quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A PROVA

O que vi era prova de amor.
Bêbada. Cabelos desgrenhados. Voz embolada. Os passos, trocados.
“Bebeu pra caramba! Quando está sã é ótima, mas bêbada...”.
“Comigo é assim: eu gosto quando está boa, quando está doente, bêbada... de qualquer jeito eu gosto dela, se estamos juntos, estamos juntos, não é dona?”.
Ninguém os olhava diretamente.
Acariciou-lhe o cabelo.
Duas figuras sujas, pobres, fétidas até.
Aquilo era a prova do amor.
Guiou-a toda a viagem no ônibus coletivo. No terminal, conduziu-a delicadamente.
Eram equilibristas por entre a multidão.
Eram equilibristas por entre a vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário