terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Inútil ou não, me faz matar demônios e, inevitavelmente, criar outros tantos.

Sobre o ser e uma outra consciência

O ser É, definitivamente, o instante em que deixa de “existir” e renasce instantaneamente. Constitui-se afinal. Pensando desse modo, dá-se a impressão, mas só a impressão, de que o ser é o passado, mas não. Há, sobretudo, uma ânsia pelo por vir. E é nesse período velocíssimo do instante da morte-nascimento do complexo “organismo” do ser que surge uma espécie de buraco negro que suga o por vir, matando-o e, instantaneamente, fazendo-o nascer. É quando nasce-morre o por vir que morre-nasce o ser, ou a sua plena constituição. O ser É o instante. O ser confunde-se com o tempo, que parece não existir, mas que se mostra implacavelmente presente.

Levo em consideração todas as forças que afetam o ser mesmo antes de tornar-se “indivíduo racional”, mas quando percebe a si mesmo, primitivamente. Porque, muito antes da percepção racional de si próprio, há forças (no universo de infinitas forças) que acionam os caminhos e descaminhos (tudo isso pela obra pura do acaso) dos infindáveis instantes futuros do ser que ainda está por vir, e do ser que ainda está por perceber-se a si mesmo (não me refiro, pelo menos aqui, a dois tipos de seres, mas a dois tipos de consciência do ser). A percepção anterior mencionada não é a percepção da consciência racional, mas a de uma consciência primitiva, anterior à consciência racional ou humana.

O ser passa a ser então uma das infinitas forças que o afetam. É quando passa a afetar-se a si mesmo que, em minha opinião, o ser se torna indivíduo. Creio que indivíduo é aquele que exerce força sobre si e sua existência, de um modo “primitivo” ou racional. Para ser mais claro: a pedra sofre ação de forças, o pássaro exerce força instintivamente ou não-racional ou menos racional (impossível é conhecer inteiramente a sua mente), além de sofrer ação de forças do ambiente; o ser humano sofre ação das forças do ambiente e, na maior parte do tempo, aquele que goza da plena racionalidade, exerce força de um modo racional.

O ser consciente, “primitiva” ou “racionalmente” também exerce força. Ambos, repito, em minha opinião, são indivíduos. O ser é força e instante. A medida do instante é a medida de sua consumação, a consumação do ser. O ser se consome e é consumido, porque ele é força que se afeta e que é afetada no período velocíssimo do instante. Enquanto vive, o “ser-indivíduo” se consome na ânsia de viver.

Talvez o que chamo de consciência primitiva, ou percepção anterior esteja sendo chamada por aí de consciência da física ou simplesmente física, ou biológica, ou ainda caótica. O que creio, e creio piamente, é que ela é magnificamente poderosa e, sobretudo, que nossa consciência racional é nada além de um braço de sua infinita extensão.

Um comentário:

  1. Debatemos esse tema no domingo passado e confesso que para mim, pobre sociólogo, essa questão ainda suscita dúvidas e dá um nó danado em minha cabeça! Novidade né?! (risos)

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