sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Alérgica

Se eu escrevesse um diário, ontem o meu dia seria assim: dormi.
Acordei super cedo, ontem, com a irritação no pescoço que me perseguia desde a segunda-feira. Acordei decidida a ir na urgência e fui.
Antes de ser atendida estava muito impaciente pois o pescoço ardia, coçava, estava visivelmente vermelho. Era incômodo e incomodada eu estava.
Fui atendida. Fizeram perguntas, hemograma e aplicaram fenergan intramuscular.
Lá mesmo, na enfermaria, fiquei grogue.
Grogue para valer.
Voltei para casa e das onze da manhã às cinco da tarde: dormi.
Tinha textos e mais textos para ler. Tinham os textos da aula de hoje e eu não conseguia ficar de pé.
À noite: dormi. Das sete e quarenta até perto das onze: dormi. Depois, comi e voltei para a cama: dormi.
Hoje pela manhã, não conseguia me levantar: o corpo pesava e eu dormia.
Dez da matina, me levante, tomei banho, parecendo bêbada e vim para a UFS.
Perdi três ônibus que estavam em minha frente porque não conseguia andar rápido. O quarto era um Campus e eu vim sentada: dormindo.
Aqui, acessei Internet para saber a sala onde vou estudar.
Estou com as pálbebras pesadas. 
No ônibus, uma moça me avisou que eu estava intoxicada, vermnelha e que podia ser perfume...alergia  aperfume...
Seja lá o que for: tinha que ser comigo, né?
Vou, agora, para o primeiro tempo da aula. Com sono, mas, vou.
Não posso dormir eternamente. Posso até morrer, mas dormirtar eternamente sem morrer é estranho.
Preciso dar conta de Hannah Arendt, de Raymond Williams, de Ecléa Bosi, de Alina Paim, de Bergson, de Ricouer, de Halbwachs...Isso tudo + fenergan + allegra (o remédio para a alergia) = SONO.
Ah! Mas, hoje, antes de sair de casa, uma coruja pousou em minha janela.
Senti medo, a princípio, medo de ser agouro de morte.
Alguém vai morrer, pensei eu.
E depois: tomara que não. Tomara que seja um bom sinal. Sinal de que vou dar conta dos textos todos por esses dias de fim de semana e de feriado prolongado...
Que seja sinal de que as coisas fiquem bem. Que eu fique bem. Que todos nós fiquemos bem.

"Quanto à escrever: mais vale um cachorro morto", disse Clarice Lispector.

Essa frase-blasé dela era puro blefe, meu Deus? Porque ela também escreveu: "Escrever salva".
Somos todos contraditórios.
E eu com medo de coruja. Medo. Se tô aqui no mundo: é para me lascar mesmo, né não?
Então: nem adianta me dar esses remédios de dormir...
Eu durmo, mas o mundo e a cabeça: giram.

E, parodiando, posso dizer: "Quanto a mim: mais vale um cachorro morto".

Sonolenta. Alérgica.

4 comentários:

  1. O médico da UFS me passou esta tal de Allegra quando me diagnosticou EQUIVOCADAMENTE como "alérgico a papéis"

    Melhoras...

    Belo diário.
    O meu é assim, mas com menos doenças.

    beijo!

    WPC>

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  2. Animais na janela, em cima de muros, nos fios de energia são sempre bons sinais. Eles são mensageiros do bem, entenda. Esperança. Esperança. Esperança.

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  3. E quanto a mim: escrever alivia, arde, desentope, desobstrui, fura, ...etc... etc....abre buracos, escrever só abre... feridas, buracos, fendas vermelhas e amarelas. Pronto, escrever é estranho.

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