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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sobre os rios de negras águas

Tenho as mãos trêmulas de muito frio, muitos cafés e cigarros. E de muita fartura de vida.
Cansam-me os intelectuais. E cada vez mais me encantam os livros.
Sempre gostei dos interlocutores silenciosos, meio mudos. Por esse motivo, tanto falo com portas, janelas, plantas e pássaros. E com os espíritos que quando zombam de mim, ainda assim o fazem em mudo silêncio.
Está frio e ela chega de moto. Usa jeans, casaco e botas. Tira o capacete. Seus cabelos não são longos. Sorri francamente. Também com os olhos. E é bela.
Mergulho em mim e fujo.
Sei que mergulharia em outros lugares, outros rios. Mas o rio, os rios ficam dentro de nós. Acostumamos com suas águas. Ainda que sejam negras. Ainda que sintamos medo. E o meu rio (de medos e de alegrias) não está aqui nesta terra de frio, nem nestes olhos de riso.
E é por isso que eu fujo. Fujo de lá e fujo de cá. E caminho, sozinha, por entre meus mudos interlocutores, a falar e ouvir noutra linguagem que não apenas a verbal.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Dos confiscos da alegria

Estiveram muito próximos um do outro.
Olharam-se com olhar de homem e de mulher. Conscientes de seus corpos, entendendo cada vibração.
Sabiam dos estímulos outros, externos. Mas demoravam-se mesmo na força secreta que, sabiam, precisavam parar.
Dissera-lhe ele que ela era linda, linda. O que ela não compreendeu na hora. Só depois entendeu e sorriu um sorriso que poderia denominar vermelho-sensações ou ainda verde-compreensões, pois sabia que poderiam ser e seriam explosões de alegria, sim.
Mas não.
O interdito só permitia aquilo. Pequenas fugas e descobertas deliciosas que ficariam na memória e no corpo, incandescentes, raras e delicadíssimas feito a luz vermelha de antigos cabarés.

sexta-feira, 18 de março de 2011

PARA QUEM AMA O GORDO...


O homem visto na foto chama-se Carlos Imperial. Ator recorrente nas pornochanchadas brasileiras entre o final da década de 1970 e o início da década de 1980, ele dirigiu, escreveu, musicou e protagonizou o filme “Mulheres... Mulheres” (1981), visto na noite de ontem por causa de um detalhe publicitário devastador: supostamente, o filme foi baseado num conto de Pier Paolo Pasolini, chamado “Morrer de Amor”. Na prática, porém, como filme é ruim, desagradável, vulgar e brochante: não porque o tal Carlos Imperial seja feio, gordo e, em muitos sentidos, execrável, sendo injustificável que ele tenha reunido dezenas de belas mulheres nuas neste filme, mas porque liberdade de desígnios e volições é algo que transcende as subsunções voluntárias ao capitalismo. E, definitivamente, tudo o que este filme não fez foi superar o capitalismo: ele se rende, ele capitula, ele proíbe o gozo, interdito menos por proibição ditatorial do que por indefinição estilística e definição de públicos-alvo. E, a cada minuto, eu percebo o quanto os gordos podem ser charmosos, encantadores, sensuais até... Mas, sinceramente, Carlos Imperial (ao menos, neste filme) é a mais nojosa das exceções!

Wesley PC>