terça-feira, 25 de maio de 2010

Um poquito de filosofia


Acerca da teologia da história

Toda a história da filosofia deve muito a filosofia primeira, a saber, Parmênedes, Heráclito, Platão e Aristóteles. O pensamento posterior é um diálogo contínuo e descontínuo com eles. No período medieval, que muitos gostam de escarnecer, surge um dos chamados doutores da igreja católica e um dos mais celebres e inventivos filósofos: Agostinho de Hipona ou Santo agostinho para os crentes. Agostinho sistematizou pela primeira vez a doutrina paulina, fundamentando filosoficamente e teologicamente a Sagrada Escritura. Tal sistema filosófico, proposto por Agostinho, mergulha no platonismo e retira de lá subsídios necessários à sua filosofia. Porém o diálogo sempre vai dar vazão a rupturas e ou atualizações que vão constituir a originalidade de seu pensamento. Talvez a maior originalidade de Agostinho, tenha sido a sua reflexão sobre o tempo, abarcando tanto o tempo psicológico como o histórico.
Par os gregos, a figura de Chronos representava a melhor medida, a circular. Desta maneira, a ideia de um tempo cíclico surgia da relação com a natureza e no conflito entre os contrários, quente(verão) e frio(inverno), claro(dia) e o escuro(noite), era o movimento cíclico que garantia a ideia de justiça entre os opostos. O tempo (Chonos) colocava tudo em seu devido lugar. Quando pensamos, por exemplo, no mito da caverna , há uma ordem circular: o escravo que se liberta das correntes e depois de contemplar a luz da sabedoria, volta novamente para a caverna. Corrupção e geração são princípios que norteavam o pensamento grego, não havia perspectiva futuras, mas, começo e fim. Sempre existiu o mundo e o universo, não havia ideia de criação. A sucessão dos fatos de dava de forma circular, de forma que os fatos e acontecimentos não tinhão um sentido singular, pois tais acontecimentos se sucederiam novamente. Com o surgimento do cristianismo abre-se a prerrogativa de um futuro esperado, uma teleologia que orienta o homem a um objetivo final, um sentido final para a humanidade, surge então a ideia de um tempo linear.
Para Agostinho Deus criou o céu, a terra e todas outras coisas, não há criatura alguma que exista por si só e Ele o fez pela palavra. Foi o verbo de Deus que deu forma a todas as coisas, com efeito, foi do nada que Deus criou o homem. Com a queda do homem, ou seja, com a entrada do pecado no mundo o homem passou a sofrer. Deus eterno, de infinita bondade e que tudo pode, incarnou no tempo. Jesus Cristo surge como a boa nova e anuncia que no futuro haverá a redenção. Sendo assim , Agostinho pensa acerca do tempo. Para ele, o passado não existe e o futuro ainda não existe, quanto ao presente este não tem duração é instantâneo, pois passa rapidamente do futuro para o passado, confere um estatuto ontológico apenas ao presente. Desta forma, ele propõe uma nova terminologia: o presente das coisas passadas, o presente das coisas presentes e o presente das coisas futuras. Assim o que sentimos no espirito é uma distensão, uma lembrança do passado, a atenção no presente e a expectação no futuro, ou seja, a atenção está sempre no presente e por ela passa o futuro que se torna passado. A impressão é sempre psicológica. É o espirito que afetado pelo tempo mede a sucessão dos fatos, é o espirito que se posiciona no passado, no presente e no futuro. Temos então, uma teoria do tempo psicológico. E é essa noção de tempo que vai permitir se pensar a ideia de tempo histórico.
Portanto, é possível, com agostinho pensar a ideia de uma teologia da história na qual o passado representa a queda, o pecado do homem; o presente é a peregrinação de um povo em busca da promessa; e o futuro se concretizara o plano salvífico, no qual a promessa de Deus se realizará. A teologia da história em agostinho é substanciada pelo critério de autoridade da Sagrada Escritura, pois, Deus Criou o homem e estabeleceu toda a sua trajetória no mundo. Não há a ideia cíclica como havia entre os gregos, mas a de um tempo linear onde se instaurara a promessa da redenção, estabelecida pela providencia. Também não há progresso do homem, pois este não pode progredir no pecado. O fim ultimo do homem eleito é a cidade Deus. Onde não haverá sofrimento, nem corrupção.

JT.

Um comentário:

  1. Foi o que caiu na prova, foi?
    O tom do texto está mais auto-afirmativo do que necessariamente publicizado - Gosto de Agostinho. Preciso mais dele!

    WPC>

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