terça-feira, 1 de junho de 2010

A CATARSE ANTECIPADA

Antes de dormir, vi um filme surpreendente. Um filme que, na verdade, eram sete, mas que funciona muito bem justamente por ser coeso (ou quase, visto que o último segmento quase degringola o conjunto). Um filme que tinha tudo para resvalar no óbvio ululante, visto que sua proposta de amalgamação entre pornografia e arte é um tanto batida no universo ‘pimba’, mas que, ainda assim, conseguiu me deixar algumas horas em claro, pensando na experiência que havia penetrado meus sentidos minutos antes. Um filme que se chama “Destricted – 7 Vezes Erotismo” (2006), que é dirigido por sete conceituados artistas, com diferentes visões (e pré-conceitos) de mundo e que voltará a ser objeto de postagens futuras de minha parte, deslumbrado como consigo ser...

Para começo de conversa, queria destacar o segmento “Impaled”, conduzido por meu mentor cinematográfico-hebefílico Larry Clark, que assume que se utiliza da Sétima Arte para sanar seus delírios psicóticos mais extremos, em contraste com seus vícios conservadores (in)assumidos. No segmento, ele entrevista vários rapazes que responderam a um anuncio de jornal. Os meninos são perguntados sobre quando perderam a virgindade, sobre as preferências sexuais, sobre quando começaram a ver filmes pornôs e sobre as opções estéticas que implementam sobre seus pêlos pubianos. Todos mostram seus pênis para a câmera e um deles é escolhido para fazer sexo com uma atriz pornô diante desta mesma câmera. O escolhido, portanto, passa a conduzir entrevistas com várias estrelas do sexo filmado e, depois de escolher aquela que mais lhe apraz (uma empolgada mulher de 40 anos, que se atira sobre ele – algo que tanto eu quanto o Larry Clark desejavam também fazer!) comenta que o sexo anal lhe incomoda um pouco porque ele sente nojo de perceber os resquícios de merda sobre sua rôla. E eu estava lá, cúmplice de toda esta brilhante experiência, gemendo de gozo e satisfação, ciente de que o hipermodernismo pode também dar origem a uma obra tão inspirada e sensual como esta!

Terei novas oportunidades para comentar os demais segmentos do filme, mas esta obra-prima em média-metragem de Larry Clark merece encômios demorados de minha parte. O modo como as entrevistas (em ambos os momentos do episódio) são conduzidas e a sensualidade inerente a todo o contexto interrogativo e posteriormente produtivo me deixou em estado de transe, satisfeito por perceber que o diretor está evoluindo politicamente, que seus anseios antropológicos e pervertidos estão cada vez mais serventes a uma causa ampla, na qual eu me incluo como beneficiado curativo. E olha que eu estou a falar de um profissional com 67 anos de idade, que, desde a década de 1960, engendra radiografias maravilhosas do universo adolescente, como esta que emoldura esta postagem, de nome “Teenager Asleep”, constante do livro de fotografias “Teenage Lust” (1975).

Larry Clark é um gênio catártico – e eu sou seu fã incondicional!
Preciso dele para me sentir e fazer o bem...

Wesley PC>

Um comentário:

  1. Eita que eu quero ver isso, o rapido possivel!
    me passa...

    e que foto legal!

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