quarta-feira, 2 de junho de 2010

Violette Leduc


Acho uma pena termos traduzidos aqui no Brasil apenas dois livros de Violette: A bastarda (encontrado apenas em sebos) e Teresa e Isabel (encontrado ainda em livrarias - onde comprei o meu!). Esta narrativa (Teresa e Isabel) compunha a primeira parte de Ravages, romance apresentado às edições Gallimard em 1954. Avaliada como “escandalosa” esta primeira parte foi censurada pela editora. Foi em 1948 que Violette Leduc, animada por Simone de Beauvoir, começou a escrever este texto isolado no qual ela trabalharia por 3 anos — e com o qual desejava descrever o mais precisamente possível as sensações provadas no amor físico (entre duas jovens alunas de colégio interno).

No início dos anos 60, parte de Thérèse et Isabelle surgiu no terceiro capítulo de A Bastarda: Violette Leduc havia eliminado algumas passagens, amainado metáforas, alterado alguns diálogos. O livro, numa versão ainda com diversos cortes foi publicado em 1966. A versão integral só veio a público no ano 2000.


Um trechim de Teresa e Isabel:

Eu fazia-lhe perguntas, exigia silêncio. Nessa ladainha nos queixávamos, nos revelávamos atrizes natas. Nos apertávamos até a sufocação. Nossas mãos tremiam, nossos olhos se fechavam. Parávamos, recomeçávamos. Nossos braços pendiam, nossa pobreza nos maravilhava. Eu modelava seu ombro, queria para ela carícias rústicas, desejava sob minha mão um ombro fremente, uma casca. Ela fechava minha mão, alisava um cascalho. A ternura me cegava. Rosto no rosto, nos dizíamos não. Nos apertávamos pela última vez, uníamos dois troncos de árvore num só, éramos os primeiros e os últimos amantes como somos os primeiros e os últimos mortais quando descobrimos a morte.

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