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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Charlotte's Scarpins (PARTE I)

Eu fingia que assinava o cheque enquanto aproveitava para inutilizá-lo. Borrei o valor, borrei a assinatura. O garoto estava drogado demais pra entender o que eu fiz. Eu sabia que era de programa e que tinha de pagar pelos serviços. Mas achei, ingenuamente, que gemia de verdade. Ofereci então um cheque. Ele segurava as chaves do meu carro dizendo que era menor de idade, e que se não me desse mais do que aquilo, ia ligar para recepção do motel e me denunciar. Ele queria era dinheiro de verdade. Enquanto ele girava no dedo a chave eu disse: faça! – Onde eu estava com a cabeça? Mas funcionou. Ele ficou numa praça e eu disse até logo. Esse cheque já deve ter sido usado pra embrulhar drogas, rogo a Deus que isso já tenha acontecido. Era meu nome afinal que andando por aí, ao bel prazer de um prostituto. Um prostituto de órgão imenso, mas estúpido. Gente que não conhece o mundo dos negócios, quando se mete nele, termina na sarjeta.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A PORCARIA DA MUSIFICAÇÃO

Eu tenho problemas.

Li ontem, nalgum lugar, que um rapaz lia Clarice Lispector porque queria "esquecer" de sua vida, de seus problemas, ao passo que eu, quando o faço, sigo o caminho inverso: quero lembrar deles, quero enfrentá-los, assimilá-los culturalmente, através de formas que transcendem a minha própria originalidade. Mas ESQUECER, definitivamente, não é um verbo que eu goste. Quem me conhece, sabe. Quem não conhece, deve estar sabendo agora...

Faz um tempo que eu estou tentando ver "Providence" (1977, de Alain Resnais), mais, sempre que começo, o DVD engancha, a cópia estraga, a minha cabeça dói, algo acontece que impede. Na trama, um escritor velho é assassinato e seus amigos relembram sua vida e obra por um viés pessoal, longe, bem longe do esquematismo formal que marcara a sua existência. Ou algo assim, visto que evitei ler sinopses para não estragar a minha apreciação. Alain Resnais é um cineasta estranho. Mas fica a vontade, porque vontade eu tenho de sobra.

E eu sei que pode ser covardia de minha parte, mas é tão melhor trabalhar com musos pairando sobre minha mente...

E eu assinei um acordo (uso circunflexos, mesmo quando dizem que não se deve, mas aqui eu cedo): tenho que fazê-lo sem fazê-lo!

Wesley PC>