quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Guardiã


Meu corpo é molinho,

Anteninhas na cabeça,

Olha lá a mulher, lá vem com as lamúrias

E o troço encardido.

É um nojo que me dá,

Que me franze o corpo,

E retorce a minha cara.

Se me visse, um tapão com sandalha.

Sei me esconder pendurada no vazio, presa à solidão.

Sabe uma barata de banheiro,

Das que carregam nas costas todos os desejos de morte desse mundo?

O cheiro de banheiro...

De latrina e virilha?

Ácido, fresco e cortante,

De fluidos encardidos. De sebo.

Sou barata e não esqueço.

Um fedor insuportável de urina. De beira de vagina.

De cu. De merda.

De parto e placenta.

De ódio. De feto.

De cabelo suado, de veneno

E de lavanda. É uma agonia.

Ah, essa mulher...

De buraco escancarado entre as pernas,

Vezenquando entorna sangue, quase sempre o lodo.


T.

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