Outro dia, estava eu falando da poesia escrachada de Cazuza. Falando do quanto gosto dessa coisa assim intensamente entregue dele. E ainda há pouco, conversando com Jadson, falei, entre tantas coisas (inclusive a recordação da última surra que eu havia levado de minha mãe aos 14 anos de idade já), eu falei dessa coisa que tantas vezes toma quem gosta de outra pessoa: a idéia de fingir que não sabe das coisas para o outro sentir o prazer de ensiná-la. E lembrei do verso dessa música que diz "e me fingir de burro pra você sobressair". Depois de tê-la citado, claro que ela não me saiu da cabeça. E esse fingimento é um fingimento nada sacana, bonitinho, feliz de se fazer quando se gosta. Sempre escrachadamente, claro! Com o acréscimo de que essa letra é bem "nega", do tipo: sempre enxergo Chico Buarque de avental e colher de pau na mão, com lindos e suplicantes olhos azuis quando ouço "Com açúcar, com afeto". E essa de amigos que dizem que se está louco ou que o outro é quem manda é algo clicheroso e adolescente e é algo "nega" assumir que sim, que é assim mesmo que as coisas acontecem e que assim também dá prazer...
Então, a letra:
Minha flor, meu bebê
Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair
Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
Dizem que tô loucoQue você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
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