Bom, depois de ouvir meus admiráveis e amados amigos falarem, em diversas situações, que para driblar a insônia, velha companheira de todos nós pelo vsito, assitem a filmes, eu decidi aderir ao tal remédio.
E, noite dessas, insone, coloquei um filminho para relaxar: Inland Empire, de David Lynch.
Ok. Quase três horas de uma versão "eu não tô entendendo que não vou conseguir parar de ver e só tô entendendo que isso não vai me relaxar em nada esta madrugada".
E foi exatamente assim que se deu: assisti até o final. Não relaxei. Inquietei-me deveras. Com aquela história que a princípio reduzi: é uma atriz pirando por ser atriz, por interpretar outras pessoas... Lembrava-me de Persona de Bergman e achava que era um jeito de David Lynch lidar com um tipo de "influência" (no bom sentido). Tão bom sentido que havia asseverado e muito na proposta de uma mulher enrolada nas brenhas do pensamento. Em Bergman eram duas as atrizes e ele, Lynch, nos apresentava uma só a viver várias.
Logo desisti desse reducionismo. O filme era por si mesmo uma linha tênue. Uma transgressão. Um borrão (não acho boa essa palavra) que me deixava no mesmo limite: também eu me transformava em outras a cada minuto que se passava, que eu vivia, que experienciava o filme...
E o que é Inland Empire? E aquela cara assustadora e aquela câmera tão singular quando eu achava que ok, as coisas já estavam resolvidas...
O bom foi que viciei nessa tática. E se assistir a filminhos por conta da insônia não melhora a insônia, me deixou acordada de maneira muito mais instigante.
Fiquem com a imagem-sensação que me impressionou e me fez soltar um "puta caralho" na madrugada e com o conselho de que é bom sim assistir a filmes com insônia, se não acalma: perturba: é o que há. E eu gosto disso.