domingo, 19 de dezembro de 2010

Esse meu gosto

Esse meu gosto apareceu no velório de minha priminha. Morreu de meningite. Tinha dez anos, uma pele linda, alvinha, parecia até ser de porcelana. Olhinhos verdes puxando pro mel. Estavam entreabertos, meio tortos. Dentro do caixão, vestida de noivinha, ela nunca saberia o que foi capaz de despertar em mim. Na época tinha eu 13 anos, e não achava nada daquilo, se certo, se errado, se fora do paradigma da moral. Eu queria era beijar a boquinha dela, lamber os olhinhos enviesados e chupar a xerequinha ainda fresca. Na mesma semana morreu D. Zilda. Eu fui ver já excitado, eu lembro. Meu pinto quase pueril duro e todo molhado não baixava de jeito nenhum. D. Zilda inchava inanimada. Coberta de flores brancas, meio acinzentadas. Sem graça, sem vida. Mas ainda assim, à noite, imaginei comendo a velha. Papai-e-mamãe no caixão. Pernas para fora, arreganhadas. Não tinha, na época, malícia alguma. Era isso ou oral. Mas oral em D. Zilda não dava. Embora tivesse morrido há algumas poucas horas, a xereca não estava fresca nenhum pouco. D. Zilda, disse minha mãe, tinha 71 anos.

Até aí, não me dava problemas esse meu gosto. E também, ninguém conhecido morria pra eu filar o defunto. Fiquei anos gozando por gozar em cus e vaginas latejantes. Eu não gostava, fazia porque sobreviver é preciso. Houve um tempo em que eu já não suportava mais. Eu já tinha aí uns 27 anos. Conversei direitinho com Seu Geraldo, o único coveiro do cemitério Santa Cruz, pra facilitar pra mim a entrada durante a madrugada. Cinquenta reais por cadáver de moça falada, de rapazinho, 40, 00. De virgenzinha, o filha da puta se ligou no meu tesão, cobrava 100,00, 150,00, às vezes, quando vinha vestida de noivinha de Cristo. Se loirinha, olhinhos claros, 200,00. Quando Seu Geraldo faleceu, eu já tinha pegado as manhas dos horários, a entrada certa. Deus tape suas ouças, mas eu comi o cu dele. Amaciado, bem que eu desconfiava. Mas as coisas ficaram difíceis depois que ele se foi. O coveiro novo não quis nem papo comigo. O cara era evangélico e ainda pediu à polícia que fizesse ronda a madrugada toda. E aí, “mente vazia, oficina do diabo”. Comprei a Enrique, filho de Seu Geraldo, o “trinta e oito” do pai. O rapaz viciado em crack quis vender até o parreco. Mas cu de macho, vivo, não me atrai.

Todo dia, o São Gonçalo soltava a gurizada ao meio-dia. Soninha só saía às 12:30, ajudando a professora, creio eu. Soninha trazia no tornozelo uma fitinha do Senhor do Bomfim. Verde-cana. A pele da menina de tão clara, dava pra ver as veias do rosto. Era filha dos meus vizinhos da frente. Ela já me conhecia de vista. Esperei para dar carona, aproveitei a rua vazia. Até então, vivinha, Soninha não me dava tesão. O que me causava excitação era imaginá-la do meu jeito. A convidei para um sorvete, ela aceitou feliz. Logo saímos porque já estava ficando tarde, ela avisou. Mas eu desviei o caminho dizendo que ia pegar alguma coisa na casa de um conhecido. Na estrada deserta, agarrei o pescoço de Soninha. Foi rápido, ela não teve tempo nem pra um susto. Gastei dinheiro com revólver à toa. Também, com certeza, não ia saber usar. A menina ficou toda molinha. Esperei a madrugada e a levei pra casa. Na época era solteiro, morava sozinho. E eu já tinha aí uns 34 anos. Entrei pela garagem dos fundos com Soninha deitada no banco de trás. Estendi o corpinho no chão da cozinha, arregalei bem os olhinhos. Ela era linda, olhos azuis bem vivos, boquinha cor-de-rosa. Abri bem as perninhas e lambi e chupei até última gota dos resquícios de urina que ainda restavam. Na casa da frente, as pessoas falavam alto. Eu ouvi pisadas apressadas a madrugada inteira. Foi assim durante toda a semana.

Abri logo buraco no quartinho dos fundos e a coloquei dentro, cobri com plástico. Por três noites eu o destampei, era minha esposinha me esperando. Foi quando, na terceira noite, a danadinha despertou em mim nova fissura. O cheiro de Soninha me inebriava. A menina apodreceu. E, juntando o últil ao agradável, para que os vizinhos não desconfiassem, fritei Soninha no azeite. A cada garfada, eu gozava multiplamente.

3 comentários:

  1. esse conto foi escrito por um doce jovem que mora comigo...

    jt

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  2. Valei-me minha nossa senhora dos exercícios literários! VocÊ é macabramente bom em esrever contos assim: rasgantes! Medo!
    BEijos vivos!

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  3. me lembrou aquele extinto blog "contos que sua mamãe não contava pra você dormir".

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