terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"A Descoberta do Mundo"

Uma vez eu disse sobre Clarice que ela é fonte que não seca. Disse isso a Nina me referindo a infinidade de trabalhos sobre a escritora num encontro de literatura da UFS. Mas agora repito que ela é fonte que não seca porque estou relendo suas obras. E essa releitura (no sentido literal da palavra e em todos os outros) é como escavação em caverna soterrada.

As estalactites estão ali, não as destruo, permanecem. Ver as próprias estalactites é de um privilégio imensurável. Vê-las e deixá-las lá. Aceitá-las. Aceito minhas estalactites. Aceito minhas profundezas. O que isso faz de mim?

Acho que posso descrever assim o ato de ler Clarice Lispector para mim: visito com lanterna e picareta uma caverna de indefinida dimensão. Escura. Que conheço e desconheço. Sem procurar feixes de luz, nem possíveis limites, lanho com a ferramenta cada estalactite que descubro. Não busco destruí-las. Não busco destruir o que se destruído me destrói. Elas são, definitivamente, o que há de mais belo e horrendo.

Tem sido uma fantástica experiência.

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