sábado, 10 de julho de 2010

A fita rosa



A FITA ROSA
( Jadson Teles)


Foi cortada fora a cabeça
Era uma cabeça mimosa
Cabeça de menina com tranças e fita de seda
Tinha rosa e a fita ficou vermelha

A cabeça separada do corpo
E Tinha sangue e tecido e dor
A menina indo a escola com fita rosa no cabelo
A mãe não ia mais ficar brava com travessuras

A cabeça colocada num saco
Os cabelos loirinhos sem fitas rosinhas
Cheiro de morte no portão da escolinha
Frustada a mãe não lhe daria mais o primeiro sutiã

Na rua a cabeça não estava mais, tadinha
Sentimento de dó, de dor, de menina morta
Sem fome, sem pecar, sem cabeça, sem fitinha rosa
E a escola a mãe não mais pagaria

Sepultaram a menina com a cabecinha
Eram lágrimas que viam e gritos que ouviam
Os amiguinhos medo tinham
A mamãe era triste e na mão balançava a rosa fitinha.

4 comentários:

  1. Ui. Violento. Mix medonho: o pueril e o assustador. Lembrei-me de nossa conversa no bar. Lembrei-me de O quarto, o texto de nosso Tiago.
    Vocês dois são dois mosntros. Gêniozinhos disfarçados entre nós.
    Seu texto sempre afiado com ume stilo só seu, hein?
    Adorei sua volta às ficções. Essa para o mundo. E os nossos encontros dominicais, vão voltar?
    Já já fico boa dessa tal dessa doença, viu?
    Beijos.

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  2. Sonhei acordado, wesley com essa cena!

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  3. Quando leu para mim, Jadito, fiquei pensando o mesmo que eu achava que as pessoas iriam pensar de mim ao ler os textos que costumava escrever:
    "Será muito ódio (e) muito amor?"
    amo muuito vcs por isso!

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