quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A PORCARIA DA MUSIFICAÇÃO

Eu tenho problemas.

Li ontem, nalgum lugar, que um rapaz lia Clarice Lispector porque queria "esquecer" de sua vida, de seus problemas, ao passo que eu, quando o faço, sigo o caminho inverso: quero lembrar deles, quero enfrentá-los, assimilá-los culturalmente, através de formas que transcendem a minha própria originalidade. Mas ESQUECER, definitivamente, não é um verbo que eu goste. Quem me conhece, sabe. Quem não conhece, deve estar sabendo agora...

Faz um tempo que eu estou tentando ver "Providence" (1977, de Alain Resnais), mais, sempre que começo, o DVD engancha, a cópia estraga, a minha cabeça dói, algo acontece que impede. Na trama, um escritor velho é assassinato e seus amigos relembram sua vida e obra por um viés pessoal, longe, bem longe do esquematismo formal que marcara a sua existência. Ou algo assim, visto que evitei ler sinopses para não estragar a minha apreciação. Alain Resnais é um cineasta estranho. Mas fica a vontade, porque vontade eu tenho de sobra.

E eu sei que pode ser covardia de minha parte, mas é tão melhor trabalhar com musos pairando sobre minha mente...

E eu assinei um acordo (uso circunflexos, mesmo quando dizem que não se deve, mas aqui eu cedo): tenho que fazê-lo sem fazê-lo!

Wesley PC>

3 comentários:

  1. Valei-me minha Nossa Senhora dos Clariceanos!
    "Esquecer da vida" em Clarice é não lê-la.

    ResponderExcluir
  2. Uma vez em conversa com Ninete, falávamos de uma diferença entre Clarice e Virgínia Woolf. Para mim, aleitura em Clarice corre "animada", movida por uma espécie de fôlego/fogo, que eu não consigo descrever. Porque, como ela mesma disse, "Toca ou não toca".

    ResponderExcluir
  3. Eu lembro bem desta sua diferenciação...
    Preciosa e incisiva, nos melhores sentidos dos termos.
    E sim, como eu te concordo!

    WPC>

    ResponderExcluir