terça-feira, 26 de abril de 2011

Momento "Vixe"! Enriquecendo debates.

Em um lapso de “qualquer coisa”, no dia seis deste mês o professor Rodorval Ramalho (Departamento de Ciências Sociais, UFS) publicou em seu blog, um épico sobre a homofobia em duas partes. Em suma, sua idéia é de que a criação do termo “homofobia” bem como sua atribuição fazem parte de uma trama conspiratória obscura de um movimento de guerrilha fria que objetiva dominar o mundo. Agora, o que acontece na realidade, é que o professor, provavelmente inspirado no personagem de Star Wars o Darth Jair Bolsonaro, tenta esclarecer semanticamente o que é homofobia — caso restem dúvidas — só que ele achou que seria mais interessante se o processo histórico de seu desenvolvimento, contexto espaço-temporal, o que é uma atitude hostil ou mesmo o que é “homossexualidade” fossem ignorados. Chovendo no molhado, ele acaba mais uma vez fazendo analogias entre o trato antiético de um ser humano e liberdade de expressão, que sabemos bem quais são.

A essas voltas da leitura, o caro leitor já terá percebido o esgotamento explicativo de um discurso que se apóia no valor por ele mesmo, e daí tome-lhe vícios senso comunitários como, por exemplo, os “bons e velhos costumes que costumávamos ter” desaparecendo e sendo ameaçados pela revolução gay. O mais interessante é a parte em que seu texto dá a impressão (leve, tá?) de que a opressão e a agressão a homossexuais é uma mera consequência do choque identitário entre homossexuais e “aqueles que condenam suas práticas” (quem?!). É um verdadeiro baile em qualquer pensador blogueiro contemporâneo. Mas é de uma polivalência incrível, em apenas dois posts ele abrange praticamente todas as estâncias da vida pública, e da vida privada também!

Seguem os dois links com os posts em questão, embora continue com aquela sensação de que é algo a se passar em branco... ah, dane-se! Vamos à diversão! (XD) :

http://www.cinform.com.br/blog/rodorvalramalho/6420117475574728

http://www.cinform.com.br/blog/rodorvalramalho/1342011730164867

Ele fala em “Gayzismo”! Geeeeente, que vida é essa?!

7 comentários:

  1. Escrevi um texto imeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeenso, gigantesco aqui, mas se perdeu...

    O que só demonstra que, de fato, este texto desviante e desviado não merece a atenção que vem sendo concedida ao mesmo: é um vanilóquio formalista e auto-metodológico que se demonstra falho e nulo ao interpretar o sufixo -fobia como mero indicativo de psicopatologia defensável...

    Vamos ás discussões que realmente importam: esta não é o caso!

    WPC>

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  2. Digo mais: o trecho em que o talzinho exalta o momento atual como o auge da democracia (ameaçada pelo tal "fascismo do bem", vulgo gayzismo) desautoriza qualquer possibilidade de seriedade ou demonstração de sanidade moral advinda deste homem!

    Erca!
    WPC>

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  3. Esse cara é péssimo como sociólogo, péssimo ao usar qualquer argumento, do semântico-filológico ao político. Como disse Soares: essa é uma postagem cômica e merece o escárnio do título interessantíssimo: " Momento: Vixe! Enriquecendo debate!". O que ele escreve só reafirma que ele é homofóbico e péssimo sociólogo!

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  4. Um adendo: estes 'links' foram descobertos e enviados por Edilson por ocasião da vinda a Sergipe do antropólogo Luiz Mott, um dos ativistas mais ferrenhos em prol dos chamados direitos (para-burgueses) dos homossexuais. Entretanto, por mais que a luta seja mais do que válida e muito me beneficie enquanto suposto membro de uma "classe" sexualista, há um ponto infinitésimo do argumento do abominável aprendiz de sociólogo com o qual eu sou obrigado a me manifestar compreensivamente assustado: há pouco, vi na televisão mais um protesto gigantesco contra a homofobia, em São Paulo, se não me engano, e me incomodei com a predominância do discurso CONTRA a homofobia do que o discurso PRÓ - sexualidades. Está acontecendo hoje em dia, em minha opinião, um desvirtuamento de valores similar àquele que aflige os evangélicos que se preocupam mais em temerem e expulsarem Satanás do que louvarem as glórias do Senhor. E eu pessoalmente não gosto deste tipo de abordagem. Digo mais: por mais que eu seja obrigado a agradecer alguns avanços legislativos ao Luiz Mott, acho que ele utiliza algumas armas tão equivocadas, generalizantes e acusatórias (à beira da paranóia mesmo) quanto aquelas que nós vemos nosso amigo Renison usar, sabe? E isto me incomoda...

    É só um ponto de vista. Dá mais ou menos para entender o que me chateia neste viés? Gostaria de vos ouvir, neste sentido.

    WPC>

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  5. Weslinho, assisti a uma palestra no dia 26 com essa pessoa presente e ela era também um dos palestrantes. Concordo contigo principalmente ao constatar o teor rançoso e rarefeito de um discurso que vai de escolhas individuais, passando pela construção de estereótipos sociais e chegando até as sexualidades limiares.

    Não sei se o caso dele é somente paranóia, também tem a ver com uma militância datada que não leva em consideração a complexidade que brota com o passar do tempo e com a própria diversidade se manifestando em vários campos de nossas vidas.

    Acredito que realmente há um esvaziamento da questão quando também há uma tendência em sacralizar, dogmatizar frases, slogans e discursos que definitivamente não nasceram para ser dogmas. Enquanto essa percepção não vier à tona, as águas continuarão a correr contra nós, e cada vez com mais força.

    P.S.: Essa é uma tentativa de reconstrução da primeira versão (que estava bem melhor) do comentário que foi apagado por um bug maldito do hoster aqui... espero que não se repita.

    ¬¬

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  6. Alguma coisa está apagando os nossos comentários, chuif!

    Queria muito ter ido a esta palestra, pois tenho uma "raiva" histórica do Luiz Mott, aliado a uma espécie de agradecimento por algumas de suas conquistas...
    Depois repasse aqui!

    Mas concordo contigo, muito, muito, muito: acho o debatedor um difusor daquele tipo de guetificação que não me agrada. Intuo até que ele deve ser um movimentador do 'pink money', mas nada que justifique a demência do seu ex-professor, que se perde numa análise pseudo-lexical de quinta categoria...

    Sejamos maiores e fortes e sobreviventes, nesta ordem!

    Existindo ou não o tal 'gayzismo', eu prefiro o 'queerismo' ou, em bom brasileiro, a bichice mesmo! (kkkkkk)

    Amo-te, "meu nome"!

    WPC>

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