terça-feira, 28 de setembro de 2010

Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade.

Sempre fui muito dado mesmo ao erotismo... às revistinhas de sacanagem, aos filminhos pornôs, à safadeza, enfim, de uma maneira geral. Vivi recatado no interior do Estado como mocinho puro filho de pessoas respeitadas, logo, mocinho de família... mas, no cantinho de meu quarto, as paredes amarelo-amarronzadas eram a concreta denúncia de meus atos mais libidinosos. Sem paciência para guardanapos, as paredes serviam de capacho para as minhas mãos lascivas. Aos pobres, disse certa vez Bukowisk, resta o sexo e o alcoolismo. A mim, que me entendo não por gente, mas por Alma Livre, embora em perene angústia a vagar nesse vil purgatório, parece ter restado mesmo o DESEJO. Dou um passo e latejo.

Lendo o Cartas de um sedutor, de Hildinha (rs), me deparei, sem muita ênfase, com a sugestão que faz do livro de João Silvério Trevisan “Devassos no paraíso”. O livro da escritora já é bem delicioso e libertino, mas andando pela livraria como se a andar atrás de diversão, eis que se expõe para mim feito michê, o livro do Trevisan. Leio-o como se a beber vinho. Ao mesmo tempo em que se enrijece o meu pau, conheço coisas fascinantes, me introduzo em conhecimento sobre o “homoerotismo”, ou homossexualidade, ou homossexualismo (e aí, já não significam mesmo para mim a mesma coisa) de maneira nunca antes pensada por mim.

O Trevisan cita fatos históricos da época do Brasil Colônia muito relevantes e desmunhecadores. Quando penso que estou a ler um texto meramente acadêmico, de repente, estou molhado de tesão, ou mergulhado em revolta. E não apenas. Eis uma pequena citação de um livro de Conrad Detrez, escritor Belga que veio ao Brasil na época da ditadura militar prestar serviços de seminarista:

“Meu amigo me prendeu bruscamente entre suas pernas, abriu minhas nádegas, me penetrou. Urrei de dor. Minha carne, minha pele se rasgaram. Sangrei, gritei que o amava, que ele estava me matando, que estava doendo, doendo muito, e que eu me entregava. Meu esperma jorrou sob mim, meu sangue escorreu por minhas coxas. Dormimos, comemos, nos amamos num cheiro de sangue seco, de suor, vivemos dois dias numa mistura de lágrimas e de jogos, de carícias muito suaves e perigosas, sentados, deitados, em pé, cometendo todos os desregramentos, todos os excessos que nossa imaginação pudesse conceber, excessos que nos teriam levado à morte se o Carnaval não tivesse terminado”.

Bem, ainda não o terminei. Tenho, pois, muitas outras coisas a fazer... o livro é grosso e pelo que me parece fora atualizado para a reedição. A primeira se esgotou há mais de dez anos desde a publicação. Moral da história: não sirvo mesmo para disciplinaridade, com tanta coisa para estudar, acabo sempre me inclinando à devassidão. Adoooro.

2 comentários:

  1. Faço minhas as tuas palavras, querido!
    Definitivamente!

    WPC>

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  2. Nossa Tiago, apaixonei-me pelo teu texto, pelo livro indicado, pela devassidão, preciso urgente de coisinhas assim, visto que me encontro em otal desencontro com carnes , sangue e semen alheio!

    beijo

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