terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ela não era a mesma

Ela não era a mesma. Naquela noite, havia tomado todas, dado ao ermo o prazer. Definitivamente ela não era a mesma. Lembro-me como se fosse hoje da briga que teve com a mãe. “Fique com a porra da tua vida”, dizia ela aos berros. Eu, na minha, calado estava e assim permaneci. Sem derramar uma lágrima fechou o zíper da mala, aquilo me impressionou. Eu esperava no elevador quando bateu a porta com toda a força (ela não tinha tanta) na cara da mãe que repetia apenas, absorta: que Deus lhe ajude! Dentro do elevador, nenhuma palavra, uma lágrima sequer, um gemido. Quando chegamos ao térreo, antecipou-se à minha frente correndo, apressada. Me deixou sozinho. Nem olhou para trás.



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