sábado, 14 de agosto de 2010

Café com leite: a descoberta dos nomes

Descobrira o prazer num beco da cidade onde morava. Ao se beijarem, esfregaram-se, os dois de calças jeans, e ela estremeceu.
Sentiu o corpo todo num tremor e depois ficou mole.
Ficara mole das idéias também com aquela novidade. Tanto que perguntou: por que você fez isso comigo?
Ao que ele respondeu com outra pergunta: quem manda ser bonita?
Compreendeu, assim, que aquilo tinha a ver com a beleza, portanto, não podia ser errado.
Depois de esclarecida a sua dúvida: permitiu.
Ele, então, chupava-lhe os peitos, metia as mãos por entre suas pernas ou por dentro da calça jeans. E ela sentia-se molhada, tremendo, feliz.
E no caminho de volta para casa, sempre no mesmo beco, sempre a mesma entrega: os dois como que com fome, as carnes a tremer, as bocas gemendo baixinho, os líquidos, os odores.
E depois: a sempre moleza.
Ela com o pescoço vermelho. Ele, como que crescia e virava dono do mundo, das coisas.
Quando ele levou sua mão para entre as pernas dele, ela estranhou.
Sabia por intuição feminina que aquilo sim era proibido. Não tinha nada a ver com beleza: era o sexo do homem.
Temeu. Via o rosto da mãe, ouvia os cosnelhos das mulheres e, ainda assim, queria pegar-lhe o pau.
Aquele era o seu primeiro amor: o que lhe causara estremecimentos no corpo. Mas, pegar-lhe o pau, apesar do desejo, era tabu.
Aceitou o acordo e tocou-lhe por cima das calças.
Agora era  só ele entregue a ela.
Ela o via como que possesso. Olhos revirando. Boca na iminência de babar. Ele a tremer, a jorrar líquidos que lhe umedeciam as calças. Ele a estar mole, mole até das idéias em suas mãos.
A aprendizagem era lenta,d emorada, cúmplice.
Primeiro os dois juntos, depois só ela e agora só ele.
Os sustos e as superações de cada etapa. E desse jeito, eles deixavam de ser crianças. Ainda que escondidos, no beco.
As lições aprofundaram-se, porém não ultrapassaram as etapas iniciais: intensificaram-se a ponto de descobrirem nomes como masturbação e orgasmo.
Distanciaram-se com um tempo mínimo após a descoberta dos nomes.Essa sim insuportável.
Descobrir, nesse caso, foi como perder a inocência e a graça do acontecimento ou, quems abe, foi como o sinal de tarefa cumprida.
Muito tempo depois, eles ainda lembra-se dos rostos um do outro, dos nomes um do outro, dos tremores de ambos e do cheiro que tinham.
Um cheiro de café-com-leite. Gostoso de lembrar.

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