segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Minha flor, meu bebê

Outro dia, estava eu falando da poesia escrachada de Cazuza. Falando do quanto gosto dessa coisa assim intensamente entregue dele. E ainda há pouco, conversando com Jadson, falei, entre tantas coisas (inclusive a recordação da última surra que eu havia levado de minha mãe aos 14 anos de idade já), eu falei dessa coisa que tantas vezes toma quem gosta de outra pessoa: a idéia de fingir que não sabe das coisas para o outro sentir o prazer de ensiná-la. E lembrei do verso dessa música que diz "e me fingir de burro pra você sobressair". Depois de tê-la citado, claro que ela não me saiu da cabeça. E esse fingimento é um fingimento nada sacana, bonitinho, feliz de se fazer quando se gosta. Sempre escrachadamente, claro! Com o acréscimo de que essa letra é bem "nega", do tipo: sempre enxergo Chico Buarque de avental e colher de pau na mão, com lindos e suplicantes olhos azuis quando ouço "Com açúcar, com afeto". E essa de amigos que dizem que se está louco ou que o outro é quem manda é algo clicheroso e adolescente e é algo "nega" assumir que sim, que é assim mesmo que as coisas acontecem e que assim também dá prazer...

Então, a letra:

Minha flor, meu bebê
Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair
Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
Dizem que tô louco
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

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