quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O olho

Olhava-o. Pegara essa mania não de repente, mas com vagar.
Olhava-o como que para olhar para si mesma.
Olhava-o mansamente, com doçura. E sempre.
Não compreendia como podia sentir tanto, saber tanto. Só de olhá-lo.
Já o havia decorado em sua fisionomia e em seus gestos. Sabia agora descobrir-lhe os mais escondidos segredos.
Nem sempre falava sobre. Não para não assustá-lo e mais para fingir que não entrara em sua intimidade mais funda.
Soube do feio. Do cruel. Tocou o vil dele. Em segredo.
Dizia para si: descobri, descobri.


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