terça-feira, 18 de maio de 2010

IDEALISMO X PRÁXIS




Evito por sangue no meu prato, todavia outras questões vêm a tona agora que estou num debate público-virtual acerca dos problemas advindos dos nossos hábitos alimentícios. Agora vejo, por exemplo que uma leitura marxiana seria de extrema necessidade, claro sem os ranços dos marxismos levando em conta as limitações de uma teoria e atualizando suas preocupações e incorporando talvez , apesar do paradoxo que possa gerar, uma dimensão individual, (e não egoista). Percebi ao longo desses seis anos de UFS que o mais difícil para o homem da práxis é a mudança dos próprios e pequenos hábitos coitidianos e é por onde devemos começar, assim creio!. para instaurar uma nova ordem de coisas, (mas como já falei em algum momento), o cômodo, a comodidade e a imersão num sistema que lhe toma o tempo e lhe faz aderir a uma forma alienante de vida, são algumas das principais barreiras para a descontrução ou recontrução de hábitos mais saudáveis e ou éticos. Mudar hábitos é um bom começo, pode até parecer simples, mas é o que mais leva o sacrificio, ir contra desejos solidificados é algo que soa para alguns como uma moralidade demasiada cristã, mas pensemos mais sobre isso.

Eu sempre idealizei morar em uma comunidade, onde poderiamos cultivar nosso próprio alimento, onde poderiamos fazer nossa própria roupa, onde dividiriamos serviços que vivendo em lugares separados estamos consumindo mais e mais, temos um sentimento tão egoista e de apego ao bem material que não sabemos mais dividir ou mesmo doar e muito menos conviver com vontades dispares, parece mais uma vez um discurso cristão. Vejamos:

numa comunidade de 20 pessoas teriamos uma casa e não 20, teriamos digamos 4 tvs e não 20, teriamos 2 ou 3 aparelhos de som e não 20, teriamos uma geladeira e não 20, teriamos uma conta de luz (poderiamos optar por energia solar) e não 20, teriamos 3 ou 4 computadores e não 20 e ainda poderiamos comsumir bens culturais comunitariamente ao inves de 20 livros “Dom casmurro” 1 ou de 20 filmes “ Amarelo Manga” teriamos 1, o problema é a convivência, esse é por assim dizer um pensamento quase que tribal, esquecemos de conviver com o outro, sempre estamos querendo nosso espaço e coisa e tal, espaço ganha um sentido tão metafísico no sistema capitalista que esqueçemos que moldamos nossa identidade, nossa humanidade na relação com o outro.

Podemos refletir mais.....

PS: Topam a leitura do “O Capital” do Karl Marx? confesso que nunca estive tão excitado com a idéia!


JT

5 comentários:

  1. Sabes bem que concordo contigo em todos os pontos de vista e atitudes "idealistas" descritas e que já venho me embrenhando por esta leitura há um tempinho, mas... O desgraçado do "Capitalismo tardio" conseguiu abarrotar-nos de contra-evidências pragmáticas que limitam nossos anseios utópicos na pretensão coletivizada que propões... Convencer Americozinho a não comprar um DVD etxra de TIROS EM COLUMBINE foi mais um destes "pequenos passos"... Que eles se multipliquem!

    Na verdade, "O Capital" é mais historicizante e catalogador de eventos do que necessariamente impulsionador de propostas, mas... A fim de se pensar em "futuro possível", ler aquilo é mais do que obrigatório. É um ato consciente na gênese mesma do termo!

    WPC>

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  2. Idealizações meu caro wesley...., concordo contigo, mas façamos o pouco que podemos fazer....

    quanto ao "O Capital" é nesse sentido mesmo, de entender o processo histórico, nossa falando com voces aqui sobre esse assunto me deu um desejo, como nunca tinha tido antes, me motivou de verdade, nunca antes tive tanto interresse em ler ele, quem quiser se juntar a mim vou começar a ler aos sábados as 9h da manha e pra melhorar a coisa depois ver sempre um filme de cunho politico e ou de dimensões éticas, quem topar é so aparecer!

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  3. Opa! Para quando vocês imaginam começar a leitura de O capital? Poderíamos sim fazermos juntos essa leitura, enquanto não decidimos se teremos ou não coragem de embarcarmos numa comunidade, encarar as possíveis dores da adaptação e depois as possíveis alegrais da mesma adaptação!
    Numa época não muito distante, realmente acreditei que formaríamos uma comunidade mesmo!
    Mas, eu sou compulsiva, viu? E as leituras de A história da sexualidade? E o grupo sobre Walter Benjamin? Povo, povo! Sempre juntos sempre juntos! Amo-os!
    Ui, socorro! Quero tudo!

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  4. Eis um ponto de partida...
    Creio que seria muito bom que fizéssemos mesmo a leitura d(O) Capital.
    Hoje, vcs sabem, existem alguns autores que tratam muito bem a crítica à propensão ao consumo.
    Vi essa semana um documentário que me deixou perplexo. Sempre me pergunto por que o óbvio me assusta às vezes...

    doc: CRIANÇA, a alma do negócio.

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