quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A grande fenda da louca

Ela parou quando lambia as bordas do envelope dando-se conta de que estava desequilibrada, lembrou-se que há um mês não tomava seus estabilizadores de sanidade. Aquilo de tomar remédios não estava dando certo. Mas também aquilo não era para ser exposto como achava que pretendia. Ninguém precisava mesmo saber com um bilhete. Estava, ainda por cima, exausta de psiquiatras. Dra Tatiane era esperta, mas muito grossa. Para Dra Jakeline não voltaria, o último olhar que lhe lançara a deixou insone por dias e Dr Ricardo atendeu seu último telefonema falando assim: Alô! - Ríspida e secamente. Estava cansada. Decidiu dobrar as esquinas procurando uma saída. Quanto mais andava, mais em si se ancorava. Decidiu encarar a sua louca condição: apressou os passos, ao ponto de começar a correr. Corria com o coração latejante a sair-lhe pela boca, entrecortando as ruas com uma espécie de instinto expectante, pronta a encontrar a grande fenda por onde ela passaria.

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