
Aula de matemática em uma escola municipal do Brooklyn, em Nova York. Com a reforma, o desempenho dos alunos melhorou

Terminar a matéria com um "quem pode ser contra?" assim interrogativo, como se o debate acerca da meritocracia por aqui estivesse fechado e como se o castigo de lá fosse uma medida muito legal mostra bem o que se pensa quando o assunto é Educação e o que está na mira é o professor!
Já já vai ter é câmara de gás pra gente na Educação, pelo andar da carruagem...

(DIS)FUNÇÃO EDUCACIONAL QUE ENTRA PELOS OUVIDOS E SAI PELA IDEOLOGIA...

Apesar de embelezar algumas músicas tristes do australiano Nick Cave com seu choro performático indidental, a estrela ‘pop’ igualmente australiana Kylie Minogue é conhecida mesmo por sua euforia dançante. Apesar de sempre ouvir falar sobre ela, nunca tinha me dedicado a ouvi-la cantarolando seus refrõezinhos grudentos. Este “nunca” acabou na manhã de hoje, quando “Fever” (2002) foi executado em meu aparelho de som. Com exceção de duas ou três faixas, achei o CD muito chato, mas a voz fofa da cantora e o bate-escala gracioso dos acordes sustentaculares à sua voz me fizeram rodopiar pela sala. E foi aí que eu comecei a pensar que, mais importante do que comparar se a Kylie Minogue é pior despejando seus gritinhos enfeitados ou gemendo mortalmente nas maravilhosas litanias românticas de Nick Cave and the Bad Seeds, é constatar que meu arcabouço musical é predominantemente anglofílico. E isto é um problema crasso!

Ao contrário de Jadson ou de Ninalcira, que consomem preciosidades do cancioneiro tupiniquim desde que eram pequenos mancebos apaixonados, eu fui inoculado na mesma idade com o que chamam de “música alternativa internacional”, de maneira que fui preparada para enfrentar o mundo globalizado da cultura de massa, mas permaneço ainda frágil e deslumbrado diante da arte singular deste País em que habito. Neste fim de semana, por exemplo, assisti a três preciosos documentários sobre diferentes gêneros musicais brasileiros e, na manhã de hoje, conheci um artista fabuloso (em mais de um sentido) chamado Edy Star, extremamente homossexual e amigo íntimo dos falecidos (e eternos) Raul Seixas e Sérgio Sampaio. Genial!

Mas, enquanto toda esta explosão sadia de brasilidade me tomava, mais e mais canções anglofílicas eram ouvidas, desejadas ou elogiadas por mim... Kylie Minogue à beira da morte incluída (vide foto). Sou um filho deste pós-modernismo atroz, teve razão Jadson ao dizer. Que eu sobreviva ao som da versão do Edy Star para “Esses Moços”, do Lupicínio Rodrigues:

“Esses moços pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei
Não amavam..
Não passavam aquilo que eu já passei
Por meus olhos, por meus sonhos
Por meu sangue tudo enfim
É que eu peço a esses moços
Que acreditem em mim, se eles julgam
Que a um lindo futuro só o amor nesta vida conduz
Saibam que deixam o céu por ser escuro
E vão ao inferno à procura de luz
Eu também tive nos meus belos dias
Essa mania que muito me custou
E só as mágoas eu trago hoje em dia
E essas rugas o amor me deixou!”


Se eu tivesse que fazer tudo de novo, faria tudo igual!


Wesley PC>

domingo, 30 de maio de 2010

Quando o trágico não tem o lirismo de Antônio Carlos Viana (leia-se: uma visita forçada ao hospital João Alves)


Madrugada do dia trinta de maio, o carro apresadamente subia pelos quebra-molas e sacudia o meu corpo e a cabeça rasgada de uma bela moçoila, a madrugada estava fria, assustadora.
Terríveis pensamentos. No balcão burocracia, burocracia, burocracia e o sangue jorrando,jorrando. Local: Hospital, nome do estabelecimento: João Alves.
Lágrimas desesperadas de um homem apaixonado, assustado.
Entregando-se a toda boa sorte e enquanto girava a roda da fortuna eu aguardava impotente, impaciente no suspense, o frio calava.
O corredor se abria a meus olhos, fui convocado e pedaços de pessoas por todos os lados, seios sem vida de uma velha mucha se mostrava num entre abrir de um banheiro, havia dedos espalhados, olhos esbugalhados, ossos expostos ensanguentados, tosses engasgadas, vômitos, desencanto, miséria, fome, tristeza, perda, amontoados de corpos tratados, maltratados,mastigados, abusados, violentados, dores, castigo, culpa, roubo, vísceras, tripas, desespero, desespero, desespero, um homem sem dedo, outro sem alma, uma mulher pálida outra esquálida, objetificados, corpos sem nome, sem dono, jogados, amputados, marcados, capotados, enclausurados no limbo do esquecimento, eram apenas pedaços de vida.
A moçoila foi atendida, costurada, exposta na viela de um corredor onde pessoas gritavam, choravam, clamavam, pediam, sofriam, sangravam e reivindicavam ao leu um espaço de esperança. Enfaixada, com fome, com susto, com medo, com vontade, ainda tinha em sua face a vontade de continuar, eis que vejo uma placa: Capela, mas dentro nenhuma vela, nenhum altar, estava vazia e nem parecia.
Era manhã do dia trinta de maio e voltamos menos para casa.

J

Hilda Hilst










Gente! Estou imparável hoje com essas (minhas) mulheres.

Ando mesmo querendo repensar o uso de pronomes possessivos nas falas que divido comigo mesma e com os outros. Mas, uma dificuldade: a Literatura. Os livros, as personagens, as escritoras (e os escritores) que amo, que me rodeiam. Eu acabo feito criança que diz que tudo é seu. Assim tendo a escrever/falar: minhas escritoras, meus lviros, meus textos...Valei-me senhor são brás dos egoísmos inocentes e sem intenção de o ser!

Eis uma das minhas escritoras prediletas. Gurua de minha vida!

E.G.E. (ESQUADRÃO GERIÁTRICO DE EXTERMÍNIO) - Hilda Hilst

(Segunda-feira, 3 de maio de 1993)

O poeta pode ser violento. A maior parte das vezes contra si mesmo. Um tiro no peito, gás, veneno, um tiro na boca, como fez Hemingway, que também foi poeta em O Velho e o Mar; Maiakóvski, um tiro no peito; Sylvia Plath, gás de cozinha; Ana Cristina César, um salto pelos ares; etc etc etc. "Os delicados preferem morrer", dizia Drummond. Mas esta modesta articulista, sobretudo poeta, diante das denúncias feitas pela revista Veja, todos aqueles poços perfurados em prol de uma única pessoa ou em prol de amiguelhos de sua excelência, presidente da Câmara, senhor Inocêncio (a indústria da seca), e o outro com seu lindo carro às custas de gaze e esparadrapo... Credo, gente, quando você vê televisão ou in loco o povão famélico, desdentado, mirrado... Um amigo meu foi para o Ceará e passou os dias chorando! As crianças todas tortas, todos pedindo comida sem parar... e 500 toneladas de farinha apodrecendo... e montes de feijão desviados para uma só pessoa... (um parênteses, porque meu coração de poeta pede a forca, o fuzilamento, cadeia, cadeia para aqueles que se locupletam à custa da miséria absoluta, da dor, da doença). Gente, eu já estou uma fúria e para ficar mais calma proponho algumas coisas mais sutis, por exemplo: o Esquadrão Geriátrico de Extermínio, a sigla óbvia seria EGE. Arregimentaríamos várias senhoras da terceira idade, eu inclusive, lógico, e com nossas bengalinhas em ponta, uma ponta-estilete besuntada de curare (alguns jovens recrutas amigos viajariam até os Txucarramãe ou os Kranhacarore para consegui-lo) nos comícios, nos palanques, nas Câmaras, no Senado, espetaríamos as perniciosas nádegas ou o distinto buraco malcheiroso desses vilões, nós, velhinhas misturadas às massas, e assim ninguém nos notaria, como ninguém nunca nota a velhice. Nossas vidas ficariam dilatadas de significado, ó que beleza espetar bundões assassinos, nós faceiras matadoras de monstros!

O curare é altamente eficiente, provoca rapidinho a paralisia completa de todos os músculos transversais (bunda é transversal?) e em seguidinha sobrevém a morte por parada respiratória. Ficaríamos todas ao redor do coitadinho, abanando: óóóó, morreu é? Um pedido ao presidente Itamar: severidade, excelência, é ignominioso, indigno, insultante para todos nós, deste pobre Brasil tão saqueado, que essas terríveis denúncias terminem no vazio, no nada, na impunidade. É sobretudo perigoso porque:

de cima do palanque

de cima da alta poltrona estofada

de cima da rampa

olhar de cima

LÍDERES, o povo

Não é paisagem

Nem mansa geografia

Para a voragem

Do vosso olho.

POVO, POLVO

UM DIA.

O povo não é o rio

De mínimas águas

Sempre iguais.

Mais fundo, mais além

E por onde navegais

Uma nova canção

De um novo mundo.

E sem sorrir

Vos digo:

O povo não é

Esse pretenso ovo

Que fingis alisar,

Essa superfície

Que jamais castiga

Vossos dedos furtivos.

POVO. POLVO.

LÚCIDA VIGÍLIA.

UM DIA.


Fluxo-floema - Hilda Hilst (uma forma de amor: entregar textos-vida assim: puft! "Entrego-vos este assim: puft! Preciso dizer: amo-os?)



Osmo

Enfim, o existir não me confunde nada. O que me confunde é a vontade súbita de me dizer, de me confessar, às vezes eu penso que alguém está dentro de mim, não alguém totalmente desconhecido, mas alguém que se parece a mim mesmo, que tem delicadas excrescências, uns pontos rosados, outros mais escuros, um rosado vermelho indefinido, e quando chego bem perto dos pequenos círculos, quando tento fixá-los, vejo que eles têm vida própria, que não são imóveis como os poros de Mirtza, que eles se contraem, se expandem, que eles estão à espera... de quê? De meus atos. Não meus atos cotidianos, nada disso de se levantar da cama, tomar resoluções, banho caminhar, não é nada disso, talvez em alguns dias, quem sabe, esses pequenos atos se encadeiem de modo me levar ao grande ato, não sei, preciso refletir mais demoradamente, e chamo o meu ato de grande ato não porque ele tenha importância para mim, para mim é simples, é apenas muito estimulante, mas o grande ato deve ter importância para a maior parte das gentes, ah, isto eu sinto que é verdade, porque se não tivesse importância eu não me confundiria tanto, quero dizer, eu não ficaria tão em dúvida quanto à possibilidade de me dizer aos outros, de me confessar. E quando faço o que convencionei chamar de “o grande ato”, vejo que um daqueles pontos rosados se fecha, cicatriza, é como se nunca ele tivesse existido, porque a pele desse outro alguém que está dentro de mim, a pele do dono desses pontos rosados, só deseja uma coisa: desfazer-se das delicadas excrescências. Quando eu penso em todas essas coisas, penso também na dificuldade de descrevê-las com nitidez para todos vocês. Vocês são muitos, ou não? Gostaria de me confessar a muitos, gostaria de ter uma praça, um descampado talvez fosse melhor, porque no descampado, olhando para todos os lados (não se preocupem com as minhas rimas internas) para essa coisa de norte sul leste oeste, vocês compreenderiam com maior clareza, vocês respirariam mais facilmente, e poderiam vomitar também sem a preocupação de sujar o cimento, poderiam vomitar e jogar em seguida um pouco de terra sobre o vômito, e quem sabe depois vocês fariam pequenas bolas com todos os vômitos, naturalmente usando luvas especiais, claro, e lançariam as bolas com ferocidade sobre mim. E se houvesse alguém parecido comigo, eu o colocaria ao meu lado, e quem sabe depois viria mais alguém, e outros e muitos, e ficasse um apenas, a atirar o seu bolo de vômito e terra sobre nós, isso seria o ideal porque poderíamos organizar uma bela partida de beisebol, beisebol sim, beisebol é mais vida, a bola a gente agarra, a gente abraça, a gente encosta no peito. Beisebol sim. Incrível. Eu não imaginava conseguir dizer tanto. Incrível. Eu sempre me penso fechado, sobre mim uma lâmina de pura resistência, uma lâmina coesa, fosca, uma lâmina sobre os meus costados, chegando até a cabeça, em forma de viseira, se colocando depois sobre o meu rosto, e eu carrego esta lâmina e ando um pouco agachado, assim como esses velhos que têm sempre um feixe de lenha sobre os ombros, e olhem que eu sou bem alto, e assim mesmo me seu agachado. (...) Penso: vocês não serão culpados do meu grande ato?

O Unicórnio

Dizem que todos os pervertidos sexuais têm mau caráter. Dizem, eu sei. Você acredita? Acredito sim. No aspecto físico ela era uma adolescente sem espinhas. E ele? Espere, quero falar mais dela. Muito bem, espinhas então. Isso não é tudo. Quando ela me falava de sexo, debaixo da figueira, eu começava a rir inevitavelmente. Que coisa saberia do sexo aquela adolescente limpinha? E depois, veja bem se era possível levar a sério: ela usava uma calcinha onde havia um gatinho pintado. Quê? Juro. Você viu a calcinha? A calcinha foi pendurada certa vez num prego do banheiro: você jura que eu estou vendo um gato pintado na tua calcinha? Ela sorriu. Mas o gato teria por certo uma finalidade. Que finalidade pode ter um gato pintado numa calcinha? É, moça, não sei essas coisas são complicadas, podem ser ingênuas e engraçadas para você e muito eficientes, assim, no plano erótico, para o outro. É, isso é. E o irmão? Espere, quero falar mais dela. Um gato, então. Muito criativo. Mas havia mais. Mais do que um? Não, não, havia uma certa escuridão no olhar, principalmente quando ela estava perto dele. Do irmão? É. Ela tinha medo do irmão? A escuridão vinha do medo? A escuridão talvez viesse do medo de se sentir com medo. A mãe era uma possessiva gorda. Espere um pouco, você vai falar da mãe? Não, quero falar mais dela. Quando eu a vi pela primeira vez, ela mantinha uma postura de humildade. A palavra postura é palavra de uma das minhas velhas amigas, uma que queria ser santa e sábia. De início, vamos chamá-la “a sábia”. Era escritora. Chorava quando escrevia. Você vai falar da sábia? Não, ainda quero falar da outra. Então paramos...ah, sim, uma postura de humildade. Foi isso que eu disse? Exatamente assim. Mas era humildade e temor. Depois veremos. Naquela tarde eu dizia uns poemas na biblioteca da cidade, em memória de um amigo poeta. Ela disse: é bonita a sua poesia. Eu fiquei comovida, eu me comovo com tudo. É, vê-se, vê-se. Combinamos que ela iria a minha casa. Foi. O irmão também.

Com os meus olhos de cão - Hilda Hilst


Deus? Uma superfície de gelo ancorada no riso. Isso era Deus. Ainda assim tentava agarrar-se àquele nada, deslizava geladas cambalhotas até encontrar o cordame grosso da âncora e descia em direção àquele riso. Tocou-se. Estava vivo sim. Quando menino perguntou à mãe: e o cachorro? A mãe: o cachorro morreu. Então atirou-se à terra coalhada de abóboras, colou-se a uma toda torta, cilindro e cabeça ocre, e esgoelou: como morreu? como morreu? O pai: mulher, esse menino é idiota, tira ele de cima dessa abóbora. Morreu. Fodeu-se disse o pai, assim ó, fechou os dedos da mão esquerda sobre a palma espalmada da direita, repetiu: fodeu-se. Assim é que soube da morte. Amós Kéres, quarenta e oito anos, matemático, parou o carro no topo da pequena colina, abriu a porta e desceu. De onde estava via o edifício da Universidade. Prostíbulos Igreja Estado Universidade. Todos se pareciam. Cochichos, confissões, vaidade, discursos, paramentos, obscenidades, confraria. O reitor: professor Amós Kéres, certos rumores chegaram ao meu conhecimento. Pois não. Quer um café? Não. O reitor tira os óculos. Mastiga suavemente uma das hastes. Não quer mesmo um café? Obrigado não. Bem, vejamos, eu compreendo que matemática pura evite as evidências, gosta de Bertrand Russell, professor Amós? Sim. Bem, saiba que jamais esqueci uma certa frase em algum de seus magníficos livros. Dos meus? O senhor escreveu algum livro, professor? Não. Falos dos livros de Bertrand Russell. Ah. E a frase é a seguinte: “a evidência é sempre inimiga da exatidão”. Claro. Pois bem, o que sei sobre suas aulas é que não só elas não são nada evidentes como... perdão, professor, alô alô, claro minha querida, evidente que sou eu, agora estou ocupado, claro meu bem, então vai levá-lo ao dentista, sei sei... Amós passou a língua sobre as gengivas. Também deveria ir ao dentista, (claro que ele tem que ir) com a idade tudo vai piorando ele chegou a me dizer da última vez, quando foi mesmo? não importa, mas disse senhor Amós há uma tensão em toda sua mandíbula, tensão de um executivo falindo, é fantástico, o senhor não acorda com dores nos maxilares? Acordo. Então é isso, temos de acertar a sua arcada. Quanto? Ah, é um trabalho difícil. Mas quanto? (mas minha querida, o garoto tá muito manhoso, tem que ir, os dentistas agora são verdadeiras moças, deixa que eu falo com ele, um instante só professor). Pois não. Ah, dispendioso, veja, temos de acertar todos os dentes de cima e quase todos os de baixo, e os de baixo são importantíssimos, nunca se deve perder um dente de baixo, são suportes para futuras pontes, o seu aqui de baixo tá todo roído. (alô filhinho, papai quer que você vá ao dentista, não começa com isso, compro o tênis sim, drops, sei, o que shorts? ah, isso não garanto, então levo levo, certo filhinho, alô, evidente que sou eu minha querida, ele vai sim, chego cedo sim tchau tchau) Bem, onde é que estávamos, professor Amós? Respondo: nas evidências. Ah sim. Colocou os óculos novamente: o senhor parece não me levar a sério. Como assim? Notei que sorriu de um jeito um pouco, digamos, professor, um jeito condescendente, assim como se eu fosse... tolo? Impressão sua, apenas também me lembrei de uma frase. Diga, professor. Então digo a frase: “inventar um simbolismo novo e difícil no qual nada pareça evidente”, ele achava isso bom. Quem? Bertrand Russell. Ah. Continuemos, professor, não posso me demorar muito mas por favor tire férias, vinte dias, descanse. Mas o senhor não me falou claramente dos rumores. Como queira: há evidentes sinais de vaguidão. Como? De alheamento, se quiser, sim, de alheamento de sua parte durante as aulas, frases que se interrompem e que só continuam depois de quinze minutos, professor Amós, quinze minutos é demais, consta que o senhor simplesmente desliga. Desligo? Que frases eram? Não importa, por favor descanse, tome vitaminas, calmantes. Tira novamente os óculos, cobre o lábio de cima com o de baixo, suspira, sorri: vamos vamos, não se aborreça, o senhor tem sido sempre escorreito, excelente mesmo, mas cá entre nós... O reitor segura-me o braço, comprime seus dedos ao redor do meu pulso: cá entre nós, eles não estão entendendo mais nada. Quem? Seus alunos, professor, seus alunos. Estranho digo, na última aula repensamos fraudas, inícios... a raiz quadrada de um número negativo. Citei um matemático do século doze, Bramine Bascara: “O quadrado de um número positivo, tal como o de um número negativo, é positivo. Portanto a raiz quadrada de um número positivo é dupla, ao mesmo tempo positiva e negativa. Não há raiz quadrada de um número negativo, pois o número negativo não é um quadrado.” no entanto Cardan, no século dezesseis... O reitor mordeu o lábio inferior, fitou-me longamente, estendeu a mão: boa sorte, professor, férias. Atravesso o pátio. Depois corredores, gramados. Na adolescência a professora de radação pedira três contos breves. Short stories, meninos, sabem o que são short stories? Alguns babacas levantaram a mão. Muito bem, quem não souber pergunta aos outros, muito bem. Dois de meus colegas mostraram-me continhos imbecis, farfalhar de folhas passarelhos nos ramos brisas na cara etc. Aí escrevi:
Primeiro conto (vulgo short stories) __ Mãezinha, ando farto das tuas besteiras sobre moralidade e família à hora do jantar. Já te vi várias vezes chupando o pau de papai. Me deixa em paz. Assinado, Júnior.
Segundo conto (vulgo short stories) __ Vidinha, pensa bem, tu tem cinqüenta e eu vinte e cinco. Tu diz que é o espírito que conta. Eu compreendo Vidinha, mas tô me mandando. Não deprime. A gente se cruza, tá? Assinado, Laércio. Toda essa fala eu ouvi tomando guaraná no balcão de um armazém. Ele era um garotão, ela uma gordota de olho pretinho.
Terceiro conto (vulgo short stories) __ O nome dele é Sol e Adultério. O do meu marido é Elias. Meus filhos se chamam Ednilson e Joaquim. Tenho vontade que todos morram. Menos ele. (Aquele primeiro, luz e cama.) Sinto muito meu Deus, mas é assim. Assinado: Lazinha. Deste eu gosto muito. Adultério lhe parecia na adolescência uma palavra belíssima. Agora também. Depois da Aids, menos. Luz e cama foi um achado. A professora esbofeteou-lhe a cara. O pessoal do farfalhar de folhas passarelhos nos ramos brisas na cara teve como prêmio um piquenique. As notas mais altas de redação praqueles bobocas. Amós foi expulso. Perdeu o ano. Pegou pneumonia. Os coleguinhas mandaram-lhe um poema breve: Bancou o sabido, o espertinho, o vivo/ e só se fodeu / Amós, o inventivo.

Assumo: amo: Clarice, Hilda, Adélia, Alina, Vírginia, Katerine...
Mas, não dá para negar: puta-que-pariu! Hilda me tira a voz. E eu adoro. Adoro.

Objeto de Amar




















De tal ordem é e tão precioso o que devo dizer-lhes que não posso guardá-lo sem que me oprima a sensação de um roubo: cu é lindo! Fazei o que puderdes com esta dádiva. Quanto a mim dou graças pelo que agora sei e, mais que perdôo, eu amo.
(Adélia Prado)

P.S.: Quis muito uma imagem para esse post. Depois, pensei: cu é lindo! E o que é o belo é respondível? É dizível para mim? Para mim, cu basta e pronto. Descobri. Descobri que não sei falar no campo do intelecto sobre o cu! Só sei falar/sentir poeticamente o cu! Gostei do que Wesley nos trouxe sobre cu ser revolucionário. Mas, vejo poesia no cu e comentei seu post de auto-boas-vindas com poesia de grande poeta satírico de nossa terra Portugal-bahia Gregório de Matos. Agora, na fase Adélia Prado, dou-vos poesia de amor em muitas versões desde o primeiro post "Casamento".
Continuemos com Adélia sempre. Com o cu também. Porque cu é lindo e, agora que sei: mais que perdôo: eu amo!

P.S. do P.S.: na falta do indizível: a foto da moça que me fala a mim de mim como de tantos e de todos a cada um: Adélia Prado.

Opa! E, atnes que eu me esqueça: um trecho de Quero minha mãe:

Abel e eu estamos precisando de férias. Quando começa a perguntar quem tirou de não sei onde a chave de não sei o quê, quando já de manhã espero não fazer comida à noite, estamos a pique de um estúpido enguiço. Sou uma pessoa grata? Às vezes o que se nomeia gratidão é uma forma de amarra. Entendo amor ao inimigo, mas gratidão o que é? Tenho problemas neste particular. Se aviso: passo na sua casa depois do almoço, acrescento logo se Deus quiser, não sendo grata, temo que me castigue com um infortúnio. Bajulo Deus, esta é a verdade, tenho o rabo preso com Ele, o que me impede de voar. Como posso alçar-me com Ele grudado à cauda? Uma esquizofrenia teológica, eu sei, quando fica tudo confuso assim, meu descanso é recolher-me como um tatu-bola e repetir até passar a crise, Senhor, tem piedade de mim. Até em sonhos repito, Senhor, tem piedade de mim, é perfeito. Sensação de confinamento outra vez, minha pele, minha casa, paredes, muro, tudo me poda, me cerca de arame farpado. Coitada da minha mãe, devia estar nesta angústia no dia em que me atingiu: “trem ordinário” Com certeza não suportava a idéia, o fardo de ter-que-dar-conta-daquela-roupa-de-graxa-do-meu-pai, daquele caldo escuro na bacia, fedendo a sabão preto e ela querendo tempo pra ler, ainda que pela milésima vez, meu manual de escola, o ADOREMUS, a REVISTA DE SANTO-ANTONIO. Mãe, que dura e curta vida a sua. Me interditou um reloginho de pulso, mas não teve meios de me proibir ficar no barranco à tarde, vendo os operários saírem da oficina, sabia que eu saberia o motivo. Duas mulheres, nos comunicávamos. Tá alegre, mãe? A senhora não liga de ficar em casa, não? Posso ir no parque com a Dorita? Vai chamar tia Ceição pra conversar com a senhora? Nem na festa da escola, nem na parada pra ver eu carregar a bandeira ela não foi. Não dava para ir de “mantor” porque era de dia com sol quente, gastei cinqüenta anos pra entender. Teve uma lavadeira, a Tina do Moisés, que ela adorava e tratava como rainha. Sua roupa acostumou comigo, Clotilde, nem que eu queira, não consigo largar. Foi um tempo bom de escutar isto, descansei de vê-la lavando roupa com o olhar perdido em outros sítios, sentindo e querendo, com toda certeza, o que qualquer mulher sente e quer, mesmo tendo lavadeira e empregada. Tenho sonhado com a mãe tomando conta de mim, me protegendo os namoros, me dando carinho, deixando, de cara alegre, meus peitinhos nascerem e até perguntando: está sentindo alguma dor, Olímpia? É normal na sua idade. Com certeza aprendeu, nas prédicas às Senhoras do Apostolado, como as mães cristãs deviam orientar suas filhas púberes. Te explico, Olímpia, porque pode te acontecer na escola, não precisa levar susto, não é sangue de doença. Achei minha mãe bacana, uma palavra ainda nova que só os moleques falavam. Coitadas da Graça e da Joana, que nem isso ganharam dela. Morreu antes de me ensinar a lidar com as incômodas e trabalhosas toalhinhas. mãe, mãezinha, mamãezinha, mamãe, e o reino do céu é um festim, quem escondeu isto de você e de mim?

sábado, 29 de maio de 2010

AO QUE EU PERGUNTO: COMO CRITICAR ALGO SEM ENFIAR O DEDO EM ALGUM SEMELHANTE?

É complicado divergir ideologicamente. Mas, nem por isso, é recomendável esconder-se na concessão sem medidas, praticando uma polidez eterna, de caráter diplomático, que apenas contribui para que divergências desnecessárias entre pessoas que lutam por uma mesma causa sejam rigorosamente disseminadas pelos órgãos dominantes de controle midiático, supondo que se consiga perceber a realidade dos conflitos assim, pelo viés maniqueísta dos esquemas utópicos. Como defender uma causa sem acusar alguém de estar no extremo desta mesma causa e confundir o que deveria ser um irmão com um "inimigo"? Como?

Pergunto isso porque, neste sábado semi-chuvoso, entrei em contato com duas obras muito intensas em suas contradições e pendengas morais: o livro "A Miséria da Filosofia", de Karl Marx, contra alguns supostos dizeres imediatistas do líder anarquista Pierre-Joseph Proudhon; e o filme "Botinada - A Origem do Punk no Brasil" (2006), dirigido pelo deslumbrado Gastão Moreira, mas que me muito me irritou inicialmente por uma incursão enciclopédia do tema através de entrevistas nostalgicamente unilaterais. Por sorte, do meio para o final do filme, a reflexão comparece, nem que seja por vias involuntárias. E, como deveria ser, me deixou pensativo: como defender uma causa sem acusar alguém precipitadamente?

A imagem desta campanha sensacionalista (e funcional,em minha opinião) do PETA, importante órgão de defesa dos direitos animais, me ajuda a auto-questionar: como?

Adélia




















Tô na fase Adélia. Uma das poetisas que mais gosto!
Se bem que sua prosa me fascina igualmente. Quero minha mãe me marcou deveras. Um livro mínimo. Fininho. E que carrega o mundo.
Recomendo.

Ensinamento















Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

(Adélia Prado)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Casamento



Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como "este foi difícil"

"prateou no ar dando rabanadas"

e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

(Adélia Prado)


Poema de nega, né? De nega...feliz!

Homofôbia

Algums posteres atrás, Nina postou uma declaração claramente homofóbica de um famoso autor de telenovela, paralelo a tal fato:


"
O que era para ser uma reflexão sobre “Diversidade Sexual e Coisas do Gênero” e “O Eu feminino Hoje: Questões sobre a mulher na contemporaneidade” transformou-se num palco de discussões online que geraram comportamentos homofóbicos por parte dos alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (MG).



Com o intuito de instigar maior reflexão sobre os direitos iguais para os homossexuais e os paradigmas da beleza feminina na universidade, além de chamar a atenção dos passantes para os debates que ocorriam no local, alunos do curso de Artes Cênicas realizaram algumas performances, no dia 13 de maio no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas – ICEB, onde aconteceriam as mesas sobre os dois temas.



Para batalhar uma vaga dentro de uma república, os alunos da UFOP precisam andar com umas placas onde constam, na maioria das vezes, as seguintes informações: “Sou o bixo [apelido] e batalho vaga na [nome da república]”. Em uma das performances, os alunos de Artes Cênicas fizeram uma adaptação e andaram pelo ICEB com placas que diziam: “Sou bixa e batalho vaga contra a homofobia na UFOP”. Enquanto isso, dois homossexuais se beijavam, enquanto outro se transvestia.



Para questionar os padrões de beleza impostos pela contemporaneidade, uma aluna expôs os seios e rabiscava seu corpo, evidenciando seus defeitos, semelhantes às marcações feitas por médicos antes da cirurgia plástica. Ao causar espanto nos transeuntes, a polícia foi chamada para interromper as performances, sob o argumento do “atentado ao pudor”.



“Rebuliço” no Orkut



A repercussão de tais performances terminou por ser, ironicamente, motivo de chacota pela comunidade acadêmica que presenciou o ocorrido. Um tópico aberto na comunidade “UFOP” do site de relacionamentos Orkut, intitulado “Rebuliço hoje no ICEB”, gerou uma onda de ofensas direcionadas aos estudantes de Artes Cênicas em geral, especialmente aos homossexuais e à garota que expôs seu corpo. Segundo os alunos participantes da discussão online, as performances foram ofensivas e agressivas ao mostrar um casal homossexual se beijando e uma menina sem roupa.



Os responsáveis pela organização dos debates, membros do Diretório Central de Estudantes (DCE), afirmam que as performances foram autorizadas pelo Pró-Reitor de administração André Lana. Mesmo assim, alunos chocados com as cenas que presenciaram chamaram a polícia acusando a aluna de atentando ao pudor. Segundo o Art. 233 do Código Penal. TJSP. RT 841/475, “Nas peças teatrais, a nudez é apenas uma parte integrante do espetáculo. O dolo do agente não é de chocar ninguém, mas de interpretar seu personagem. Mais que isso, tem-se aí uma verdadeira manifestação de um direito de expressão, protegido constitucionalmente. Logo, nesse caso, não há que se falar em crime.”, o que significa que a intervenção policial desrespeitou um direito legal da artista.



Entre argumentos que envolveram a qualidade artística das performances, passando pela relevância de uma manifestação contra a homofobia, a necessidade ou não de uma aluna estar com os seios descobertos e pelos posicionamentos dos alunos homossexuais do curso de Artes Cênicas, o tópico da comunidade transformou-se em uma coleção de depoimentos de natureza intolerante, machista, preconceituosa e violentamente homofóbica. Palavras como “zoológico”, “animais”, “doença”, “viadagem”, “bixarada”, “vagabundos”, “baderna”, entre outras diversas, se repetiram entre as mais de 500 postagens do tópico, numa demonstração clara de como o preconceito está vivo e ativo nas universidades brasileiras. Entre as sugestões dos estudantes da UFOP para “resolver o problema” estava a remoção do Departamento de Artes Cênicas para um campus em outra cidade, e o jubilamento dos envolvidos nas performances.





Homofobia nas universidades



O caso exposto de repúdio aos homossexuais da UFOP, especialmente aos do curso de Artes Cênicas, faz eco com casos semelhantes em outras instituições federais, como o recente caso de homofobia na Universidade de São Paulo (USP), onde estudantes do curso de Farmácia distribuíram um fanzine através do qual convidavam alunos a “jogar merda” em gays em troca de convites para uma festa. A própria UFOP já registrou outros casos de homofobia, como em 2006, quando o professor Luciano Flávio de Oliveira foi chamado de “viado” e “bicha” por alunos em pleno restaurante universitário. Em 2008 o jornal O Globo publicou matéria de capa sobre homofobia nas universidades brasileiras, contando casos de agressão física e psicológica sofrida por alunos homossexuais.



Temas relacionados à homossexualidade estão garantindo um espaço expressivo na mídia. Há menos de um mês o programa Profissão Repórter, da Rede Globo, produziu uma edição inteira sobre questões relacionadas à diversidade sexual, que incluía o tema da intolerância dentro de casa, na faculdade e no trabalho. Também no mês de maio a Revista Veja fez uma matéria de capa sobre a homossexualidade, e apesar de seu discurso afirmar que hoje em dia há mais tolerância entre os jovens e que “nunca foi tão natural ser diferente quanto agora”, o que se vê dentro das universidades revela outra realidade.



O caso registrado na comunidade da UFOP no Orkut oferece mais uma ferramenta para se pensar a questão da homofobia nas universidades. Por ser o Orkut um site de relacionamentos público e aberto à visitação de quem estiver nele cadastrado, encontra-se no arquivo do fórum o registro de todas as manifestações preconceituosas direcionadas aos alunos homossexuais, com os nomes e fotos dos seus respectivos autores. O fórum pode ser acessado através deste link: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=34563&tid=5470819588059482843



Sob a conveniência do direito à opinião, liberdade de expressão continua sendo confundida com desrespeito e intolerância. Enquanto acontece a discussão ao redor da legislação que torna a homofobia um crime, enquanto o governo não se decide sobre o assunto, ainda será permitido que o preconceito se manifeste de forma agressiva, desrespeitosa e, algumas vezes, inclusive incitando a violência contra os homossexuais, como no caso da UFOP."

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=34563&tid=5470819588059482843


Jt

Contentamento


O dia começou preguiçoso, sabe aqueles dias que você não quer levantar da cama a não ser para comer e mijar? pois é, foi assim, a cama foi minha companhia perfeita, ainda na cama visitei meus e-mails e enviei alguns, contudo precisaria ir ao centro da cidade comprar um presente para uma amiga carinhosa que tenho desde a infância, mas ainda estava naquela indisposição, foi quando ligando para outra amiga minha e marcamos de ir ao centro juntos, demorei um pouco pra sair de casa, já era fim de tarde, de modo que ao chegar no ponto peguei aquele ônibus cheio de operários voltando do árduo dia de trabalho e eu pensava no meu dia totalmente improdutivo, totalmente ocioso e nem ocio produtivo foi, uma crise rolou, mas jaá estava angustiado o suficiente com a demora dos ônibus e com a quantidade de pessoas que continuava a entrar nele(egoismo?), engarrafamentos e mais engarrafamentos até o momento em que consegui chegar ao lugar previamente marcado.
Encontrei minha amiga e andamos um pouco pelo centro, eu fico sempre surpreso com o comercio marginal que acontece no fim da tarde no centro da cidade, quando as lojas começam a fechar, é uma coisa incrível, logo todo o calçadão da João Pessoa fica cheio de ambulantes vendendo todo tipo de coisa. bem comprei o presente e decidimos ligar para um amigo especial para ir até algum lugar conversar e foi o que aconteceu encontramos com ele ambém no cento da cidade e seguimos para um barzinho, chegamos lá por volta das sete horas, conversamos bastante, rimos e ficamos assustados com um cachorro que avançou sobre nós na rua deserta que seguiamos, o pavor se instaurou nos meus dois amigos o que fez com que um deles chamasse um taxi, ja eram onze horas da noite.
Antes já haviamos acertado de ir dormir na casa do meu amigo, onde a casa ficava relativamente perto, estavamos rindo muito, pelo contentamento da comunhão, pelo nervosismo do ocorrido, estavamos bem. quando entramos em sua casa, seguimos para um quarto onde estava seu computador, entramos neste blog e começamos a relembrar de músicas dos anos 80 e 90, entramos então no Youtube e começamos a ver as performances dos cantores enquanto imitavamos eles com sublime empolgação, foi divertido,mas o ponto alto mesmo foi quando encontramos a abertura da novela mexicana Carrossel, gente que bacana, que emocionante, riamos muito, muito. eu estava pra lá de satisfeito, nada como amigos para tornar o dia cheio de vida. foi simples, contido e muito bom.

JT.

“Mrs. Dalloway disse que compraria ela mesma as flores.”


Maníaco. Lí, e a palavra me assustou deveras. Conversei longas horas sozinho e ainda converso sobre, é algo que me apavora. Há um termo bonito, da moda, moderninho até: Bipolar. Escrevo e recordo de uma amiga berrando em estado de surto “isso é bipolaridade, não é frescurinha não!” Óbvio, me irritei, me chateei, mas como ela mesma me disse um dia, não posso esperar que todos conheçam tudo e em profundidade.

A medicação mais famosa e antiga no tratamento do Transtorno Bipolar é o lítio, que segundo dizem está com a venda proibida pela Anvisa em farmácias. Li em diversos sites e revistas especializadas que são muitos os efeitos colaterais, que é importante evitar sal, cafeína, álcool. Hoje, é comum a recomendação médica ao uso de lamotrigina.

Há uma variação extrema e intensa de humor que vai de uma euforia incontrolável e ininteligível para quem sofre desse mal. Há casos em que pessoas gastam quantias absurdas de dinheiro. Nessa fase, o “bipolar” ou maníaco depressivo (nada tem a ver com psicopatia), pode ter seu desejo sexual aumentado absurdamente. Numa conversa com amigos isso pode soar deveras engraçado, mas é irremediavelmente perturbador e muito difícil de se controlar.

Há a outra fase, a depressiva. Nessa, o indivíduo não vê coloração no mundo. Tudo parece ter se revestido de cinzas. Em casos mais graves, quando não se faz uso de medicamentos, o último estágio é o suicídio, os pensamentos recorrentes a cerca de, ou as tentavias. Nesse estágio, tudo se pinta de vermelho.

Tal transtorno não se caracteriza por raiva e descontrole súbito, ele é caracterizado, como mencionado anteriormente, por fases de hiper euforia e profunda depressão, nas quais o intervalo pode variar de acordo com cada pessoa e seu organismo: semanas depressivas e extremamente dolorosas seguidas por semanas de intensa euforia.

A fase eufórica é a que o individuo mais gosta, assim, muitas vezes ele não percebe e passa a perder noção de sua batalha contra essa patologia na fase depressiva.

O medicamento regula o humor, mas não pode ser deixado nem por um dia. Caso esqueça o paciente do remédio, ele deve ingeri-lo imediatamente após a lembrança.

É engraçado como alguns sites e revistas abordam os “famosos maníacos depressivos” e expõem nomes. Tratam o assunto de forma tão ridícula que parece muito bonito e interessante viver esse transtorno.

Virgínia Woolf, Cazuza, Maria Callas, Janis Joplin etc etc ...

“Essa tendência tem a ver com o espírito inovador e o temperamento emocionalmente intenso, curioso e empreendedor”. O sofrimento alheio agora é exposto como fetiche estético.

That’s my voice (lembro de alguém gritando em um filme, a cena era em uma estação de trem). Ela queria voltar para Londres. Queria ir embora. A personagem no filme As Horas era Virgínia Woolf. Filme não muito bem aceito entre os cinéfilos por questões estéticas ou técnicas, sinceramente não recordo.

Lembro de uma mulher absurdamente introspectiva, afundada em um mundo e com um desejo louco de respirar. Não vejo beleza nisso. Sofrimento para mim é feio, antiestético.

No! It’s mine! Ela gritava. Leonard, seu marido, baixa a cabeça e chora, sentado ao seu lado.

Mas quanto à medicação.... há pacientes que decidem deixar os remédios... mas a ponte entre a consciência e o reverter a situação é escura demais, não sei como fazem e se conseguem viver plenamente e como podem pensar claramente sem os psicofármicos. Dizem os médicos que a ponte é infinita, posto que é crônica, mas mesmo assim, alguns tentam iluminá-la.


quinta-feira, 27 de maio de 2010

DA ARTE DE MANTER A MÃO NO LUGAR CERTO DURANTE UM BEIJO...

Não gosto muito de beijo na boca. Quer dizer: tive tão poucas experiências neste sentido que, antes de querer saber se gosto ou não, inverti precipitadamente a equação, e saí divulgando para os quatro ventos que sou anti-beijoqueiro. Tive uma adolescência marcada por cáries frontais e, como tal, os idílicos beijos homoeróticos que a cultura de massa me ensinou a desejar só vieram se apresentar frente a mim por volta dos meus 22 anos de idade. Tarde demais...

Nesse entretempo, porém, estava mais do que habilitado a enfiar as mãos na genitália alheia em situações diversas, incluindo-se aí viagens descompromissadas de ônibus. Unir uma coisa a outra, tão propagandeada por amigos meus, nem pensar. Fico na vontade...

Como acredito na validade daquele ditado popular que prediz que “não se fecha uma porta sem se abrirem duas janelas”, fui apresentado a um cineasta tailandês genial de nome Apichatpong Weerasethakul, premiado este ano no Festival Internacional de Cinema de Cannes, com “Lung Boonmee Raluek Chat” (2010), algo que pode ser traduzido como “Tio Boonmee que Pode Falar com Suas Vidas Passadas”. Desde já, é um dos filmes que mais desejo/preciso ver, enquanto me consolo com as projeções idílicas do sublime “Eternamente Sua” (2002), mostrado em foto. Ah, quem me dera...

Wesley PC>

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Gente que coisa, Diana gravou as mesmas músicas quase sempre, olhe como ele envelheceu bem. está linda pacas! o último Cd dela saiu em 2000, diz o site lá que ela ta em turne, imagina se ela aporta aqui em Aracaju? Todos nos aqui com faixas , cartazes e tudo mais... sou fã de carteirinha, fã!


Estou feliz agora depois que tudo acabou, depois que tudo acaboooou, meus parabéns agoraaaaaaaaa

Beijitos

J.

My back pages ( tradução)

My back Pages

TRADUÇÃO

TRADUÇÃO

Chamas púrpuras amarradas através dos meus ouvidos
Deixando fortes e poderosas armadilhas
Atacado por fogo em estradas flamejantes
Usando ideias como meus mapas
"Nos enfrentaremos, logo", eu disse
Orgulhoso de testa quente
Ah, mas eu era tão mais velho, então
Sou mais novo do que antes, agora.

Preconceitos ultrapassados seguiram em frente
"Cortem pela raiz todo o medo", eu gritei
Mentiras de que a vida é branca e preta.
Ditas da minha caveira, eu sonhei.
Histórias românticas de mosqueteiros
Encrustradas fundo, de alguma forma.
Ah, mas eu era tão mais velho, então
Sou mais novo do que antes, agora.

Rostos de garotas formaram o caminho a seguir
De invejas falsas
À memorizar pedaços
de história antiga
Forçados por evangelistas antiquados
De quem ninguém fala nada, de alguma forma.
Ah, mas eu era tão mais velho, então
Sou mais novo do que antes, agora.

Uma língua de um autodidata
Muito sério para gracinhas
Disse que liberdade
É só igualdade na escola
"Igualdade", eu disse essa palavra
Como um voto de casamento
Ah, mas eu era tão mais velho, então
Sou mais novo do que antes, agora.

Na presença de um soldado, eu apontei minha mão
Para os cachorros loucos que educam
Sem temer que eu me tornaria meu próprio inimigo
No momento que eu pregasse
Minha existência liderada por barcos de confusão
Motim da popa à proa
Ah, mas eu era tão mais velho, então
Sou mais novo do que antes, agora.

Sim, minha guarda se manteve firme quando ameaças imaginárias
Muito nobres para negligenciar
Me fizeram pensar
Que eu tinha algo para proteger
Bom e mau, eu defino esses termos
Muito claros, sem dúvidas, de alguma forma.
Ah, mas eu era tão mais velho, então
Sou mais novo do que antes, agora.

by paulohp

My back pages (Bob Dylan)

My Back Pages (Bob Dylan)
Crimson flames tied through my ears
Rollin' high and mighty traps
Pounced with fire on flaming roads
Using ideas as my maps
"We'll meet on edges, soon," said I
Proud 'neath heated brow.
Ah, but I was so much older then,
'm younger than that now.

Half-wracked prejudice leaped forth
"Rip down all hate," I screamed
Lies that life is black and white
Spoke from my skull. I dreamed
Romantic facts of musketeers
Foundationed deep, somehow.

Ah, but I was so much older then,

I'm younger than that now.


Girls' faces formed the forward path
From phony jealousy
To memorizing politics
Of ancient history
Flung down by corpse evangelists
Unthought of, though, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.
A self-ordained professor's tongue
Too serious to fool
Spouted out that liberty
Is just equality in school
"Equality," I spoke the word
As if a wedding vow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.

In a soldier's stance, I aimed my hand
At the mongrel dogs who teach
Fearing not that I'd become my enemy
In the instant that I preach
My existence led by confusion boats
Mutiny from stern to bow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.

Yes, my guard stood hard when abstract threats
Too noble to neglect
Deceived me into thinking
I had something to protect
Good and bad, I define these terms
Quite clear, no doubt, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.



Que descuberta!



Gente de boa fé, olha só!
encontrei um site da cantora Diana, que agora resolveu se chamar Dianah, ela não parou de cantar não
e cultiva um visual bacana!
Será que ela tem coisas novas gravadas?
Gente, quem não geme ao ouvir Diana gritar " oh meu amadoooo, porque brigmos?, não posso mais viver assim sempre chorando" ou a magifica:

Tudo Que Eu Tenho


Que bom seria ter
seu amor outra vez
Você me fez sonhar
Trouxe a fé que eu perdi
E nem eu mesma sei porque
Eu só quero amar você
Tudo que eu tenho meu bem é você
Sem seu carinho eu não sei viver
Tudo que eu tenho meu bem é você
Volte logo meu amor
Eu tento esquecer
Que você ja foi meu
Nunca mais eu vou achar um outro amor
E nem vou procurar
Não quero amar a mais ninguém
Como você não ha ninguém
Tudo que eu tenho meu bem é você
Sem seu carinho eu não sei viver
Tudo que eu tenho meu bem é você
Volte logo meu amor
Se você não voltar
vou sózinha ficar
Solidão vai morar comigo
Vou viver infeliz
Pois o que sempre eu quis
Foi viver contente sempre ao lado seu
Tudo que eu tenho meu bem é você
Sem seu carinho eu não sei viver
Tudo que eu tenho meu bem é você
Volte logo meu amor
Volte logo meu amor


este é o link da comunidade no orkut la tem um monte de sites referenciais. ui!

beijos, oh meu amadooooo.......


Jt