domingo, 17 de abril de 2011

Nossos pelos pubianos (parte II)



Meu corpo inteiro tornara-se coisa pequena e sem uso ante seu corpo morto. No cemitério, quanto mais a pá cavava a terra, mais o buraco em mim crescia, menos vida eu vivia. Eu ficava pequeno. Eu bem sabia que quando se morre o corpo diminui.

Noite dessas, brincávamos de arrancar com pinças nossos pêlos pubianos, quando ele me disse que sem mim não saberia viver. Eu era quem sem ele não existiria jamais! Eu era quem havia se trancado naquele caixão junto com ele. Era quem não pedia pra que abrissem a tampa. Quando pusessem o último tijolo e cessassem de uma vez a nossa luz, estaríamos juntos, afinal. Eu estava ali dentro abraçado ao seu corpo esperando que nos deixassem em paz.

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