domingo, 6 de junho de 2010

Grata




Era noite de ontem. A cabeça doía num misto de cansaço e de teimosia (a teimosia: não, não quero dormir. Quero mais do dia, muito mais!). O toque do celular mais parecia um sino badalando enormemente em minha cabeça. Do outro lado: voz sempre rápida, mil e uma colocações por segundo, pergunta pela "máquina de lavar" - nossa piada sexual interna - risos e um ultimato: ligue a TV porque vai passar agora um documentário sobre Os doces bárbaros, tu já viste esse? (era Wesley).
Eu não estava em minha casa e quando liguei a tv estava na segunda parte do documentário.
Para quem queria mais do dia, eu estava conseguindo e parecia criança por dentro de tão feliz.
Num dos intervalos, peguei o celular para ligar para Wesley para agradecer e interagir: o celular havia descarregado. Precisava dos sorrisos gozosos dele, dos de de Jadão idem- era plano meu ligar para ele também.
Precisávamos, por tudo, estarmos juntos assistindo a Os doces bárbaros...
O filme do diretor Jom Tob Azulay me capturou, claro, por conta das músicas tão amadas e tão vividas especialmente junto aos amigos e também por conta dos acontecimentos inusitados. Vide a aglomeração de jornalistas junto a Gilberto Gil após sua (besta) prisão por portar maconha. Gil pedia para ir para casa, para descansar. E os jornalistas-urubus, em cima. Educado e com sotaque forte e cativante, despede-se grato por receber cosnentimento para "falar amanhã". Bonito de se ver. Eu senti, ali, um tom e uma entonação de interior bem conhecida minha.
Mas, impagável mesmo é o sem-noção jornalista a entrevistar Maria Bethânia. Num crescente, a irritação dela chega a um ápice hilário. Parece que o jornalista implora para levar "toco" dela e para aparecer como besta mesmo. Confunde-se entre informações sobre quem lançou quem (ela ao irmão Caetano ou vice-versa), instiga e faz-nos deliciar com respostas dela como: "Ou se é viado ou não se é viado". "Não tá perguntando a minha opinião? É essa. Pronto".
Por tudo, o documentário é bom.
E, eu terminei a noite saudosa de uma época que não vivi, com as têmporas a piscar de dor de cabeça, feliz, cantarolando os doces bárbaros, sempre besta com Gal cantando "Eu te amo" (a música postada), querendo ter estado com Jadão, Weley(s) (os dois) e Tiaguinho e grata. Grata por Wesley PC ter-me chamado para avisar.
E pensando da vida que:
"Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada".

4 comentários:

  1. Grata?
    Eu que te agradeço de coração abertíssimo por teres visto isso!
    O filme é genial, Ninalcira!
    Não somente por documentar aquele espetáculo magnífico com aquelas canções soberbas, mas por me fazer pensar justamente no que eu quero enquanto Jornalista, visto que sinto um certo gozo ao estar agora estudando para me formar neste curso. Não por coincidência, a postagem que fiz sobre este filme, lá no blog da Gomorra, tocava justamente nos pontos que destacaste. Não por coincidência, porque somos IRMÃOS - e sentimos pulsões parecidas diante do que tanta nos atingir igualitariamente.

    Os três momentos que envolvem a imprensa neste filme me deixaram baqueado: aquela entrevista coletiva em que Caetano é acusado de "estar tão doce diante da atual conjuntura política" (Nossa!); a surpreendente gentileza do Gil para com os jornalistas (como ele conseguiu?!); e esta canônica paciência da Maria Bethânia (divina!) diante daquele jornalista demente...

    Caramba, Ninalcira, como este filme mexeu comigo - em mais de um sentido! Precisamos baixá-lo, para reassistirmos a ele de mãos dadas, todos nós, irmanados neste amor que eu confirmo, reitero e ratifico, nesta ordem!

    Amo-vos!

    WPC>

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  2. PS: a pujança e expressividade de Maria Bethânia para sua interpretação de "Um Índio", perto do final, depois daquela entrevista malfadada foi um golpe certeiro da montagem do Jom Tob Azulay.

    E, caramba, o que é Gal Costa? É uma deusa terrena, é soberba!

    Só o Caetano que estava apagadinho, porque o resto do quarteto é DOCE mesmo! Mais doce que o doce de batata-doce e congêneres! Fui dormir contente ontem!

    WPC>

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  3. E sim, "ou se é viado ou não se é viado". Não é tudo a mesma coisa ao final? Fantástica a Maria. A mais politizada de todas ali, a mais inteligente, a mais tocante em sua explicação da religiosidade sem rótulos - se é que se pode comparar pessoas e estabelecer graus de superioridade de uns em relação a outros...

    Quer saber? Este quarteto é 'mara'(como diriam os afetados que homenageaste numa postagem anterior - risos). Logo, eu ADOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORO também! Ouvi o CD sem parar ontem... Eu e minha mãe cantando o "Viva São João" deles várias e várias vezes, ela dançando com noss acadelinha Zhang-Ke. Foi mágico!

    Grato estou eu, visse?
    Beijo eterno!

    WPC>

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  4. http://gomorra69.blogspot.com/2010/06/foi-o-proprio-medico-que-recomendou-que.html

    Faço minhas as tuas palavras apaixonadas!
    Te amo, Ninalcira. Pura e simplesmente - com tudo o que isto implica (risos)

    E viva a "máquina de lavar"!

    WPC>

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