Hoje eu acordei com vontade de ver “Nossa Vida Não cabe Num Opala” (2008, de Reinaldo Pinheiro). Não tinha nenhum motivo específico para tal. Acordei com vontade e pronto! Achei um jeito de conseguir o filme e taquei-o no reprodutor de DVDs. Tinha ouvido muita gente falar mal, mas confiava no elenco. Paguei pelo preço de minha vontade...
Tava pouco me lixando se o filme era bom ou ruim. Para além de sua qualidade rotular propriamente dita, interessava-me ver o quanto ele transmitia-me de nacionalidade, de Brasil, de um lugar que eu reconheço como sendo aquele em que vivo, de pessoas que falam a mesma língua que eu e que podem pensar e fazer coisas que eu posso pensar e fazer... Infelizmente, a desorganização estilística do diretor Reinaldo Pinheiro desperdiçou muito do que aquele grande elenco poderia oferecer: Milhem Cortaz encarna um insuportável estereótipo de rapaz fodido; Leonardo Medeiros faz o fodido ao cubo a que já se acostumara; Jonas Bloch e Paulo César Pereio se destacam pela consagração chula de um cinismo sempre bem-vindo, mas têm poucas oportunidades de brilharem frente ao tom lamentoso do roteiro; Maria Manoella promete, mas, no caso dela, promessa não foi dívida; Dercy Gonçalves faz rir em sua rápida aparição; Marília Pêra surge, bastando; e o idiota do Gabriel Pinheiro devia ser punido pela esculhambação que faz no que tange aos meus fetiches desejosos pós-adolescentes. A exceção nesta mixórdia vai para a adorável Maria Luísa Mendonça, que repete três vezes um mesmo texto de sedução arrependida, mas é boicotada pela trilha sonora. Merda!
Quando eu já estava quase me acostumando à sub-mediania do filme, uma lembrança estranha. O fantasma de um ladrão de carros recém-falecido surge no carro roubado de um ladrão de carros enfastiado e, no meio da conversa, o primeiro pergunta: “por que tu não vais com a minha cara?”. A resposta é no ato: “porque tu és meu pai!”. Bastou. Foi aí que eu saquei que hoje era dia dos pais – e que eu não conheci meu pai – e que eu estou pouco me lixando para isso – e que meus dois irmãos estão em casa neste exato momento, vendo o jogo de futebol Flamengo X Corinthians na TV – e ambos são flamenguistas – e, por enquanto, o time deles está perdendo – e eu não ligo muito para futebol, mas admito que o poder de coesão (e de disrupção) deste esporte me é relevante no plano sociológico. Por isso, eu até que tento entrar de vez em quando na conversa deles (meus dois irmãos, um de 42 e o outro de 27 anos), que trocam experiências masculinas em minha sala, neste exato momento, mas nem sempre consigo. Sou diferente, acho!
Ai, ai, família...
Wesley PC>
também não ligo pra isso.
ResponderExcluirEu achava que não ligasse...
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Acho que estou no mesmo estado beijo-de-novela que tu, Tatiana!
WPC>