quarta-feira, 2 de junho de 2010

Do desejo













Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.

(Hilda Hilst)

Essa tela, de Alexandre Cababel é de 1863. Gosto muito, apesar de não entender nada de pintura, de artes plásticas - a relação que tenho é a mais primária possível: olho e a tela, o quadro, me captura, meio que me pesca. Mas, gosto desta dele especialmente porque ele utiliza a célebre referência mítica do nascimento de Afrodite: Cronos castra seu pai Urano e lança ao mar os testículos. Da espessa espuma do esperma, surgiu Afrodite, deusa do amor e da beleza, identificada como Vênus, entre os romanos.

Certa vez li em um livro de Muniz Sodré que “o olhar é um meio de possuir ou ser possuído, completamente análogo aos órgãos sexuais, que possuem e são possuídos”. Gosto de pensar nisso quando olho um Cabanel, um Courbet, um John William Godward, um Lefevbre, um Guillaume Seignac, tão diferentes entre si e tão pescadores de mim...

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