segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Da dificuldade da maternidade

Um motivo de grande confusão para alguns homens: a barra da saia da mãe.
Quantos deles confundem amor com obrigações (não só domésticas, mas sejam quais forem)?
Quantos deles acham que uma mãe por ser mãe deixa de ser mulher e quantos ainda não compreendem que uma mulher por ser mulher nem sempre tem de ser mãe?
Daí minha dificuldade (entre tantas e tão variadas) em relação à maternidade: se eu parisse um guri, um "menino-home"como se diz na minha terra tão louvadora do sexo masculino, o que eu faria dele? O que permitiria (e o verbo é proposital, visto que muitas mães permitem mesmo) que ele fizesse de mim?
Se eu aplicasse tudo o que eu entendo como passível de fazê-lo üm filho de cuca legal" será que ele não sofriria muito nesse mundo configurado tal como está?
E se eu reproduzisse os pequenos vícios naturalizados que configuram o grande, o imenso e aderente (e muitas vezes disfarçado ou mesmo invisível) machismo do mundo só para salvaguardar um provável bem-estar do guri no mundo (do tipo: ele nãos eria o inadaptado, o extraterrestre)?
Não sou daquelas que acreditam em meio termo. Por isso eu me acredito "o exagero".
Não acreditando eu em meios termos só posso conceber que ou se é machista ou não se é machista.
E eu não queria parir e criar (educar, fazer) um machista. Nem enquanto mãe, nem enquanto mulher.
Por isso, venho construindo a idéia de que o mais correto sou eu não parir.
Além, claro de concordar com Machado de Assis em Brás Cubas: para quê vou perpetuar uma raça como a dos homens, para que deixar sementes?

Mesmo sendo a contradição em pessoa e pensando que seria muito lindo e singular parir, criar, dividir um pouco de minha vida com uma outra criatura. Gestada e parida por mim ou (o que muitas vezes pensei) escolhida por mim, adotada, irmanada na alma.

De qualquer forma: mais medo de criar (educar, fazer, contribuir) uma pessoa nada boa do que de parir ou de errar numa escolha...

2 comentários:

  1. os homens procuram numa mulher uma mãe e acho que isso não vai mudar.
    eles estão sempre querendo ser protegidos... até mesmo mandados..

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  2. Penso quase da mesma forma que ti. Porém, vejo a maternidade não como um problema de criação para um mundo atual, mas sim com o propósito da criação em si: a maioria dos pais e mães fazem um filho por ego, pra ensiná-los o que eles acham importantes, criá-los em seus moldes, para que eles sejam do melhor jeito por eles imaginado... e o pior de tudo: normalmente, são o oposto =P
    ahsuhasuhas
    Por mim, quereria um filhx libertário e feminista (=direitos iguais) porém tenho medo de sair pior do que gostaria... certas coisa não são ensinadas, vão do caráter...
    Abraços

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