quarta-feira, 7 de julho de 2010

Brindando uma taça de vinho suave que, dentro da garganta, desce como água ardente.

I

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

(Júbilo, memória, noviciado da paixão) - Hilda Hilst

Um comentário: