sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ANTES VER AS ESTRELAS AO SAIR DO QUE ABANDONAR AS ESPERANÇAS AO ENTRAR...

Talvez o título seja um tanto “interno” para quem ainda não leu “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, mas este é propositalmente o meu intento: acabo de ler este livro canônico da literatura mundial numa edição comentada de 1955 da editora portuguesa Sá da Costa e enfrentei trocentos pequenos dilemas enquanto consumia as páginas dos trinta e quatro cantos que compõem este belo livro. O principal destes dilemas atrela-se a um problema (entre aspas) comentado noutro texto: a minha velocidade de leitura versus o estilo poético do texto de Dante Alighieri, que obrigava-me a repousar demoradamente num dado aforismo, numa dada passagem, que eventualmente me empurrava para uma consulta às notas explicativas de rodapé, e aí por diante... Foi uma leitura difícil, mas muito recompensadora e, se empenho-me aqui em recomendá-la discretamente, é porque creio que seja um excelente contraponto conteudístico ao pessimismo iracundo que tomou Jadson quando de seu contato com um livro de Antônio Carlos Viana em que o Inferno era também citado. A diferença: no livro citado por Jadson, o Inferno estava aberto. No livro citado por mim, o Inferno está como sempre esteve: o autor e seu cicerone romano é que aceitam voluntariamente a tarefa de visitar os nove círculos e, oh, as atrocidades que eles encontram pelo caminho!

Não vou abrir aqui a minha boca presunçosa para dizer que consumir o livro da forma adequada (na verdade, apenas a primeira parte do livro, visto que ainda me faltam o “Purgatório” e o “Paraíso”, mas... Não é sobre o “Inferno” que todos falam?), mas o li com paixão, sorvi cada palavra e situação como se fosse eu próprio a estar lá, passeando por aqueles corredores naturais de horror, punição e pecado. Não me atrevo a tachá-lo de “obra-prima” porque algo na tradução apresentada me incomodou. “Aprenda a ler em italiano, Wesley”, aconselhou-me o amigo Flaubert, ao telefone. Eis o que devo fazer, depois que findar a modinha idiomática levada a cabo pela telenovela das 21h (risos). Salve, Dante Alighieri (1265-1321)!

Wesley PC>

Um comentário:

  1. Este livro me inspirou a ler os "três cantos" do mundo. Leitura difícil, porém prazeroza. Por impulso escrevi algo após ler o Canto I. Mal dei tempo ao tempo de sentir os demais.

    "1 Nel mezzo del cammin di nostra vita
    2 mi ritrovai per una selva oscura
    3 ché la diritta via era smarrita....

    Após isso identifiquei que baseei-me mais na forma como o poema foi escrito: possui uma impressionante simetria matemática baseada no número três. Era esse meu texto. Algo que remontava ao nome do blog e ao título do post: 3 centavos.

    Belo livro.

    abç, Eder.

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