Mas não é sobre a paz que pretendo escrever aqui e agora.
Em conversas comigo mesmo sobre tantas coisas, sobre os deuses e os homens, concomitante a algo que me é muito novo, a leitura filosófica, eu percebo em mim um certo desprezo à humanidade, não ódio, mas desprezo. Ainda ontem, na manhã de sábado, nas minhas caminhadas recomendadas, vi no fundo de um carro coisa mais ou menos assim: “Quanto mais conheço os homens, mais gosto do meu cachorro”. Estranha essa frase agora – eu pensei. (É que para mim eventos precisam ser muito bem analisados para depois então chamá-los com total desprezo: coincidência, assim como coisa neutra ou desastrosa)
Por indicação de um amigo muito querido estou por terminar a leitura de “A arte de conhecer a si mesmo”, uma organização de textos íntimos de Schopenhauer. Tamanha foi a identificação que quase a termino na primeira hora de meu despertar nessa manhã de domingo.
Saudavelmente misantropo, assim se define o filósofo. Desprezar os homens, mas não os odiar. Mas não é um ensinamento, foi apenas, creio eu, um modo que ele encontrou para obter suas revelações filosóficas. É, portanto, a leitura de um diário o que estou fazendo.
O então jovem Schopenhauer decidiu contrariar o que ele chamava de inclinação natural à sociabilidade. Citou em seu diário uma regra de Gracián: “ evitar demasiada intimidade no trato”. E ainda: de William Shenstone “Virtudes, assim como essências, perdem sua fragrância quando são expostas. São plantas sensíveis que não suportam o contato demasiado íntimo.”
Bem, é a sinceridade de um filósofo, longe de mim discutí-la.
Nada sei de sua filosofia e de muitas outras, talvez meus amigos filósofos possam me ajudar em descobertas. E não pretendo seguir o que ele escreveu no diário, especialmente porque o fez para si e não como coisa de todos ou ensinamentos. E também porque não costumo seguir mesmo muita coisa. Apenas me senti parecido. Ao menos, momentaneamente parecido.
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