Sem quê nem pra quê andava entre os livros da escariz, sabendo eu muito bem que não posso ler agora outra coisa que não os livros do mestrado. O tempo é pouco e custa muito caro na minha condição. Quando já estava me despedindo do “Aberto está o Inferno” do Antônio Carlos Viana, decidindo deixá-lo para outra oportunidade, vi de relance o “Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos” da Ana Paula Maia. Lembrei-me que o próprio Viana a havia apresentado rapidamente na UFS, e aí não pude resistir, mesmo vagas as palavras dele, elas borbulharam naquela tarde: recordei “ralo”, “trabalho sujo”, “porcos”... reconheci-me entre as lembranças. Catei ambos os livros. Por curiosidade abri o da Maia.
O livro é um pedaço de carne podre. E não faço idéia da origem da carne, se humana, se não humana, se de porcos ou de cachorros, mas estranhamente viva e podre. O livro fede e é gelado. Tudo me veio em imagens e sons e sabores e odores nada agradáveis. E viciosamente cativantes. O único livro que havia lido em uma tarde fora “A Obscena Senhora D” da Hilda Hilst. Essa guria, a Ana Paula, lançou-me um gancho, desses que penduram porcos abatidos.
Lembro de uma conversa que tive com Jadito, em sua casa, no café da manhã. Eu dizia: só posso imaginar... só posso imaginar... Bem, lendo-o eu imaginei, senti cheiro de putrefação e carne fresca dilacerada, de miséria, de miséria e de miséria humana e de todo aquele que sustenta a condição de estar vivo.
Esse livro é composto de dois textos, o que o nomeia e um outro chamado “O Trabalho Sujo dos Outros”, ambos jogam a vida de personagens que em meio a miséria que os rodeiam e de dentro da miséria de suas próprias vidas, pulsam infelizes e rancorosos, mas sobretudo pulsam. Amam, odeiam e pulsam. A dor e o sofrimento, seja de porcos ou homens, perderam-se entre as imundícies desse mundo. Vença o que melhor souber se defender, sem méritos. Os homens matam os porcos, os porcos comem os homens e os cachorros, em condolência, comem as carnes de seus “donos” já cadáveres.
Se quiserem e puderem, leiam.
Esse livro é composto de dois textos, o que o nomeia e um outro chamado “O Trabalho Sujo dos Outros”, ambos jogam a vida de personagens que em meio a miséria que os rodeiam e de dentro da miséria de suas próprias vidas, pulsam infelizes e rancorosos, mas sobretudo pulsam. Amam, odeiam e pulsam. A dor e o sofrimento, seja de porcos ou homens, perderam-se entre as imundícies desse mundo. Vença o que melhor souber se defender, sem méritos. Os homens matam os porcos, os porcos comem os homens e os cachorros, em condolência, comem as carnes de seus “donos” já cadáveres.
Se quiserem e puderem, leiam.
Com esta indicação tão visceral, sinto-me mais do que intimado a lê-lo... Deixa só eu passar pela Escariz de novo...
ResponderExcluirWPC>
Vou dar uma olhada. "Curioso". Ah, sim. Dá um pulinho no meu blog: http://catalisecritica.wordpress.com. Se possível dê uma lida no conto "O Pai dos Pobres". Valeu.
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