terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Amputado ou Coisa escondida demais

Uma vez,
Embaixo da cama de minha avó,
Achei uma caixinha azul de metal.
Ali, um vidrinho de perfume
em formato de coração,
um relógio de bolso dourado e fotografias.
De repente, uma voz:
"Peloco de vó, venha comer!"
De susto, ligeiro, a tranquei.
Vinte e sete anos se passaram.
Sensação outro dia de que perdi coisa minha
Lá dentro.
Descobri que peloco é filhote de pássaro.
E que, quando fechei a pequena caixa,
Esqueci dentro dela as minhas asinhas.

3 comentários:

  1. Lindo. Forte. Eu sei dessa história. e agora, se fecho os olhos: te vejo. E se me esforço, te abraço e sinto seu cabelo bom de passar as mãos. Vc é assim: puro até quando há putarias. Menino pássaro com asas na caixinha de seu vô e por trás das costas. A gente aqui fora vê as asinhas. Vc aprenderá a voar. Aliás, vc já voa: quando escreve, quando fala coisas lindas, fortes, cortantes. vc é anjo. Ainda que fume e que beba e que jogue. O céu é parecido assim com vc com seu vô e uma caixa que é o mundo. Pressa agora, mas é isso: saudades e amor. e felicidade por vc ser meu amigo.

    ResponderExcluir
  2. Lindo... me fez relembrar minha história que você já sabe.

    ResponderExcluir