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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Era uma exposição de um artista...Na casa Brasil-França...Tinha uma instalação...cada pessoa entrava sozinha...Três cortinas escuras. Sala escura e uma opção: continuar ou voltar. Continuei. Saí tremendo da experiência. O coração aos pulos dentro de minha garganta, como não cabendo ali e também sabendo que não era uma boa saltar fora de meu corpo assim...Tremia. Busquei um assento. Sentei, mas não sem antes tirar os óculos.

Descobrir que sou alguém que se atira foi surpreendente. Que medrosamente vai para frente mesmo na escuridão, e que tateia, procura, mas que antes de qualquer escuridão, busca o entorno de si...eu busquei o meu entorno ali...E me vi a descobrir, a tocar cada vão de parede, a confiar em meus sentidos e depois me vi criança, testando a verdade e abri as três cortinas de volta sendo Nina. Essa de sempre e uma outra nova.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cachorro morto não se chuta ou é melhor um pássaro nas mãos do que dois voando (esse é politicamente incorreto e contra a liberdade, né?)

Numa das primeiras postagens desse blog, eu coloquei o "Poema em linha reta" como o poema de minha vida. É um poema que, grosso modo, fala de como é viver entre pessoas imbatíveis sendo um derrotado.  Ultimamente, tenho observado que se pode fazer um mal uso desse poema. Pessoas vaidosas podem usá-lo como "olha só, eu sou simples, humilde, derrotado" e vocês outros são "os dominates, os filhas-da-puta" etc.
Aprendi a duras penas que quando a gente muito se vitimiza, muito tende a fechar os olhos para as dores alheias.
Eu já não me vitimizo mais tanto assim. Apesar dar dores, apesar das pancadas, apesar das rasteiras, apesar dos pesares.
E tenho aprendido e sempre e cada vez mais com a vida e sei bem que nunca vou parar de aprender. Pois viver é isso: é supresa por cima de surpresa, aprendizagem por cima de aprendizagem...
Gosto imensamente dos ditados populares e digo sempre que "Desculpa foi feita para se pedir", "Há sempre uma porta mais baixa que o nosso corpo e para passá-la, a gente tem que se abaixar" e que "Não sou rainha para manter palavra (esse é sacaninha): se for preciso voltar atrás, eu volto". E concordo com todos eles, mas algo é fundamental para fazer valer essas sabedorias populares: a danada da razão ou do sentimento de posse em relação à razão.
Dizem que numa briga há três versões: a de uma das partes, a da outra das partes e a correta. Isso é uma brincadeira popular, mas bem que faz sentido. E, para não fugir dos ditados populares: ""Razão é bom e todo mundo quer".
Eu não sou diferente de todo mundo e muitas vezes uero mesmo ter razão. Mas, bem sei de quantas portas baixas encontrei pelo caminho e de quantas vezes voltei atrás. Não me importa isso. Mas, sou inflexível quando sinto não a falta de razão, mas a falta de justiça.

Por isso, eu retomo Álvaro de Campos agora, apesar de ele não ser meu heterônimo favorito, foi ele quem disse muito de mim quando escreveu este poema:

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza".

Quanto a mim, falo o que Clarice escreveu quanto à escrever: "mais vale um cachorro morto".

domingo, 31 de outubro de 2010

SE A ARANHA-DEUS NÃO QUIS QUE FÔSSEMOS CAPAZES DE CHUPAR NOSSO PRÓPRIO PAU, DEVE TER ALGUM MOTIVO - E, QUEM SOUBER QUAL É ESTE MOTIVO, ME DIGA!

Proteção contra nossa tendência inequivocamente humana à viciosidade? Imagina se a gente conseguisse abocanhar nosso próprio pênis: não ia sair mais de nossas bocas! (risos) Talvez sequer precisássemos nos apaixonar por outrem, talvez morrêssemos de anemia pós-masturbacional e felacional intensiva. Talvez...

Na noite de ontem, li um dos livros que, emprestado por Yuri Fonseca com muito conhecimento de causa de minhas idiossincrasias mnemônicas e sexuais, tornou-se um dos meus favoritos: “Confissões de uma Máscara” (1949), de Yukio Mishima. Obra-prima autobiográfica, sadomasoquista e nacionalista em que, entre trocentas outras possibilidades e desvios narrativos, ele explica como tentava pensar em mulheres nuas quando se entregava aos seus “maus hábitos” onanistas. E eu lembro que já tentei pensar nisso também, mas não escolho quem me vem à mente numa hora destas: meus vizinhos mais insuportáveis, meu próprio irmão (que não acho bonito), minha mãe, mendigos sujos, cães e gatos, as criaturas mais diversificadas possíveis já compartilharam meu gozo solitário e repetitivo em noites de punheta. E como sei que subconsciente é algo que deve ser respeitado, não acho isso ruim não. Gosto muito, aliás. E agradeço ao Deus-aranha por tudo o que ele faz por mim, desde bem antes de eu nascer...

E, a fim de provar o que digo, abri o livro numa página completamente aleatória (juro: só fiz abrir e caiu na página 59 da edição do Círculo do Livro) e destaco aqui uma citação: “tendo resolvido uma vez que renunciara ao amor, afastei de minha mente todo pensamento posterior relativo a ele. A conclusão foi apressada, com falhas de percepção. Eu estava deixando de levar em conta uma das mais claras evidências que existem no amor sexual – o fenômeno da ereção. Por um longo período de tempo, tive minhas ereções e também me entreguei àquele ‘mau hábito’ que as incitava sempre que me encontrava só, sem jamais tomar consciência do significado dos meus atos”. Tem como não acreditar piamente em Deus – e amá-lo obcecadamente – depois disso?


Wesley PC>

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Coincidência hilstiana ou amor demais? Eu acredito em milagres, sim.


Estava eu a ler sobre Hilda Hilst no Cadernos de Literatura Brasileira. Lia entrevistas suas. Pensava-sentia o quão maçante já estava para ela alguma perguntas. E de repente, outra vez, me vi emocionada ao ler o que ela dizia sobre Caio Fernando Abreu (antes, eu tinha lido uma carta deste para ela, sobre um livro dela, sobre a amizade que viviam), sobre antes de sua morte.
Parei um pouco de ler. Óculos embaçados. Pensei em Jadson. Pensei igualzinho eu sinto por ele. Lembrei-me de Tiago e seu amor por Caio Fernanddo Abreu. Lembrei-me também que sinto o que dizia Hilda sentir por Caio Fernando Abreu também por Tiaguinho.
E, mal limpei os olhos, melequentos (oh tão trágica sou eu!), mal os havia limpado: liga-me Jadson.
Senti um arrepio tomar meu corpo.
Os braços.

Eu acredito em milagres, sim.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Acordei, abri os olhos e ainda deitado: "eu sei que hoje é um dia como outro qualquer, mas HOJE eu quero brincar ."



DÊ UM ROLÊ
Composição: Moraes Moreira / Galvão


Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa
Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa
Enquanto eles se batem
Dê um rolê e você vai ouvir
Apenas quem já dizia
Eu não tenho nada
antes de você ser eu sou
Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés
Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés
E só tô beijando o rosto de quem dá valor
Pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis
Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés
Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés


Aos meus amigos com carinho...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Às vezes eu acredito em Deus. Talvez porque eu precise de poesia.
E Deus é um pouco poesia.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Entre em contato

Entre em contato comigo,
Mas não me mande correspondência.

Entre em contato comigo,
E nada verbalize.
Não gesticule para que eu entenda.

Minha "lonjura" É
Onde me faço ininteligível?
Entre em contato comigo
Para que eu entenda que não dei
Um passo sequer desse espaço de palavras.

Entre em contato comigo
Porque sei que eu não estou sozinho
Em certo ponto de minha máxima distância.


(Tiago de Oliveira)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Doente. Não consigo fazer outra coisa que não seja não me levantar. Hoje, vim para a UFS. Aula. Não dá nem para morrer, pois se assim o fizer: não concluo a disciplina...
Enfim: antes de ir para a emergência, assisti bastante Ozu e Samuel Fuller.
Depois, alegrinha que estava eu, a bactéria danada fela-da-piiiii... me pegou de vez. Nem filminho, nem livrinho. Quaisquer. Só dor no corpo, garganta a queimar e a coçar e moleza, moleza sem fim...
Estou tomando antibióticos. Continuo contando ovelhas , encontrando-me com as mais loucas delas, e dormindo muito pouco: insônia + bactéria: quase morte, tortura mesmo.

Na foto: eu, em meu aniversário. Como legenda poderia ser: bêbada, uma vez que turva está a foto. Mas, eu não, ok?
Mnemosine continua sendo a deusa do momento. Do meu momento.
E a deusa da saudade, como se chama mesmo?
Saudades de Jadito, de Weslito (dos dois), de Tiaguito, de mim.
Vou ver as postagens que não li ainda. Comentá-las e sentir como se fosse um abraço em cada um de vocês.
Doente, fico uma manha só.
Dengosa.

É isso. Por ora.