sábado, 10 de julho de 2010

Avante!



Em coro a muda multidão de baratas.

Antenas acesas que vibram em silêncio,

Porque tudo na latrina está no devido lugar.

O cheiro é de latrina, o lodo é mistura de merda e sujeira do tempo,

Sebo.

O azedume é natural, as bactérias são naturais, a nojeira é natural.

“Mas é tudo muito natural” – diz a baratinha.

“Tudo está onde deve estar” – não diz, mas é o que pensa o baratão.

E isso é pior.

Em sintonia a surda multidão de baratas.

Antenas acesas que vibram apáticas.

São gritos e não murmúrios, baratas debilóides.

Em marcha a cega multidão de baratas.

Antenas acesas e avante!

2 comentários:

  1. Precisamos conversar mais sobre baratas. Só sei que elas dão a você uma oportunidade ímpar de me fazer ficar embasbacada com os textos.
    E a podridão do mundo continua...
    Gostei da baratinha indagadora.

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  2. O mundo daqui de baixo me facina. A cada dia me apaixono pelas baratas.
    Beijo, nega.
    saudaaaaaades.

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