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As estalactites estão ali, não as destruo, permanecem. Ver as próprias estalactites é de um privilégio imensurável. Vê-las e deixá-las lá. Aceitá-las. Aceito minhas estalactites. Aceito minhas profundezas. O que isso faz de mim?
Acho que posso descrever assim o ato de ler Clarice Lispector para mim: visito com lanterna e picareta uma caverna de indefinida dimensão. Escura. Que conheço e desconheço. Sem procurar feixes de luz, nem possíveis limites, lanho com a ferramenta cada estalactite que descubro. Não busco destruí-las. Não busco destruir o que se destruído me destrói. Elas são, definitivamente, o que há de mais belo e horrendo.
Tem sido uma fantástica experiência.
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