quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Embriaguez

Acordou ainda bêbada. A cabeça girava. Ao contrário da noite anterior, não mais girava divertidamente.
Queria um gole de café. Forte. Amargo. Quente como o quente da vida que se abria para ela todos os dias. Ainda que não pensasse sempre assim.
Tinha uma parte do fogo como uma poesia mínima latejando.
Adora os cheiros, pensou de si para si. Havia dito inclusive que cheiro é tudo. O cheiro do corpo. Gostava.
Lembrava-se sempre (era uma imagem-recorrência) de uma casa sua da infância: tinha janela para o quintal e jasmins ao pé da janela.
Gostava de abri-la em jejum e ser tomada pela fragrância do jasmineiro.
Inebriava-se. E, um pouco tonta, começava o seu dia.
Lembrou-se de acontecimentos tão longínquos por que razão?
Sorriu ainda bêbada com a cabeça girando, girando.

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