Pintava a boca de vermelho carmim. Vestia mini-saia preta, colada. Calçava botas pretas de canos altos. Nos olhos, negros traços realçavam o esmeralda dos olhos que carregava sem muitas interrogações.
Soltava os cabelos, jogava sobre si um sobretudo e saía.
Maravilhosamente.
Caminhava pelas ruas, nas esquinas. Na lua cheia, olhava sempre o céu com suas estrelinhas. E ouvia as buzinas.
Nos quartos, nas horas de trabalho: performance e nada de prazer.
Voltava todas as noties por caminhos diferentes. Uma antiga mania sua.
Já não havia baton. Lavara o rosto em um banheiro público. Só as roupas e as botas.
Às vezes parava em uma lanchonete. Comia sanduíches e bebia sucos.
Dormia saciada e cansada.
Naquela madrugada, ao sair da lanchonete, dobrara a esquina, era lua cheia, olhava as estrelinhas no céu, sorria e, distraidamente, topara-se com um homem. Bêbado.
Olharam-se longamente em silêncio.
Depois seguiram.
Ela fechou a porta atrás de si. Andou pela casa. Olhou-se no espelho e notou uma interrogação no olhar...
(Nina Sampaio)
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